domingo, 14 de dezembro de 2014

Feliz Natal e um Próspero Ano Novo.


O cordão de prata

Entenda o que é e para que serve este feixe energético que se estende durante a viagem astral e só se rompe com a morte

Por Maria Madalena Naufal

A grande atriz, cantora, bailarina e escritora norte-americana Shirley MacLaine, mundialmente conhecida não só pelas suas atividades artísticas e literárias, mas também pela luta em benefício dos necessitados, percorre o mundo em extensas viagens, cujas experiências narra em seus livros.
Esteve no Brasil em 1992, realizando um show no Teatro Ruth Escobar, com renda revertida para as crianças portadoras de HIV de sete entidades assistenciais de São Paulo. Na ocasião, disse que "o teatro é análogo à espiritualidade. Este é um local aonde nós viemos vivenciar coisas que transcendem as nossas vidas". Disse também: "Para mim é uma coisa bastante harmônica ter essa oportunidade,de estar ajudando crianças aidéticas, nesse momento em que estamos procurando construir para o renascimento da Terra". Referia-se à conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento - Rio 92.
A artista enfatizou o seu grande amor pelo Brasil, dizendo sentir-se muito confortável aqui. "Eu acho que as pessoas que aqui chegam saem renovadas, pelas belezas do País e pelas forças que aqui estão. " Destacou também o grande celeiro de médiuns que o nosso país possui: "Encontrei um talento enorme aqui no Brasil, por parte de pessoas sensitivas".
Autora de vários best-sellers, entre eles Não Caia da Montanha, Você Pode Chegar Lá Daqui, Dançando Na Luz. A Vida É Um Palco e Minhas Vidas. Este último é o que nos interessa para o momento, pois nele, Shirley comprova a imortalidade da alma, a sua volta ao casulo carnal (reencarnação) e a projeção astral.
A sua projeção para fora do corpo somático é descrita num episódio da sua vida que ocorreu no Peru, num poço de água sulfurosa. Estava acompanhada de um grande amigo, David, que muito a orientou em toda a viagem. Escreveu ela: "Senti-me fluir para o espaço, povoá-lo, flutuar para fora, saindo do corpo e subindo.
Estava consciente de que o corpo permanecia na água. Olhei para baixo e o vi. David estava ao meu lado. Meu espírito, mente ou alma, o que quer que fosse, foi subindo pelo espaço, cada vez mais alto. Atravessou o  teto e pairou acima do rio, ao crepúsculo. Sentia que estava voando literalmente... não, voar não era a palavra certa... era mais gentil do que isso... flutuar parecia uma palavra mais apropriada... flutuar cada vez mais alto, até que podia contemplar as montanhas, a paisagem lá embaixo, reconhecendo o que vira durante o dia.
Ligado ao meu corpo havia um cordão prateado muito fino, que permanecia preso ao corpo, ainda na água. Não era um sonho. Eu estava consciente de tudo. Estava consciente de que não queria me elevar para muito longe do meu corpo. Sentia-me indiscutivelmente ligada ao corpo. Mas era certo que sentia duas formas... a forma do corpo lá embaixo e a forma do espírito que se elevava. Estava em dois lugares ao mesmo tempo e aceitava isso integralmente. Estava consciente, enquanto me elevava a energia vibracional ao meu redor. Não podia vê-la, mas experimentava um novo senso de "sentir". Era a sensação de uma nova dimensão de percepção que não tinha qualquer relação com ouvir, ver, cheirar, provar ou tocar.Não podia descrever para mim. Sabia que estava ali, fisicamente, mas sabia também que meu corpo estava lá embaixo."

