A falta de confiança em si anula as perspectivas de evolução das pessoas no campo humano,
profissional e espiritual
Em tempos remotos, nossos ancestrais terrestres temiam e respeitavam o Sol e a Lua.
A força das tempestades que varriam os céus e impunham suas forças, através de relâmpagos imensos e barulhentos, era temida por todos. O fato de não entenderem a natureza gerava medo, respeito e misticismo.
O homem foi evoluindo e saiu das cavernas para as choupanas, das choupanas para as cabanas...sempre aprendendo com os próprios erros. O medo e a culpa foram diminuindo, assim como a ignorância, mas elas estão ainda muito vivas e presentes.
A religião é tão antiga e natural quanto o próprio homem. As crenças foram sistematizadas em rituais, métodos, sistemas e rótulos, mas a culpa, o medo e a ignorância continuam. Aquele caminho incerto de alhures se mantém ainda incerto atualmente.
Alguns homens mais confiantes e inescrupulosos descobriram que a culpa gerava o medo e, através do medo, podiam controlar as pessoas. Assim surgiu a técnica do "melhor caminho",da "única salvação", da "verdadeira religião" ou do "grupo mais evoluído".
O misticismo insondável ganhou novas formas e ainda habita o consciente e o inconsciente do homem. Quantos não são manipulados, com medo de não serem salvos? Quantos não são humilhados, com medo de perderem a programação existencial?
A fé e misticismo evoluem, se travestindo de novos rótulos, técnicos e modernos, a fim de continuarem explorando e manipulando o medo e a culpa, muitas vezes dissimulados atrás do orgulho e da vaidade, em pleno século XXI.
A falta de confiança em si anula as perspectivas de evolução das pessoas no campo humano, profissional e espiritual.
Confesso que é difícil desnudar a si próprio e desvendar as intrincadas nuances psicológicas e parapsicológicas (conscienciais) de cada um. Uma vez desvendadas, é ainda mais difícil enfrentá-las, vendo a si mesmo de frente para o espelho consciencial.
O medo e a culpa são fardos pesados, que destroem muitas vidas. Não é fácil se livrar deles.
O ser humano ainda não está bem seguro e preparado para uma vivência verdadeiramente altruísta e compassiva. Todos carregam medos! Todos possuem suas culpas!
Não é apenas a história de uma vida, ou casos de traumas de infância. Não somos este corpo, somos consciências habitando um corpo efêmero. Há montanhas atrás de montanhas, vidas atrás de vidas.
Só o amor ajuda a vencer o medo e a culpa e isso é impossível de ser realizado sozinho. É preciso sair de si, procurar o próximo e depois voltar a si para estar curado. Sair de si é expandir o amor, voltar a si é se ater em periódicas introspecções profundas.
Quem conhece o amor sabe que não existem milagres. Milagre é algo que o preguiçoso procura porque não quer mobilizar o seu amor, mas apenas recebê-lo. Onde existe o amor não se necessita de milagres. Para vencer o medo, a culpa, a depressão e o pânico, é preciso aprender a sair de si, para conseguir ajudar o próximo, e ajudando o próximo, aprender a amar a si e vencer os próprios medos e culpas.
Muitos pacientes egoístas, inseguros, culpados, medrosos e abastados desejam somente comprar a cura da medicina, sem coragem de saírem do centro de si mesmo para encontrar o amor gratuito, que cura a tudo e a todos de graça.
Especial / Por Dalton Campos Roque
