segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Criança O futuro da humanidade

Sociedade/ Por Marcus Cunha

Ela será amanhã aquilo para o qual foi ensinada e preparada hoje. Será o fruto dos ensinamentos e do exemplo de seus pais

Existe em nosso país - isso para ficarmos apenas no âmbito nacional - um sentimento geral de caça aos maus políticos, aos corruptos, aos vilipendiadores da coisa pública, aos empresários que, usando da boa fé do povo, apropriam-se indevidamente de grandes montantes de dinheiro, logo enviados para os ditos "paraísos fiscais".
Caçar, prender, punir, passar a limpo. Estas são as palavras de ordem que vemos com maior frequência na mídia escrita, falada ou televisiva, ultimamente. É claro que devemos tentar, através das legislações humanas, inibir a ação destes materialistas compulsivos, que não pensam duas vezes para expropriar financeiramente o seu semelhante. Mas quem são estes homens? De onde vieram?
São nossos filhos, vieram de nossas próprias casas, do seio de nossas famílias, de nossa sociedade. Isso mesmo! Nossas crianças, aquelas que não soubemos criar e ensinar, tornaram-se os homens de hoje, com todos os defeitos que não soubemos corrigir enquanto eram pequenos, sem contar os maus exemplos que lhes transmitimos.
O que está acontecendo é que estamos combatendo o efeito e nos esquecendo da causa. E ela está na educação das nossas crianças, ou melhor, na falta de educação para elas. Temos pais preocupados cada vez mais em amealhar tesouros perecíveis e esquecidos do ensinamento moral e social para seus pequenos. Normalmente, damos muita importância ao ensinamento cultural para os nossos filhos e nos esquecemos de ensiná-los a se portarem dignamente perante a sociedade e sua própria consciência.

Preparando o futuro
A criança é o futuro da humanidade terrestre. Ela será amanhã aquilo para o qual foi ensinada e preparada hoje. Será o fruto dos ensinamentos e do exemplo de seus pais. Em uma instrução sobre os laços de família, no 14* capítulo de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Santo Agostinho nos diz: "Espíritas, compreendei agora o grande papel da humanidade, compreendei que, quando produzes um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir. Inteirai-vos dos vossos deveres e ponde todo o vosso amor em aproximar de Deus essa alma, tal a missão que vos está confiada e cuja recompensa recebereis se fielmente a cumprirdes. Os vossos cuidados e a educação que lhe darei auxiliarão o seu aperfeiçoamento e o seu bem - estar futuro. Lembrai-vos de que, a cada pai e a cada mãe, Deus perguntará: Que fizestes do filho confiado à vossa guarda?"

A força do exemplo
Os pais devem exemplificar os bons modos aos filhos por meio de condutas sociais retas, pautadas por um procedimento ético, moral e religioso exemplar. Somente através do trabalho com a criança é que o sucesso da sociedade será alcançado.
Mas onde deve ser feito este trabalho? Nas escolas, nas creches, nos orfanatos e, principalmente, no lar, no seio da família.
Vejamos o que nos diz Joana de Ângelis, em Após a Tempestade: "A família é uma abençoada escola de educação moral e espiritual, oficina santificante onde se lapidam caracteres, laboratório superior em que se caldeiam sentimentos, estruturam aspirações, refinam ideias, transformam mazelas antigas em possibilidades preciosas para a elaboração de místeres edificantes.
O lar, em razão disso, mesmo quando assinalado pelas dores decorrentes de aprimorar as arestas dos que o constituem, é forja purificadora onde se devem trabalhar as bases seguras da humanidade de todos os tempos. Quando o lar se estiola e a família se desorganiza, a sociedade combale e estertora."
Infelizmente, o imediatismo, a descrença na reencarnação e o materialismo exacerbado dificultam o trabalho de aprimoramento moral de nossas crianças. Mas, se os pais deixarem transparecer aos filhos um comportamento edificante, é possível termos amanhã homens preocupado em praticar as leis de amor e justiça. De que adianta pensarmos em clonagem humana, eugenia, etc., se não conseguimos ao menos passar exemplos de conduta reta e digna aos nossos filhos?
Temos que procurar as chagas de nossa sociedade a fim de extirpá-las, mas devemos, acima de tudo, olhar com mais carinho os nossos rebentos. Não nos esqueçamos de que, se somos frutos da sociedade, não menos correta é a afirmação de que a sociedade também é fruto do que somos.

