domingo, 30 de junho de 2013

Cordões energéticos

Especial / Por Wanderley Oliveira


Quantas doenças físicas, psicológicas e energéticas são causadas através desse mecanismo que pode, sem dúvida, ser considerado como verdadeira obsessão


Os cordões energéticos, esse tema palpitante, influenciam a vida de todo ser humano. A rigor, causam as mais danosas experiências emocionais e psíquicas, e-o pior - não temos a menor noção disso!

Cordões energéticos muito intensos, envolvendo duas pessoas, são denominados de simbióticos, porque existe uma simbiose, isto é, uma interação, uma troca contínua. Tais cordões são tão consistentes que uma pessoa ligada à outra é capaz de sentir e pensar o que outra está pensando e sentindo. Se os laços afetivos entre essas pessoas for de amor e respeito, esses cordões são fios de ligação saudável e alimentador. Todavia, quando as relações são marcadas por desrespeito, ofensa, rancor e ódio, através de atitudes de desrespeito, temos cordões simbióticos exploratórios que são autênticos processos de vampirismo energético.
As relações que adoeceram por esse parasitismo de energias apresentam alguns dos seguintes quadros emocionais: culpa, medo, submissão, desejo de controle, imposição de autoridade, cobiça sexual, possessividade, ciúme, vingança, insegurança, chantagem profissional, poder, ambição e outros sentimentos e/ ou atitudes com as que determinam a existência de duas posturas no relacionamento: o dominador e o dominado.
Por não sabermos ainda respeitar a liberdade dos outros, em nome do amor ou de algum interesse que movimenta a relação humana nós invadimos o mundo emocional alheio com frequência. Raros são aqueles que escapam de uma das mais ilusórias armadilhas da convivência, que é a loucura que cometemos de supor que sabemos o que é melhor para as pessoas, especialmente daquelas que dizemos amar.
Com base nesse princípio, costumamos destruir ou adoecer as mais caras afeições, romper com velhas amizades, interromper ótimas oportunidades profissionais e intoxicar a convivência de nossos grupos sociais.


Obsessões


Em nossas atividades de tratamento espiritual no centro espírita, os espíritos têm explicado e demonstrado como é determinante a presença dos cordões energéticos na vida de todos nós. Quantas doenças físicas, psicológicas e energéticas são causadas através desse mecanismo que pode, sem dúvida, ser considerado como verdadeira obsessão de encarnados para encarnados.
Nesses atendimentos que temos realizado sob supervisão dos amigos espirituais, são muitos os casos nos quais a presença de espíritos obsessores desencarnados nada mais é do que puro efeito das relações destrutivas e/ou exploratórias entre encarnados. Passamos então a estudar o tema cordões energéticos com mais atenção e nos surpreendemos em saber que de dez casos atendidos, pelo menos sete apresentam componentes de simbiose energética entre "humanos", sem qualquer influência de desencarnados na estória. São relações afetivas desgastadas, vínculos familiares de domínio, convivência tomada pela culpa, carências preenchidas com manipulação e tantos outros dramas da convivência humana.
Aprendemos, ainda, quais são os principais chacras afetados pelos cordões, que coloração apresentam conforme o sentimento predominante, como desobstruir os principais chacras afetados com esse vampirismo energético, que técnicas usar para reverter o cordão em favor das pessoas imantadas, e, o mais importante: que orientações de reeducação emocional o paciente deve se comprometer para não permitir o retorno da situação.
Essa atividade tem sido um laboratório de vivências interessantes e ricas. As pessoas querem sempre encontrar a presença de uma entidade ou energia ruim em suas vidas, atribuindo isso à responsabilidade alheia. Todavia, o que temos observado é que os casos de cordões energéticos destrutivos, nascidos na forma de conviver entre pessoas que querem bem e não estão devidamente orientadas para saber como construir esse bem legítimo, estão muito mais presentes do que imaginamos. Tem muita ilusão sendo confundida com amor. Tem muito egoísmo sendo chamado de ajuda.
Há quem pense que oração e reforma íntima são suficientes para eliminar essa teia vibratória que se entranha nos corpos sutis. A coisa não é bem assim tão simples quanto parece. Inquestionavelmente, a oração e a renovação são remédios curativos, mas saber como aplicá-los é a questão. Como orar para limpar a toxicidade que nos envolve? Que mudanças de reeducação emocional desenvolver e como desenvolvê-las para trabalhar na raiz do problema de laços vibratórios parasitários?
Aliás, conhecemos casos nos quais até mesmo a oração feita por uma pessoa para outra, com a qual tenha algum cordão destrutivo, pode ser um processo mental de alimentação do cordão. Portanto, por incrível que pareça, já tivemos, em certos casos, de recomendar a suspensão desse tipo de movimento mental.


