domingo, 3 de novembro de 2013

A importância da mediunidade de cura

Ciência / Por Wilson Garcia

No II Entrade, realizado em São José do Rio Preto, em 1991, um jovem se levantou durante o debate e fez a seguinte indagação: "Até que ponto o centro espírita deve se preocupar com a cura, ou seja, curar é uma atividade importante do centro?" Respondendo a essa questão, poderíamos repetir simplesmente Herculano Pires, em seu livro Ciência Espírita: "Curar e educar são funções conjugadas do homem na luta pela sua transcendência." Assim, o centro espírita objetiva facilitar o homem na compreensão de sua transcendência e, nesta luta, a cura constitui um fator importante, uma prática a ser desenvolvida pelo centro.
Por quê? Simplesmente porque o Espiritismo contém um patrimônio grandioso no campo dos conhecimentos espirituais, o qual leva à compreensão do homem como um ser cósmico, com passado, presente e futuro, de sua realidade como ser imortal e da natureza e suas energias, mediante as quais os males não resolvidos pela medicina convencional podem ser objetivamente tratados e, em muitos casos, solucionados pelo centro espírita.
Não se pode desconhecer que nem todo centro espírita está capacitado a realizar atividades de cura, por algumas razões básicas: pela falta de conhecimentos doutrinários de seus dirigentes, por causa de preconceitos devidos à má formação doutrinária e pela ausência de colaboradores devidamente preparados e de médiuns bem desenvolvidos. Esses fatores têm causado muitas deficiências em nossas casas doutrinárias, trazendo confusões no momento de praticar o Espiritismo conforme os preceitos das obras básicas.

Fatores necessários
Para se criar condições favoráveis ao desenvolvimento de atividades de cura, é preciso reunir uma série de fatores:
-Pessoas sérias e humildes, capazes de compreender as dificuldades do trabalho e os seus perigos. A cura é um dos trabalhos que mais propiciam a queda moral. Muitos médiuns curadores realizaram maravilhas, mas foram incapazes de superar as facilidades oferecidas a eles em troca do seu trabalho. As experiências demonstram que ao deixar-se arrastar por essas facilidades, o médium tende a ver os espíritos sérios e bem intencionados abandonarem-no, sendo então substituídos por espíritos galhofeiros. Esta observação é feita por Kardec em O Livro dos Médiuns.
-O aparecimento de médiuns conscientes e conhecedores da doutrina espírita, que se disponham a realizar o trabalho de atendimento aos necessitados sem o orgulho daqueles que, por pura vaidade, prometem curas e soluções aos pacientes. O médium deve saber que não é ele quem cura, mas os espíritos;
-Uma disciplina séria na organização das reuniões dedicadas ao atendimento público, de modo a que não faltem nem o esclarecimento aos que procuram a casa, nem aconteça de pessoas serem iludidas em sua boa-fé, imaginando que o centro espírita tem poderes mágicos e, portanto, irá de fato resolver os problemas de que são portadoras;
-Um estudo constante das obras da codificação e das subsidiárias, a fim de penetrar cada vez mais, somando teoria e prática, no conhecimento das possibilidades que a doutrina oferece no campo da cura e das limitações dos espíritos, dos médiuns intermediários e os próprios pacientes, em relação aos resultados finais. As leis naturais, que governam o universo, estão acima da vontade momentânea de cada pessoa ligada ao trabalho em si.

Um trabalho metódico
Afirma Herculano Pires que "no centro espírita, o problema das curas não pode restringir-se a tentativas ocasionais ou aleatórias." As curas precisam ser cuidadas de forma permanente, continuada, unindo informação e atitude prática em benefício dos que procuram o consolo da instituição. Boa parte, talvez, dos insucessos e dos desvios nas práticas curativas do centro pode ser creditada à falta desses cuidados.
Allan Kardec dá a nota principal: em O Livro dos Médiuns cuida de informar sobre a presença específica dos médiuns curadores. É interessante ter presente que, ao exercer uma participação no proceso curativo desenvolvido numa casa espírita, o indivíduo (mesmo não possuindo mediunidade ostensiva) pode estar sendo um intermediário entre a ação dos espíritos e os pacientes. Daí, portanto, a necessidade de perceber que, ao falar aos médiuns, Kardec se dirige não apenas aos que possuem mediunidade ostensiva, mas também aqueles que, em determinados momentos, por força das circunstâncias, se colocam na posição de canalizadores da ação dos espíritos.
O médium de cura verdadeiro tem uma importância muito grande nas atividades de cura do centro espírita. O fato de ser portador desta mediunidade determina que ele deve exercê-la de forma cuidadosa e desinteressada (valor moral), a que o Espiritismo dá grande destaque. Por isso, não se compreende o comportamento de alguns dirigentes de casas espíritas que condenam as curas ao ostracismo, como se elas não fossem necessárias ainda nos dias de hoje,tanto quanto o eram na época do Cristo. O estudo, pois, desta parte doutrinária, encontra em O Livro dos Médiuns as informações sobre os médiuns nos seus aspectos práticos e de comprometimento do portador da mediunidade com o seu exercício: ninguém possui qualquer tipo de mediunidade por acaso. Sua existência revela algo anterior, acordado entre o indivíduo e as necessidades de sua trajetória e da evolução e seus semelhantes.