A missão espiritual dos pais
Em O livro dos Espíritos, questão 582, temos uma advertência para todo esse descaso paterno:"Pode-se considerar como missão a paternidade?Resposta: É, sem contestação possível, uma verdadeira missão. É ao mesmo tempo um grandíssimo dever e que envolve, mais do que pensa o homem, a sua responsabilidade quanto ao futuro. Deus colocou o filho sob a tutela dos pais a fim de que estes o dirijam pela senda do bem e lhes facilitou a tarefa, dando para aquele uma organização débil e delicada, que o torna propício a todas as impressões. Muitos há, no entanto, que mais cuidam de aprumar as árvores de seu jardim e de fazê-las dar bons frutos em abundância do que formar o caráter de seu filho. Se este vier a sucumbir por culpa deles, suportarão os desgostos resultantes dessa queda e partilharão dos sofrimentos do filho na vida futura, por não terem feito o que lhes estava ao alcance para que ele avançasse na estrada do bem".

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Mortes prematuras planejadas

Especial/ Por Marco Tulio Michalick

Exceto nos casos de reencarnação compulsória, muitos espíritos reencarnam com um planejamento bem definido, porém, nos dois casos existem aqueles que reencarnam por um período muito breve. Como explicar?
Acredito que nada pode ser tão intenso e angustiante quanto a dor de uma mãe que perde seu filho. A indagação é notória: Por que Deus o levou tão cedo? Por que Ele levou quem eu mais amava? Meu filho tinha uma vida pela frente...
Será que tinha mesmo? Quem de nós - humanos e imperfeitos - pode afirmar com certeza que aquela pessoa amada teria um futuro promissor pela frente? Não podemos ter uma visão dos fatos baseados apenas na vida presente; precisamos entender que muitos acontecimentos são frutos de nossa vida passada.
Mas como entender a justiça de Deus nestes fatos tão marcantes que podem pendurar na mente dos pais durante anos e até mesmo a vida toda? Afinal, o remorso penetra nosso Ser e as indagações são inevitáveis: "O que eu poderia ter feito para ter evitado esta tragédia?" São perguntas e mais perguntas que não cessam. Procuram-se culpados, principalmente os envolvidos na "fatalidade"... Estamos quase sempre em busca de culpados ou nos autopunindo pelos acontecimentos que acreditamos que poderiam ser evitados.
Vamos descrever, aqui, qual a finalidade da morte prematura e, não raro, quando constitui uma provação ou expiação para os pais.
O escritor e palestrantes espírita, Richard Simonetti, conta em seu livro Atravessando a Rua, que um casal reencarnou com a tarefa de cuidar de crianças em uma instituição assistencial. No entanto, envolvidos por interesses materiais, marido e mulher foram se afastando do trabalho ao qual se prontificaram ainda no mundo espiritual. Dedicado mentor que os assistia, preocupado com os acontecimentos, reencarnou como seu filho em breve existência. Aquela criança amável, sensível, inteligente e amorosa, fez com que a felicidade dos pais gravitasse em torno dela. Quando o projeto de morte prematura foi consumido,deixando os pais desolados, desiludidos e deprimidos, encontraram lenitivo à partir do momento que se entregaram de corpo e alma às crianças de um orfanato, exatamente como fora planejado; a vinda do mentor como filho foi apenas para ajudá-los a não desviar do compromisso assumido.
Analisando essa história, temos dois caminhos possíveis na provação ou expiação dos pais: após superar o momento de "fatalidade", eles buscam se fortalecer, recompondo assim suas energias e valores morais para iniciar ou dar sequência ao trabalho assistencial, sem se desviarem do objetivo planejado; ou, então, se revoltam com Deus ou com as pessoas que, direta ou indiretamente, participaram da tragédia e se fecham na mágoa ou no rancor, não tirando nenhuma lição dos acontecimentos e se voltando para o seu mundo imediatista.
Aqui nos lembramos da história de André Luiz, no Livro Entre a Terra e o Céu, psicografado por Chico Xavier, que reporta ao suicida que em outra existência havia se matado ingerindo veneno. Em nova existência, reencarna com a saúde frágil, desencarnando aos sete anos. O mentor espiritual explicou que aquela breve experiência na carne fora de suma importância ao espírito, livrando-o de parte dos desajustes, e que deveria em breve reencarnar na mesma família e já em melhores condições.
Nesta história podemos avaliar que dependendo da forma que desencarnou em outra existência o espírito necessita dessa abençoada estação regenerativa na carne para refazer, assim, as suas energias.