Gerando doenças

Sob a perspectiva dos cordões, podemos compreender diversos casos de doenças e suas comorbidades na estrutura psíquica e orgânica da criatura. Não precisamos de nenhuma entidade espiritual influindo na nossa vida mental para que os sintomas de uma obsessão clássica se apresentem.

Basta uma mágoa crônica, um ciúme neurótico, uma revolta que não se extingue, uma inveja dominante, uma fixação dos pensamentos em algo, enfim, qualquer conduta doentia que seja o alimento habitual de uma relação de encarnado para encarnado será o alicerce de uma vinculação patológica.
No livro Quem Perdoa Liberta, Editora Dufaux, José Mario, o autor espiritual da obra, relata uma importante conexão entre cordões energéticos e depressão por parasitismo, fazendo um estudo sóbrio na história de alguns dos personagens encarnados do enredo. É um material muito vasto para o estudo, reflexão, pesquisa e diálogo.
Quantas vezes afirmamos sobre a influência dos espíritos sobre a nossa vida focando apenas os desencarnados e, em verdade, ignoramos que essa influência ocorre, até mesmo em maior proporção, de espíritos encarnados para encarnados.
Kardec, a seu tempo, já havia se ocupado do assunto com uma sábia pergunta e uma profunda resposta dos guias, deixando entrever o tema cordões energéticos, na questão 388, de O Livros dos Espíritos:
"Os encontros, que costumam dar-se, de alguma pessoas e que comumente se atribuem ao acaso, não serão efeito de uma certa relação de simpatia?
"Entre os seres pensantes há ligação que ainda não conheceis. O magnetismo é o piloto desta ciência, que mais tarde compreendereis melhor."


Wanderley Oliveira é Terapeuta Holístico,
tem 18 livros psicografados e é
palestrante espírita natural de
Belo Horizonte.


quinta-feira, 20 de junho de 2013

Psicografia


O que ocorre no cérebro?

Em entrevista exclusiva, Dr.Julio Peres fala sobre sua mais recente pesquisa científica, que demonstra que áreas ligadas à criatividade e planejamento são muito pouco ativadas durante a atividade mediúnica

Matéria de capa / Entrevista por Victor Rebelo

Doutor Julio Peres é psicólogo clínico e Doutor em Neuro-ciências e Comportamento pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Fez Pós-doutorado no Center for Spirituality and the Mind, University of Pennsylvania e na Radiologia Clínica-Diagnóstico de Imagem pela UNIFESP.
A seguir, acompanhe a entrevista exclusiva sobre seu mais recente estudo científico, envolvendo a mediunidade.

Doutor, qual foi o objetivo da pesquisa?
Dr.Julio Peres - Verificar as possíveis mudanças no fluxo sanguíneo cerebral durante a psicografia, em comparação com a escrita de um texto original (sem transe mediúnico) sobre um tema similar ao que o médium tem o hábito de psicografar.

Quais foram as instituições e os grupos que desenvolveram essa pesquisa?
Pesquisadores do Instituto de Psiquiatria-IPq-do HCFMUSP, Universidade Federal de Juiz de Fora, Universidade Pensilvânia e Universidade Thomas Jefferson estiveram envolvidos no estudo.

Que método foi utilizado?
Você usaram que tipo de equipamento?
Utilizamos o método de neuroimagem funcional SPECT (Single Photon Emission Computed Tomography) ou Tomografia Computadorizada de Emissão de Fóton Único.