Laços energéticos
O que passou com a atriz? O que é cordão prateado? O que ocorreu com ela foi um desdobramento, uma viagem astral. Enquanto seu corpo físico permanecia na água, seu corpo astral (também chamado de perispírito) elevou-se na atmosfera.
Segundo O Livro dos Espíritos, o perispírito se torna mais etéreo conforme o espírito evolui. Na verdade, o perispírito refere-se a um conjunto de corpos sutis amplamente detalhados nas doutrinas espirituais orientais. Entre eles, temos o corpo astral (também chamado de psicossoma, corpo espiritual, etc.), o corpo mental, entre outros.De maneira simplificada, o perispírito pode ser entendido como sendo o corpo fluídico da alma e, durante a reencarnação, é o elo intermediário entre o espírito e o corpo físico.
A ligação entre os dois corpos (físico e astral) ocorre através de "laços" energéticos, que  são mais concentrados em determinados centros de força (chakras). Devido a essa concentração energética em certas regiões, ele é visto como se fosse um cordão, um fio prateado, um laço fluídico. Esse cordão fluídico prateado é conhecido desde a Antiguidade.Na Bíblia, em Eclestiastes 12:6 e 7 podemos ler: "Antes que se rompa o cordão de prata e se retire a fita de ouro e se quebre a cântara sobre a fonte e se desfaça a roda sobre a cisterna, e o pó se torne na sua terra de onde era, e o espírito volte para Deus, que o deu."
André Luiz, no livro Nosso Lar, psicografado por Francisco Cândido Xavier, descreve essa ligação perispírito-corpo através da narrativa de um fato ocorrido com ele. Dirigindo-se, certa noite, ao grande portão das câmaras, para observar a volta dos samaritanos,que eram socorristas, tomou um caminho cercado de árvores frondosas e acolhedoras. Já próximo da grande cancela, admirava os campos de grande cultura, o céu e o luar, enquanto orava. Relata André Luiz: "Instantes depois divisei ao longe dois vultos enormes que me impressionaram vivamente. Pareciam dois homens de substância indefinível, semiluminosa. Dos pés e dos braços pendiam filamentos estranhos, e da cabeça como que escapava um longo fio de singulares proporções. Tive a impressão de identificar dois autênticos fantasmas. Não suportei. Cabelos eriçados, voltei apressadamente ao interior. Inquieto e amedrontado, expus a Narcisa a ocorrência, notando que ela mal continha o riso.
-Ora essa, meu amigo - disse,por fim, mostrando bom humor -, não reconheceu aquelas personagens?
Fundamente desapontado, nada consegui responder, mas Narcisa continuou:
-Também eu, por minha vez, experimentei a mesma surpresa, em outros tempos. Aqueles são os nossos próprios irmãos da Terra.Trata-se de poderosos espíritos que vivem na carne em missão redentora e podem, como nobres iniciados da Eterna Sabedoria, abandonar o veículo corpóreo, transitando livremente em nossos planos. Os filamentos e fios que observou são singularidades que os diferenciam de nós outros. Não se arredeie, portanto. Os encarnados que conseguem atingir estas paragens são criaturas extraordinariamente espiritualizadas, apesar de obscuras ou humildes na Terra."
Segundo Palhano Júnior, "O cordão fluídico é a última ligação que se rompe para a libertação do espírito no momento da morte do corpo. O escritor de Eclesiastes, por certo, já possuía o conhecimento do cordão fluídico, pois a vidência era fator preponderante entre os profetas, médiuns dos hebreus". Segundo ainda Palhano, "Esse cordão fluídico está ligado à região cerebral, provavelmente no centro de força coronário, e parece ser a ligação mais forte, entre outras tantas que envolvem os outros centros de forças principais e secundários.O filamento estende-se ao infinito, à medida que o espírito se afasta do corpo, mas constitui o cabo de intercâmbio perispírito-corpo."