Mudanças de planos
Também temos a comovente história do livro Loucura e Obsessão, de Divaldo Pereira Franco, pelo espírito de Manoel P. de Miranda, que conta sobre um casal espírita que trabalhava na Seara do Bem e que, certa vez, estavam sofrendo com a enfermidade de sua filhinha, meiga e amorosa, que fora desenganada pelos médicos. Ali estava programado o desencarne natural, concluindo, assim, um ciclo em face de um suicídio anterior que a vitimou. Porém, o pai suplicou em profunda e desesperada oração, dirigida à mãe de Jesus, pela vida da filhinha. Solicitava com quase absurda imposição. Os benfeitores que acompanhavam o processo aflitivo, apareceram na penumbra do quarto lhe informando quanto à necessidade da submissão ao estabelecido. Sara, a filhinha, estava resgatando o passado e retornando ao mundo espiritual. Adquiria mais amplos e seguros recursos para prosseguir mais tarde, na Terra, com possibilidade de triunfo. Porém, o pai, transtornado com a possibilidade de perder a filha, seguiu em copiosa oração. Era tão pungente e veraz a sua rogativa que os benfeitores retornaram ao encaminhamento do pedido. Horas mais tarde, o resultado dizia que "Sara não possui resistências morais para enfrentar os insucessos que a aguardam. Debilitada, poderá cair, outra vez, no mesmo abismo donde está intentando sair. Já estão, na Terra, aqueles com os quais se encontra vinculada e faltam-lhe títulos de enobrecimento para sair-se bem do conforto. Todavia, se ficar, o seu calvário será mais vigoroso e fatal."
Sem medir a gravidade de suas rogativas, o pai assumiu a responsabilidade - dele e da esposa - cuidarem da filha, cercando-a de cuidados, preenchendo os seus vazios com a luz do amor, colocando a claridade da fé na mente e no coração, e acrescentou que a presença da filha daria forças para a prática do bem. Naquele momento, Celina, a mensageira de Maria, adentrou-se na câmara onde estavam e trouxe a seguinte resposta: "A Mãe de Jesus concede moratória, um prolongamento de vida, para Sara, conforme solicitado. Ela viverá. Que Deus nos abençoe!". O casal, agradecido, realmente se desdobrou com os cuidados com a filha, que curada da enfermidade que a culminaria, recebia dos pais a mais ampla dedicação de amor. Eles selecionavam amigos para ela; encaminharam-na à Universidade; infundiram-lhe a fé religiosa, que ela não conseguiu assimilar quanto deveria; experimentaram mil venturas, seguindo-a no clima social de uma vida honrada e trabalhadora. Porém, os pais não puderam sentir os problemas da afetividade na qual Sara fracassara antes. Assim, não perceberam quando ela se envolve com um homem casado e pai generoso. Não podendo ficar com o homem que amava, optou pelo suicídio, deixando para os pais uma carta comovente, revelando o que a levou àquele ato extremo.
De fato, antes ela houvesse partido naquela ocasião, naquela contingência e mediante os fatores estabelecidos, porquanto se encontraria novamente reencarnada, sem os perigos do desastre que acabava de acontecer. Ninguém foge à Lei, nem à consciência de si mesmo...