Em entrevista à rádio CBN, o senhor afirmou que foi constatado que as áreas do cérebro responsáveis pela criatividade tiveram menor atividade durante a psicografia, no entanto, a complexidade dos textos psicografados era superior a dos escritos em estado de vigília. 

O senhor poderia falar mais sobre isso, para nossos leitores, por favor?
As amostras de escrita produzidas foram analisadas e verificou-se que os textos psicografados foram mais complexos que os conteúdos produzidos no estado normal de vigília. Os conteúdos gerados durante as psicografias envolveram princípios éticos/espirituais e a importância da união entre ciência e espiritualidade.
Em particular, os médiuns mais experientes apresentaram escores significativamente mais elevados de complexidade, o que normalmente exigiria mais atividade nos lobos frontais e temporais, e este não foi o caso. As áreas relacionadas ao planejamento mostraram menor atividade. Em outras palavras, durante a psicografia, os cérebros ativaram menos as áreas relacionadas ao planejamento e à criatividade, embora tenham sido produzidos textos mais complexos do que aqueles escritos sem "interferência espiritual".
A despeito deste achado ter sido inesperado para corrente central da Ciência, o mesmo é compatível com a hipótese que os médiuns afirmam: a de que o texto escrito por eles pode ser de autoria do espírito comunicante, portanto, de outra inteligência.

Quem fez e como foi feita a comparação? Quais os critérios adotados?
Foi avaliada a complexidade da estrutura narrativa das psicografias em relação à escrita, controle no que diz respeito, por exemplo, à utilização de sujeito, verbo, predicado, capacidade de produção de texto legível e compreensível.

Ainda na entrevista à CBN, o senhor afirmou que o texto que eles escreveram era semelhante ao tipo de texto que eles estão habituados a psicografar... isso seria um "pareamento de tarefas". Explique melhor, por favor.
Sim. A condição alvo e a condição controle foram pareadas de maneira que a subtração entre as duas condições resultou no diferencial mediunidade, objeto de nosso estudo.

Cientificamente falando, dá para se chegar a que conclusão?
Várias hipóteses foram consideradas. Uma delas é que como a atividade do lobo frontal diminui, as áreas do cérebro relacionadas à criatividade estão mais desinibidas (o que ocorre com o uso de álcool ou de drogas). De uma maneira semelhante, o desempenho na meditação e na improvisação musical estão associados com níveis mais baixos de atividade cerebral, que pode favorecer o relaxamento e a criatividade respectivamente. Porém, é importante notar que o consumo de álcool/drogas, a meditação e a improvisação musical são estados bastante peculiares e distintos da psicografia, portanto, não comparáveis diretamente com a expressão literária mediúnica.Os médiuns referem que "a autoria dos textos psicografados foi dos espíritos comunicantes e não pode ser atribuída a seus próprios cérebros", sendo assim esta hipótese plausível.
O presente estudo é a primeira investigação mundial sobre mediunidade com metodologia de neuroimagem. Devemos ter tranquilidade numa fase embrionária de pesquisa neste campo. Embora o motivo exato dos presentes resultados não seja conclusivo neste momento, esta primeira avaliação neurocientífica fornece dados interessantes sobre estados dissociativos mediúnicos alinhados à compreensão da mente e sua relação com o cérebro, e estes achados merecem futuras investigações, tanto em termos de replicação quanto de hipóteses explicativas.

Para os espíritas, esse resultado seria uma evidência da interferência de um espírito...
Não posso tirar conclusões pelos espíritas ou qualquer grupo, cético ou religioso. Meu objetivo como investigador é conduzir estudos com rigor científico, apresentar os resultados e possíveis discussões relacionadas aos achados para que a compreensão sobre o tema possa realmente avançar sem preconceitos.

Como foi feita a escolha dos médiuns? Quantos participaram?
Entre mais de 170 entrevistas, foram selecionados dez médiuns brasileiros com 15 a 47 anos de experiência mediúnica e aproximadamente 18 psicografias por mês, destros e com plena saúde mental.

