domingo, 24 de setembro de 2017

A importância da paciência


"A paciência nos dá autocontrole, capacidade para parar e usufruir mais plenamente o momento presente. A partir daí, nos tornamos capazes de fazer escolhas sábias" - M.J.Ryan

Recentemente, cheguei de uma viagem do Chile, onde conheci vários lugares bonitos e interessantes.
Em Santiago, o trânsito é intenso. Alguns motoristas chegam ao estresse extremo: buzinam, xingam, fazem gestos grosseiros, ou seja, é uma impaciência por parte de alguns. Porém, de outros havia muita paciência para lidar com aquela situação delicada. Vai de cada um deixar ou não se envolver por aquela batalha de nervos e por um espaço que cada um julga ser seu.
No livro O Poder da Paciência, a autora M. J. Ryan escreve que "Não é que as pessoas não tenham justificativas; há uma relação direta com o nível de engarrafamento nas ruas e o nível de agressividade dos motoristas. Mas há um outro motivo para a fúria no trânsito estar se tornando tão comum: ela é uma forma disfarçada de descontar nossas frustrações em relação a outras coisas."
Deixamos que as pequenas coisas se tornem grandes e, consequentemente, em determinado momento, isso vem à tona e, na maioria das vezes, de forma agressiva e violenta.
O trânsito ainda é um dos melhores lugares para praticarmos a paciência, afinal, depende de nós entrarmos nesta sintonia de guerrear ou de ouvir um CD com músicas tranquilas ou um audiobook de conteúdo edificante. É um momento que também pode ser de relaxamento e aprendizado.
Nesta vida desenfreada que levamos diariamente, onde a competição é intensa e quem for mais rápido "leva a melhor", acabamos perdendo no meio do caminho o sentido da vida. É como se em determinado momento da vida vislumbrássemos a possibilidade de uma promoção, de estabilidade financeira, de bens materiais, da oportunidade dos sonhos... Nada disto é condenável, porém, existe um momento para tudo e acabamos "pulando"etapas importantes pela falta de paciência.
Como "tudo é para ontem",deixamos de praticar coisas básicas, como a criação dos filhos, o amor à família, o prazer de sentir a própria respiração ou o ar puro do mar, das montanhas, da natureza, de ver percurso natural do rio como da própria vida, ou seja, não estamos vivendo de forma digna.

Atenção e autocontrole

M.J. Ryan nos esclarece: "A paciência nos dá autocontrole, capacidade para parar e usufruir mais plenamente o momento presente. A partir daí, nos tornamos capazes de fazer escolhas sábias. A paciência nos ajuda a ser mais amáveis com  os outros, mais confiantes nas circunstâncias de nossas vidas e mais capazes de obter o que queremos. Ela constantemente nos recompensa com os frutos da maturidade e da sabedoria: relacionamentos mais saudáveis, melhor qualidade de trabalho e, sobretudo, maior paz de espírito."
Certa vez, li uma frase de James Freeman Clarke que dizia: " A única verdadeira satisfação é crescermos interiormente o tempo todo, tornando-nos mais justos, generosos, simples, másculos, femininos, gentis, ativos. E tudo isso é possível se fizermos diariamente as tarefas cotidianas da melhor maneira possível. "É a pura verdade, pois hoje vemos as pessoas trabalhando de forma desordenada, reclamando do emprego e do salário, contando os dias para o final de semana ou para o próximo feriado.
Se não mudarmos nossa forma de agir e de pensar, estaremos fadados ao fracasso, pois a intolerância nos leva à impaciência, que nos encaminha para o caos; é um efeito dominó. A partir do momento que aceitamos com paciência aquilo que temos hoje - isto não quer dizer que não devemos lutar para melhorar - , seremos mais felizes, afinal, tudo vem ao seu tempo.
A minha filha, que é enfermeira, reclamava constantemente do seu trabalho, e eu dizia a ela:"Dê o melhor de si, faça o melhor que puder, um dia, a recompensa virá". Ela já está colhendo os frutos das sementes da paciência que semeei em sua mente, mas isto leva tempo, não é da noite para o dia, pois depende da persistência, serenidade e tolerância de cada um.
Muitas vezes, os "freios" para uma vida intensa ou impaciente chegam através de uma doença ou perda de ente querido. É um golpe duro para a maioria, mas é um momento para parar e refletir ou cairemos em um abismo. É neste momento doloroso que precisamos ter fé e refletir sobre o caminho que estamos seguindo. Precisamos fazer perguntas essências para retomarmos o caminho que, por algum motivo, deixou de ser trilhado ou, talvez, seja uma expiação, que precisa de paciência e resignação para entendermos os porquês. Quando temos este entendimento, saímos mais fortes das adversidades da vida.

Aprendizado e caridade

Segundo a doutrina espírita, uma coisa é essencial para o nosso aprimoramento espiritual: a caridade.
O casal Stuart e Linda Macfarlane comungam o seguinte pensamento: "A vida apresenta séries ilimitadas de oportunidades para que se pratique a caridade,não perca nenhuma". O Espiritismo já vem nos alertando neste sentido. Todo final de ano vemos pessoas praticando a caridade material- o que é louvável -, mas a "manutenção" desta caridade tem que ser periódica, o ano todo, pois os necessitados precisam como nós de se alimentar e de se vestir, constantemente. Uma caridade que exige paciência é a de ouvir. Poucos estão dispostos a ouvir os problemas alheios, afinal, cada um já tem a sua cota de infortúnios, mais é neste momento que colocamos em prática a essência da caridade, o amor.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, a espiritualidade de luz nos alerta "Sede pacientes. A paciência também é caridade e deveis praticar a lei de caridade ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade que consiste na esmola dada aos pobres é a mais fácil de todas. Todavia, existe outra muito mais penosa e, por conseguinte, muito mais meritória: a de perdoarmos àqueles que Deus colocou em nosso caminho para serem instrumentos do nosso sofrer e para provarem a nossa paciência". É neste entendimento que nos lapidamos para um crescimento interior sem mágoa ou rancor.
Mas, afinal, a paciência é um dom ou uma virtude? No decorrer das reencarnações vamos desenvolvendo e aprimorando algumas virtudes que, com o tempo, se tornam dons. É natural que algumas pessoas desenvolvam mais ou menos certas qualidades, isso é essencial para nos ajudarmos reciprocamente.
Através da oração pode nos ajudar a sintonizamos com a Espiritualidade Maior. Com a mente tranquila, a intuição fica mais aflorada e, assim, tomaremos a decisão mais assertiva.
E ai? Está pronto para praticar a paciência? Seja paciente consigo mesmo e não tenha medo de recomeçar!
Autoajuda
Por Marco Tulio Michalick