O desencarne
Em O Psiquismo Experimental, Alfred Erny cita o Dr. Ciriax, que afirma que "o modo por que a morte é descrita, por centenas de clarividentes, prova que a alma sai do corpo pelo crânio. Notaram esses videntes que, logo após essa saída, uma nuvem vaporosa se eleva acima da cabeça e , tomando a forma humana, se condensa pouco a pouco, assemelhando-se cada vez mais à pessoa morta. Mesmo depois de formado, esse corpo se condensa ligado por algum tempo ao despojo carnal por um laço fluídico que parte da região intermediária entre o coração e o cérebro."
Em O Livro dos Espíritos, temos uma importante elucidação a respeito desse assunto. À pergunta "Como se opera a separação da alma e do corpo?", os espíritos responderam: "Rotos os laços que a retinham, ela se desprende." Às perguntas " A separação se dá instantaneamente por brusca transição? Haverá alguma linha de demarcação nitidamente traçada entre a vida e a morte?" responderam o seguinte: "Não; a alma se desprende gradualmente, não se escapa como um pássaro cativo a que se restitua subitamente a liberdade. Aqueles dois estados se tocam e confundem, de sorte que o Espírito se solta pouco a pouco dos laços que o prendiam. Estes laços se desatam, não se quebram." Observe bem: os espíritos usaram o verbo desatar para o desprendimento do espírito e não quebrar ou cortar.
Para corroborar esse ensinamento dos espíritos que participam da codificação do Espiritismo, temos a narrativa feita pelo espírito Irmão Jacob, na obra Voltei, psicografada por Chico Xavier, dos últimos instantes de sua vida corpórea, quando se processou o desatamento dos liames que o prediam ao corpo somático." As mãos do passista espiritual concentravam-se agora no meu cérebro. Demoraram-se quase duas horas sobre os contornos da cabeça. Suave sensação de bem-estar voltou a dominar-me, quando experimentei abalo indescritível na parte posterior do crânio. Não era uma pancada. Semelhava-se a um choque elétrico, de vastas porções, no íntimo da substância cerebral. Aquelas mãos amorosas, por certo, haviam desfeito algum laço forte que me retinha ao corpo de carne...".
A seguir, o irmão viu-se diante de tudo que havia sonhado, arquitetado e realizado na vida, como se assistisse a um filme cinematográfico. Sentiu-se sozinho e amedrontado. Após uma certa perturbação, lembrou-se de Jesus e readquiriu a confiança. As perturbações foram sustadas graças ao auxílio de protetores espirituais. Viu, então, a filha Marta a estender-lhe os braços e a convidá-lo ao descanso. Apesar do júbilo que o dominava ao ver a filha querida, não conseguiu se manifestar porque os órgãos da fala estavam em descontrole. Percebendo a sua dificuldade, Marta afagou-lhe a fronte e falou com meiguice:" - Os nossos benfeitores desatam os últimos elos Enquanto isto, façamos nossa oração." A expressão "últimos elos" demonstra que além do chamado cordão fluídico ou fio prateado, muitos outros liames prendem o corpo físico ao perispírito.
Pudemos notar que o desprendimento do irmão Jacob foi relativamente rápido, denotando o seu adiantamento espiritual. O tempo que leva para esse desatamento é muito variável entre os seres humanos. Os mais elevados se desatam mesmo antes do corpo dar o último suspiro. Outros menos adiantados e muito ligados à matéria podem levar muito tempo para se libertarem totalmente.
Em Obreiros da Vida Eterna, de André Luiz, psicografia de Chico Xavier, encontramos referências sobre o fio de prata. Ao narrar o desencarne de um senhor chamado Dimas, o autor assim se expressa: "Dimas-desencarnado elevou-se alguns palmos acima de Dimas-cadáver, apenas ligado ao corpo através de leve cordão prateado, semelhante a sutil elástico, entre o cérebro de matéria densa e o cérebro de matéria rarefeita do organismo liberto."
É interessante notar que o cordão prateado de Dimas não foi desatado de imediato. Como não estava preparado para desenlace rápido, a operação foi deixada para o dia seguinte. O recém-desencarnado foi deixado aos cuidados daquela que lhe fora desvelada mãezinha no mundo físico, para que não fosse perturbado. Quando ocorre o desprendimento do último laço que prende o perispírito ao corpo, o espírito não volta mais a este. Como ser imortal, vai percorrer novos caminhos, sempre de acordo com o nível evolutivo.