Este estudo específico que vocês realizaram é o primeiro. Existem outros estudos nessa área que possam colaborar para que a Ciência chegue a uma conclusão? Quais?
Novos estudos estão em nossa agenda.O próximo envolverá neuroimagem de médiuns pictógrafos. Estamos selecionando 20 voluntários médiuns pictógrafos (médiuns pintores) para um novo estudo com neuroimagem em meados de 2013. Solicito que os médiuns com consistente experiência nesta área entrem em contato comigo pelo e-mail contato@julioperes.com.br (Assunto: Estudo Mediunidade Pictográfica) para que eu possa entrevistá-los.

Esse tipo de estudo pode trazer quais contribuições à psiquiatria e psicologia?
Os "ingredientes dinâmicos" que constituem a personalidade-e fazem de uma pessoa um ser único -não foram até agora encontrados pela Ciência. A natureza humana é um relevante e essencial objeto de estudo para todos os profissionais que trabalham no campo da cura da dor psíquica em sua miríade de expressões.
A compreensão da etiologia do sofrimento humano será, esperançosamente em um futuro próximo, alinhada a uma terapia eficaz. Considero que mais pesquisas devem abordar critérios de distinção entre as expressões dissociativas saudáveis e patológicas no âmbito da mediunidade.
O estudo "Neuroimagem durante o estado de transe: uma contribuição ao estudo da dissociação" foi publicado recentemente pela PLOS ONE, prestigioso periódico científico de acesso público gratuito. Procure na seção de artigos do site: www.plosone.org.

Dr.Julio Peres é psicólogo clínico com 22 anos de experiência em consultório particular, especializado em distúrbios como ansiedade, fobia, síndrome do pânico, trauma e estresse pós-traumático e depressão.

Variedade de médiuns escreventes

"191. 1*- Segundo o modo de execução:

Médiuns escreventes ou psicógrafos: os que têm a faculdade de escrever por si mesmos sob a influência dos Espíritos.
Médiuns escreventes mecânicos: aqueles cuja mão recebe um impulso involuntário e que nenhuma consciência têm do que escrevem. Muito raros. (N* 179).
Médiuns semimecânicos: aqueles cuja mão se move involuntariamente, mas que têm, instantaneamente, consciência das palavras ou das frases, à medida que escrevem.
São os mais comuns. (N*181.)
Médiuns intuitivos: aqueles com quem os Espíritos se comunicam pelo pensamento e cuja mão é conduzida voluntariamente.
Diferem dos médiuns inspirados em que estes últimos não precisam escrever, ao passo que o médium intuitivo escreve o pensamento que lhe é sugerido instantaneamente e provocado.(N*180.)
São muito comuns, mas também muito sujeitos a erro, por não poderem, muitas vezes, discernir o que provém dos Espíritos do que deles próprios emana.[...]"
                                           Trecho do cap.XVI de O Livro dos Médiuns. Allan Kardec

terça-feira, 11 de junho de 2013

Equilíbrio Mediúnico


Mediunidade / Por Maísa Intelisano

Não basta cuidar da mediunidade; é preciso cuidar do médium, da pessoa, do seu reequilíbrio, e não podemos ignorar que é no "Kit" pensamento/emoção que se assenta a mediunidade

Por mais amor que sintamos por todos os seres humanos, nunca poderemos ajudá-los efetivamente se antes não ajudarmos a nós mesmos, equilibrando-nos, fortalecendo-nos, colocando-nos sobre os próprios pés, acreditando em nós mesmos, em nossa força, em nosso poder e em nossa capacidade de auto-controle.
De nada adianta amarmos as pessoas e querermos ajudá-las se não formos capazes de nos mantermos lúcidos e firmes quando vemos, ouvimos ou percebemos os seus problemas. O que aconteceria se os médicos não usassem máscaras, aventais e luvas para atender os pacientes com doenças contagiosas, e ainda desmaiassem a cada corte ou mancha de sangue que vissem? Também ficariam doentes e, em vez de ajudar a tratar os doentes, diminuindo o seu número, seriam mais doentes a precisar de tratamento. Dá para imaginar a confusão?
Com a mediunidade é a mesma coisa. De nada adianta um médium que percebe tudo, capta tudo e sente tudo, se ele não souber manter uma boa sintonia, se ele não se mantiver sempre alerta e equilibrado, coberto de luz, de bons pensamentos, de bons sentimentos, livre de preconceitos, cheio de confiança, de boa autoestima, de firmeza, de fé em si mesmo e nos seus protetores espirituais, apoiado no seu conhecimento e nos seus estudos, sempre atualizados e constantes. E esse é um trabalho que ninguém pode fazer pelo médium; só ele mesmo pode fazer por si.