Diante dos que partem
Devemos nutrir algum sentimento pelo ente querido que "partiu"? Sim! Vamos orar e emanar boas vibrações; é tudo o que ele precisa. Quando questionamos, ou entramos em desespero, inconformados, emanamos vibrações desajustadas causando lhe aflições. Chico Xavier já havia recebido diversas mensagens de jovens reclamando que semelhantes atitudes os faziam reviver a angústia de sua desencarnação em circunstâncias trágicas. Aliás, Chico Xavier foi muito importante no lenitivo das mães desesperadas por notícias do ente querido. Quantas famílias não foram consoladas através das mensagens psicografadas? Quantas continuaram vivendo, sem remorso, entendendo que certos acontecimentos estavam programados? As milhares de mensagens que o médium psicografou serviam para reavivar o ânimo daqueles que ficaram.
Temos um sentimento muito grande de posse quando dizemo-los: "É meu filho!" Isso é muito nobre, pois demonstra o amor que se sente. Mas precisamos entender que nossos filhos, na realidade, não são nossos. São de Deus! Estão conosco por empréstimo!
Talvez estas palavras possam expressar ausência de sentimentos de alguém que nunca vivenciou essa experiência. Mas já passei, sim, por essa experiência quando meu irmão e sua esposa "perderam" a filha que se afogou em uma piscina. Acredito ter sido o dia mais triste da minha vida, principalmente vendo a imagem desesperadora deles. São momentos marcantes, agonizantes e profundos. Anos depois, meu irmão e sua esposa tiveram outra filha, um anjinho chamado Beatriz.
Precisamos ter fé, acreditar na sabedoria de Deus e confiar Nele.

Sorte das crianças depois da morte

197.Poderá ser tão adiantado quanto o de um adulto o Espírito de uma criança que morreu em tenra idade?

"Algumas vezes o é muito mais, portanto pode dar-se que muito mais já tenha vivido e adquirido maior soma de experiência, sobretudo se progrediu."

a) - Pode então o Espírito de uma criança ser mais adiantado que de seu pai?
"Isso é muito frequente. Não o vedes vós mesmos tão amiudadas vezes na Terra?

198. Não tendo podido praticar o mal, o Espírito de uma criança que morreu em tenra idade pertence a alguma das categorias superiores?

"Se não fez o mal, igualmente não fez o bem e Deus não o isenta das provas que tenha de padecer. Se for um Espírito puro, não o é pelo fato de ter animado apenas uma criança, mas porque já progredira até a pureza."

199. Por que tão frequentemente a vida se interrompe na infância?

"A curta duração da vida da criança pode representar, para o Espírito que a animava, o complemento de existência precedentemente interrompida antes do momento em que devera terminar, e sua morte, também não raro, constitui provação ou expiação para os pais."
O Livro dos Espíritos. Parte 2, cap.IV
Allan Kardec. FEB Editora.

Nota do editor: É importante ficar claro que não podemos generalizar, achando que toda expiação ou morte prematura foi planejada antes do reencarne. A maioria das nossas expiações ocorre de forma compulsória, como consequência de atitudes desequilibradas, desta ou de encarnações passadas.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Falando de vida após a morte


Literatura/ Entrevista por Victor Rebelo

Este é o título do novo livro do pesquisador e projetor
extrafísico Wagner Borges, cuja proposta é nos auxiliar a
 superar a dor de uma perda

Wagner, este já é o seu décimo primeiro livro. Qual é o foco desta vez?
Wagner Borges: Eu produzi esse livro para ajudar as pessoas que perderam entes queridos pela morte. Mas não fiz isso de forma religiosa ou de consolação, não. O meu intuito foi o de "levantar o clima" dos leitores - para ajudá-los na superação do momento difícil de uma perda. Então, dei aos textos uma abordagem bem humana, falando direto ao coração, mas , ao mesmo tempo, chamando para o discernimento de que sempre é preciso voltar a viver.

Qual é a maior dificuldade dos espiritualistas, com relação à perda de um ente querido? O conhecimento da imortalidade da alma não deveria servir de apoio para a pessoa?
Sim, deveria. Mas há um problema: para a maioria, é tudo questão de teoria espiritual, não de vivência. Se o conhecimento fica preso na mente, só como informação armazenada na memória fria, pode não aquecer o coração e nem se tornar atitude prática. Na verdade, a maioria tem crença nisso ou naquilo, mas não tem certeza, o que é bem diferente. E é por isso que vemos tantos estudantes espirituais chorando mais do que o pessoal materialista. Inclusive, diante da dor de uma perda, há alguns que até mesmo renegam a própria espiritualidade, como se não estivessem sujeitos às provas do caminho, como todos.
E eu não estou dizendo aqui que as pessoas não podem sentir saudades dos seus amados; muito pelo contrário. Contudo, no caso de espiritualistas em geral, eles têm recursos conscienciais advindos dos próprios estudos que realizam. Por isso, podem trabalhar em si mesmos a questão de perda e, com o tempo - mais atenção, discernimento e amor real -, até mesmo compreenderem o jogo da vida e sua transitoriedade nesse plano físico.
Como ensinava o mestre Krishna na antiga Índia, " O espírito não nasce nem morre, só entra e sai dos corpos perecíveis - é eterno. O fogo não pode queimá-lo, nem a água pode molhá-lo. Nenhuma arma pode matá-lo, pois o princípio espiritual é imperecível."