Estudo aprofundado
Deixando O Livro dos Médiuns, caímos direto no livro A Gênese, também de Kardec. Ali, principalmente no capítulo XIV - Os Fluidos - encontramos material profundo, de estudo constante. O seu conhecimento, que abrange avaliação e reavaliação permanente, é por si de fundamental importância para aqueles que estão envolvidos com a cura. A simplicidade com que Kardec coloca a questão pode parecer, a muitos, superficial; uns podem entender que o codificador não foi a fundo na questão, outros, que faltam informações mais práticas. Dizer que o Espiritismo oferece uma possibilidade de exercício da cura de forma ampla não significa estar envolvido em nenhuma cegueira de raciocínio. Antes, é uma grande verdade, que pode ser comprovada pela prática continuada e bem conduzida. Em A Gênese, Kardec analisa tudo aquilo que se encontra relacionado no campo da cura: a existência da energia cósmica, a que chama fluidos, a presença fundamental do pensamento (de encarnados e desencarnados, portanto, de médiuns, espíritos, pacientes e participantes, no caso das curas), a participação do perispírito e, finalmente, o que tudo isso tem a ver com as doenças físicas e espirituais e sua influência moral sobre todos nós.
Nas obras subsidiárias, especialmente em André Luiz, vamos encontrar outras informações, também de grande valia para o aprofundamento da questão: além de passar em revista toda a teoria da codificação, demonstrando por exemplos práticos a sua realidade, este autor espiritual nos coloca em contato com os mecanismos da mediunidade, oferecendo uma visão até então inexistente do desenvolvimento do processo nos dois ângulos da vida: o visível e o invisível. Aqui, porém, é preciso enfatizar que, como qualquer  outro autor, André Luiz precisa ser interpretado, e bem, para que não sejam as suas palavras tomadas como lei; tidas como definitivas. Principalmente, porque no campo da interpretação cada pessoa pode ter uma visão diferente e julgá-la como a melhor. André Luiz é, como afirma Emmanuel, um repórter do espaço, o que significa um portador de notícias e informações e não um condutor de leis.
No entanto, o conhecimento se estende às conquistas científicas, que podem ser alcançadas com a medicina, como forma de complementar o saber daqueles que se enveredam pelo campo das curas.


Modalidade de cura

Fluido terapia convencional: Trata-se do passe magnético, da água fluidificada e da irradiação a distância. São modalidades terapêuticas onde se trabalha com fluidos curadores, encontradas em quase todos os centros espíritas;

Assistência através de médiuns receitistas: O médium receitista, segundo Allan Kardec (que os denominava também de médiuns medicinais), são aqueles cuja especialidade é a de servirem mais facilmente aos espíritos que fazem prescrições médicas. Lembra o codificador que não se deve confundi-los com os médiuns curadores, porque nada mais fazem do que transmitir o pensamento do espírito e não exercem, por si mesmos, nenhuma influência. Benfeitores espirituais dotados de conhecimentos sobre medicina, que ditam através do médium (geralmente por psicografia) os medicamentos e as orientações que deve seguir para o seu restabelecimento. A maioria deles trabalha com medicina homeopática, lançando mão também de chás, ervas e drogas ditas naturais;

Assistência espiritual direta: Consiste na atuação terapêutica dos espíritos sem a participação direta de médiuns. Talvez seja a mais comum das modalidades terapêuticas espíritas, onde os benfeitores estarão mobilizando recursos fluidicos específicos em benefício dos necessitados sem que eles, muitas vezes, percebam. Esta modalidade pode desenrolar-se nos centros espíritas ou mesmo nas residências dos enfermos.

Operações espirituais: Essa modalidade terapêutica caracteriza-se pela atuação de espíritos desencarnados incorporados e médiuns específicos. No Brasil, ganhou muito destaque a partir dos médiuns José Arigó e Edson Queirós. Utilizando-se da mãos do médium ou de instrumentais cirúrgicos, os cirurgiões desencarnados mobilizam recursos fluidicos diretamente junto ao corpo físico e espiritual do doente.
Centro Virtual de Divulgação e
Estudo do Espiritismo