Esforço e lazer
Assim como ninguém pode ir à faculdade, ao estágio e à residência pelo médico iniciante, ninguém pode estudar, treinar e se preparar para o trabalho mediúnico pelo próprio médium. Há uma parte muito importante de todo o processo que depende só dele. E essa parte demanda esforço, coragem, força, iniciativa, interesse, vontade, determinação, firmeza, maturidade, equilíbrio, disposição e seriedade, que todos nós temos ou somos plenamente capazes de alcançar!
Entendendo que todo o processo mediúnico passa pela nossa parte psíquica, vemos o quanto é importante também mantermos uma saúde mental e psicológica em dia. Ou seja, alegria de viver, interesse pela vida, otimismo, autoconfiança, interesse em crescer e aprender coisas novas, conhecer pessoas novas, estudar, trabalhar, namorar, etc. Levar, enfim, uma vida normal e saudável.
Divertimento e lazer também fazem parte da nossa saúde mental. Todos precisamos de momentos de lazer, em que possamos relaxar e fazer aquilo que gostamos. Por isso, devemos procurar ouvir músicas que apreciamos, participar de atividades que nos dão prazer, ler também livros que nos interessam, só por prazer. Tudo isso faz parte do processo. E, ao mesmo tempo, continuarmos com tudo aquilo que possa colaborar com o nosso equilíbrio e bem-estar físico, emocional e espiritual. Mas, com firmeza, participando conscientemente do processo de equilíbrio, para que ele possa ser mais rápido e efetivo.
Maria Aparecida Martins, em seu livro Conexão-Uma nova visão da mediunidade, pela Editora Vida & Consciência, diz algumas coisas que se gosto muito e que os meus alunos me ouvem repetir muito ao longo do meu curso. Ela diz: "Não existe desajuste de mediunidade. O que existe é uma personalidade desajustada. Quando você tem uma manifestação mediúnica em desequilíbrio, saiba que é a personalidade que está desajustada. Cuide do desajuste da personalidade e a mediunidade se ajusta por consequência.
Não basta só cuidar da mediunidade, conhecer temas, promover palestras, dar cursos, frequentar o grupo, trabalhar na campanha de Natal, frequentar a escola de médiuns. Não basta cuidar da mediunidade; é preciso cuidar do médium, da pessoa, do seu reequilíbrio, e não podemos ignorar que é no kit pensamento/ emoção que se assenta a mediunidade.
Somos médiuns uns dos outros; compramos, muitas vezes, o mau humor do pai, o vitimismo da mãe, o desânimo do marido..."
É interessante notar que, em todas as afirmativas, ela colocou o holofote no médium, não nos espíritos ou na mediunidade, ou na família, ou na sociedade, ou no corpo, mas no médium, nas suas emoções e pensamentos, e na forma como ele lida com esses seus aspectos internos.
É sempre o próprio médium que tem que dar o primeiro passo em busca do seu próprio equilíbrio, mas é um passo interno, ou seja, ele tem que se dispor interiormente a mudar e trabalhar, para que, externamente, possa sentir a transformação. É ele que tem que reconhecer que está fazendo algo que não está sendo bom para si mesmo e se dispor a modificar isso.
Assim, não são os espíritos que têm que entender que o médium não está apto a ajudá-los, mas o próprio médium que tem que entender que precisa se capacitar para ajudar os espíritos que o procuram. Basta querer!