Sua abordagem é totalmente universalista. Como é, para você, trabalhar de forma mais aberta, sem se limitar a religião específica?
É muito legal, pois o próprio plano espiritual também é assim. Os mentores extrafísicos ajudam a todos, sempre de forma incondicional e eclética. E com uma abordagem não doutrinária e mais despojada, pode-se chegar a um número maior de pessoas, de várias áreas e tendências e, ao mesmo tempo, sem deixar de falar dos temas espirituais e suas correlações conscienciais.
Os meus amigos espirituais sempre me orientaram a raciocinar de forma ampla, levando em consideração o conjunto das coisas, e não a minha opinião particular. Então, faço uma mescla sadia e equilibrada de tudo que estudo na espiritualidade - desde a sabedoria do antigo Oriente até a modernidade do Ocidente -, e acrescento no meu coração... E deixo o Amor falar por mim.

Você conta suas experiências fora do corpo (projeção astral) de encontros com recém-desencarnados ou com espíritos que sofrem, não pela "morte" em si, mas pela dor dos parentes encarnados?
Ah, sim. Isso é muito comum. O problema é que a família sofre com a perda do ente querido e jamais se preparou para essa possibilidade. E, aí, as pessoas projetam formas-pensamento bem densas e carregadas de emoções conflitantes. E, muitas vezes, essas formas mentais - ideoplásticas, ou seja, dotadas de alta plasticidade -, envolvem o corpo espiritual (corpo astral, perispírito, psicossoma) do espírito desencarnado, causando-lhe desconforto psíquico e emaranhando-o em energias viscosas. Inclusive, isso acarreta mais trabalho aos benfeitores espirituais que estão ajudando-o nesse desprendimento final.
Se as pessoas projetassem energias sadias (pela prece, por mantras, ou pela música inspirada, ou mesmo pela simples irradiação consciente de formas pensamento virtuosas e cheias de amor e compreensão), isso ajudaria no desprendimento do espírito e também em sua volta para a pátria espiritual, lá na "Casa das Estrelas".
Mas, para isso, é preciso compreensão e consciência das coisas. Todos partirão em algum momento da vida, e isso não é crença, é fato. Então, é preciso abordar essa questão de frente, inclusive, para saber como lidar com isso na hora necessária.
Ao longo dos anos, seja como médium nas sessões de desobsessão ou nas viagens para fora do corpo físico, tenho visto e participado de diversos trabalhos de assistência espiritual, onde, com os amparadores extrafísicos, tenho projeto passes energéticos e soltado muitos espíritos apegados aos seus parentes.
E penso que as pessoas podiam trabalhar melhor suas perdas, para evitar esses percalços espirituais. E esse é um dos motivos que me levaram a publicar um livro voltado diretamente para essas questões da imortalidade da consciência.

