sexta-feira, 22 de abril de 2016

Reforma íntima


Conhece-te a ti mesmo

O conhecimento de si mesmo é a chave da melhora individual e a reforma íntima é um processo contínuo de autoconhecimento e de autoanálise

          Sempre ouvimos falar da necessidade de fazermos a reforma íntima. De olhar para dentro de nós e, através da autocrítica, despertarmos para aquilo que precisamos moldar, renovar ou aprimorar na nossa personalidade, no nosso comportamento.
         Um sábio da Antiguidade disse: "Conhece-te a ti mesmo". Kardec acrescenta: "Compreendemos a sabedoria dessa máxima, mas a dificuldade está em se conhecer a si próprio". Qual o meio de chegar a isso?
          Santo Agostinho nos responde: "No fim de cada dia, interrogava a minha consciência, passava em revista o que havia feito e perguntava a mim mesmo se não tinha faltado ao cumprimento de algum dever, se ninguém teria tido motivo para se queixar de mim. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim necessitava de reforma.
          Aquele que, todas as noites, evocasse todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse a si mesmo, o bem ou o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo da guarda que o esclarecesse, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria (...)".

Conhecer para reformar

          Portanto, o conhecimento de si mesmo é a chave do melhoramento individual e a reforma íntima é um processo contínuo de autoconhecimento e de autoanálise. É a transformação do homem velho, carregado de vícios, manias e tendências no homem novo, o qual, gradativamente, ao tomar posse das suas reais necessidades, se permite melhorar os traços que compõem suas formas de manifestação, como: caráter, valores, hábitos e desejos, identificando tudo aquilo que pede mudança.
          O homem que desperta para esta necessidade e se disponibiliza a fazer os movimentos necessários rumo à plenitude, assegura sua felicidade, além da satisfação de olhar para dentro de si e viver a máxima citada por Kardec, em O Evangelho Segundo Espiritismo, no capítulo XVII,item quatro. Diz:"Reconhece-se o verdadeiro espírito por sua transformação moral e pelos esforços que faz para domar suas más tendências."
          Reconheço que lapidar os próprios sentimentos é tarefa árdua e, portanto, para que a reforma íntima aconteça, é preciso que estejamos desprovidos de qualquer sentimento negativo que impeça a pessoa de dar o primeiro passo.
Um bom começo é esvaziar-se dos sentimentos contrários ao bem, e uma prática que muito ajuda é o hábito da oração. Através dela o homem alcança o alívio, trabalha o perdão e se sente mais próximo de Deus.
          Uma oração que eu transcrevo é a de São Francisco de Assis, a qual nos convida a uma reflexão quanto aos nossos sentimentos em relação a nós mesmos e ao mundo.
Realizada a oração, é chegando o momento de preencher a lacuna deixada pelo homem velho, com ações únicas e pessoais, agora renovadas através da prática da reforma íntima.
          Para finalizar, um pensamento de Chico Xavier: "Cada dia que amanhece assemelha-se a essa página em branco, na qual gravamos os nossos pensamentos, ações e atitudes. Na essência, cada dia é a preparação de nosso próprio amanhã".

Elizabeth de Freitas é jornalista e escritora.