Médium "evangelizado"
Houve um tempo em que o refrão "O melhor médium é o médium evangelizado", criado pelos espíritas, chegou a ser tomado como lei.
Acontece que, como a mediunidade só passou a ser sistematicamente estudada e treinada dentro das casas espíritas, era natural que, para eles, o melhor médium fosse o mais evangelizado, uma vez que o Espiritismo é uma doutrina baseada no Cristianismo, nos ensinamentos deixados por Jesus, segundo os Evangelhos.
O desvio começou quando esse parâmetro tornou-se popularmente difundido, como se o médium que professasse qualquer outra religião ou doutrina, ou que não professasse nenhuma religião ou doutrina, não pudesse ser um bom médium, um médium responsável, um médium voltado para o crescimento espiritual de si próprio e das pessoas com quem convive.
No entanto, mais importante que a crença professada pelo médium, é a forma como entende, exerce e usa sua mediunidade. E nesse aspecto, pouco importa se segue os ensinamentos de Jesus, Buda ou Krishna, pois todos eles, em essência, dizem as mesmas coisas, ensinando que somos todos espíritos, imperfeitos ainda, encarnando e desencarnando sucessivamente, e todos iguais perante o Criador.
Nesse aspecto, importa mais saber como o médium vê o próximo e o que deseja para ele; se usa sua mediunidade, ainda que inconscientemente, para levar o bem a todos, indistintamente; se usa a mediunidade para aprender e crescer; se, mais do que médium, ele entende que é um espírito e, como tal, deve levar sua vida aqui na Terra.
A condição temporária de médium é apenas mais uma tarefa, mais uma trabalho a ser cumprido, que não o exonera de todos os outros seres humanos. Ao contrário, como médium, ou seja, como intermediário entre os homens encarnados e os homens desencarnados, ele deve conhecer bem a natureza humana e, para isso, deve viver bem no mundo, sem viver para o mundo.

A mediunidade é neutra
A mediunidade é condição que nos coloca em contato direto com o mundo espiritual, o mundo de onde viemos e para onde voltaremos quando esta vida terminar, mas, sendo neutra em si mesma, da mesma forma que nos dá a possibilidade do contato com seres elevados, também pode nos colocar em contato com seres desequilibrados e perturbados. O que determina a qualidade dos contatos a serem feitos por seu intermédio é a intenção do contato e, principalmente, o nível espiritual de quem a possui e exerce.
Quanto mais espiritualizado for o médium, no sentido de ter consciência de sua condição de espírito em experiência na carne, aprendendo e corrigindo-se para crescer, mais elevados serão seus contatos e mais positivos os frutos desses contatos, mesmo quando manifestando entidades desequilibradas, desorientadas e perturbadas, pois estarão sempre voltados para a espiritualização da humanidade como um todo.
De nada adianta ser médium sem essa consciência, pois não estamos aqui para sermos apenas bons médiuns, mas para sermos espíritos melhores, mais éticos e amorosos, e a mediunidade é apenas mais um recurso que Deus nos proporciona para termos sucesso nessa empreitada.
O médium que não procura crescer como espírito, que não busca o aperfeiçoamento de si mesmo em autoconhecimento, bondade, discernimento, amor fé e serenidade, que não procura levar às outras pessoas a ideia de que não somos este corpo físico, de que a nossa essência é muito mais sutil, mais nobre e muito mais importante que ele, é mero alto-falante que apenas repete o que lhe dizem os espíritos, sem se importar com o nível desses espíritos, sem se preocupar se o que dizem é bom ou ruim, sem se importar com o efeito do que é dito nas outras pessoas e o mundo à sua volta.