Você poderia nos contar um caso?
Claro. Aliás, é um caso de família.
Quando minha avó partiu, ela tinha 86 anos e estava senil. E ficou agarrada espiritualmente na aura de minha mãe. Ela sabia que estava desencarnada, mas não admitia sair do seu cantinho e se escorava energeticamente na minha mãe, que ficou irritadiça e fora do seu jeito normal de ser. Aí, junto de meus amigos espirituais, numa saída do corpo durante o sono, soltamos ela. E não é que a velhinha ficou danada comigo e me xingando? Ela me dizia que eu era o seu pior neto, pois eu estava tirando-a de sua casa. Com o tempo, ela melhorou e voltou a ficar lúcida do "lado de lá".
Outro dia, estive projetado fora do corpo num grande cemitério aqui em São Paulo. Já despertei projetado naquele ambiente, com a sensação de ter sido deixado ali por mãos invisíveis. Isso é muito comum: você se deita e dorme - e, quando desperta, já está fora do corpo em algum lugar, levado pelos mentores espirituais.
Então eu estava ali, flutuando por cima das tumbas, solto na noite... Foi quando eu vi algo brilhando, num dos cantos do cemitério, junto a uma das paredes.
Aproximei-me e vi que se tratava de uma grande massa de energia que pairava no ar, há cerca de uns dois metros acima do solo. Era pulsante e trazia uma sensação boa, muito aconchegante. Metade dela tinha a cor amarela vibrante, e a outra metade era de cor rosada e pacífica. E a mescla dessas duas cores ali me trazia uma sensação reconfortante. E eu sabia que o amarelo era a cor da inteligência (concentração, vivacidade mental, clareza de pensamento), e o rosa era a cor dos sentimentos altos (amor, serenidade afetiva, generosidade).
Pensei: "Para uma manifestação extrafísica dessas, com essa qualidade, provavelmente passou por aqui um Ser de Luz e irradiou energias maravilhosas pelo ambiente."
No entanto, logo a seguir, surgiu um dos amparadores espirituais à minha frente, e me disse, mentalmente: "Não é nada disso que você estava pensando. Essa massa de energia veio das preces que às pessoas fizeram na intenção de seus entes queridos que já partiram. O amarelo é da concentração de várias delas; e o rosa é a expressão do amor delas por seus pares. E, para que essas energias não se dispersassem, nós as agregamos aqui nesse cantinho, para, posteriormente, levá-las ao plano espiritual e distribuirmos. Há um serviço específico só para isso, que localiza a assinatura energética do espírito e direciona às vibrações sadias dos seus amados até eles."
Surpreso, perguntei-lhe: "E por que vocês precisam fazer isso?"
E ele me respondeu: "O pessoal envia as preces para cá, para o cemitério, que é a referência especial deles, visual e afetiva. Em lugar de pensar diretamente em seus amados, nos planos extrafísicos, suas mentes associam suas energias, inconscientemente, com os túmulos onde enterraram os despojos físicos. E, aí, se não houvesse nossa intervenção, essas energias impregnariam os cadáveres de luz - e como eles são elementos em dissolução no seio da Terra, não precisam disso. E essas vibrações benéficas se desperdiçariam inutilmente. Então, juntamos as mesmas e depois as levamos para sua correta distribuição."
Diante da explicação dele, confesso que ri e não pude conter um pensamento: "Caramba! O pessoal está enviando as preces com o CEP errado. Era para essa massa de luz estar lá em cima, na 'Casa das Estrelas', e não aqui, pairando acima das tumbas."
Que coisa estranha: as pessoas pensam nos seres amados, mas projetam as energias para os cadáveres. Elas amam, isso é fato (e aquela energias amarelas e rosadas comprovam isso), mas, com um pouquinho de discernimento espiritual, poderiam direcionar melhor os seus sentimentos. Ou seja, em lugar de mandar a luz para cá, saber enviá-la diretamente, por entre os planos, à consciência de seus entes queridos, de coração a coração, nas ondas do amor sereno...
Como ensinava o querido Jesus, "há muitas moradas na Casa do Pai Celestial". E, com certeza, essas moradas não são debaixo de sete palmos de terra.

Se as pessoas projetassem energias sadias, isso ajudaria no desprendimento do espírito e também em sua volta para a pátria espiritual


Deixe-nos uma mensagem para o leitor que passa por uma perda.
Sim, vamos deixar aqui um trechinho extraído do próprio livro. E aproveito para dizer que, ninguém morre, é só a estrelinha espiritual que sobe, de volta para casa, sempre viva...
"Se você perdeu alguém querido, pense:
Vida é movimento, movimento é energia.
A energia anima tudo, em qualquer lugar.
Perceba: Aqueles que dá a vida não pode tirá-la.
Somente transfere a consciência para outros planos.
Além dessa vida; outro endereço evolutivo.
Ou, como ensinava o sábio Pitágoras:
Viver e brilhar em outras esferas de consciência."

Wagner Borges é pesquisador espiritualista e projetor extrafísico.
Coordena o Instituto de Pesquisas Projeciológicas e Bioenergéticas- IPPB - em São Paulo, onde ministra diversos cursos.