Reforma interior
É o que diz Ramatis, no livro Mediunismo, quando afirma que "não basta ver, ouvir e sentir espíritos em seu plano invisível, pois o médium, em qualquer hipótese, deve ser o homem que, além de contribuir para a divulgação da imortalidade do espírito na Terra, é cidadão comprometido com os deveres comuns junto à coletividade encarnada, onde só a bondade, o amor, o afeto, a renúncia e o perdão incessante podem livrá-lo das algemas do astral inferior."
Portanto, penso que é melhor ser espiritualizado, sem ser médium, do que ser médium, sem ser espiritualizado, já que é muito mais importante para nós evoluirmos como espíritos, independentemente se sermos médiuns ou não.
De nada adianta sermos ótimos médiuns, vendo espíritos, conversando com eles, escrevendo e falando o que  eles pensam, se não formos capazes de aprender com isso, se não formos capazes de buscar e levar a luz neste contato, se não formos capazes de tornar o mundo à nossa volta melhor com esse intercâmbio, se não formos capazes de aplicar em nossa vida diária o que os espíritos nos ensinam nesse intercâmbio.
O contato com o mundo dos espíritos, por si só, não atribui a nenhum médium qualidades morais que ele não tenha em si, que ele mesmo não tenha conquistado por mérito próprio como consciência, que ele mesmo não possua como herança de seus próprios esforços ao longo de sua vida espiritual.
Ninguém se torna digno de confiança e respeito apenas ser médium. E o médium só será considerado digno de confiança e respeito quando já o for como indivíduo.

A técnica do amor
O amor é a energia que mantém o universo e tudo o que nele existe. Sem o amor do Criador, nada existiria, nada se sustentaria, não haveria transformação. Sem o amor incondicional de Deus por nós, nada seríamos e nada poderíamos realizar.
É na força do amor, o Amor-Deus, o amor que É, o Amor que existe sem ter sido criado, que todos nos movemos, que todos existimos, vivemos, pensamos e sentimos. Tudo que experimentamos é o Amor Maior agindo em nós, por nós e para nós. Somente pelo amor podemos realizar com Deus, podemos agir com o mundo de Deus, em sua criação. 
O médium é também obra e, ao mesmo tempo, ferramente de Deus, pois é através dele que Deus  se revela um pouco mais à consciência humana, tão presa à ilusão que a cerca neste mundo material. No médium, tem Deus mais um caminho para o coração humano. E pelo médium, podemos todos entender um pouco melhor o Deus que vive em nós, mas não enxergamos, o Deus que nos ama tanto que nos deu também a mediunidade para que pudéssemos nos aprofundar em seus mistérios.
Todo médium deve ter consciência de que é também um pouco médium de Deus, da Vida, do Amor que  É e tudo permeia. Todo médium precisa saber-se efeito de Deus, da vontade divina, da sabedoria infinita, para compreender que sua missão na mediunidade nada mais é do que expressar esse Amor que a todos envolve, nutre, sustenta e transforma, sendo imutável e constante em si mesmo.
Para ser fiel à sua missão, portanto, o médium deve viver mergulhado em amor. Amor por Deus, pela criação, pelas criaturas e por si mesmo. Amor que se revela em respeito, em virtude, em fraternidade. Amor que se apóia também em estudo, em conhecimento, em razão. Amor que se equilibra, serenamente, entre o êxtase da fé e a concepção do intelecto.
Sem este amor, a mediunidade torna-se estéril e fria, pois nada inspira à vida a não ser arrogância e desencanto. Sem este amor que alimenta a razão e nela se apóia, o médium nada percebe de si mesmo e de sua tarefa. Nada sabe dos propósitos de sua missão e nada intui da verdadeira Vida, a Vida que representa.

Conhecimento
Sem conhecimento, a mediunidade se torna cega, irresponsável e fanática, e nada acrescenta à humanidade a não ser medo, ignorância e superstição. Sem o conhecimento que ilumina o coração, o médium pouco compreende de si e de Deus, pois age às cegas, sem poder entender os fenômenos que o alcançam e não pode controlar.
Cabe ao médium, portanto, ser instrumento preciso e fiel do amor Deus pelos homens, estudando sempre, aprendendo cada vez mais, para se fazer mais e mais amoroso em sua mediunidade. Cabe ao médium sintetizar, em si mesmo, amor e conhecimento, levando não somente técnica ao seu trabalho, mas também sabedoria, equilíbrio, discernimento, serenidade, para que, no exercício de sua mediunidade, reflita-se somente a melhor técnica, a essência de tudo: o amor.



Mediunidade não é privilégio

Por Deusa Nogueira -Pelo canal # IRCEspiritismo
É preciso fazer uma distinção entre mediunidade e Espiritismo