domingo, 27 de março de 2011

A importância da família na evolução espiritual


A família é o cenário perfeito no qual somos inseridos, porque proporciona inúmeras possibilidades de reajustes


Por Bruno J.Gimenes


Carma é uma expressão que vem do sânscrito (Karma) e significa ação. Na prática, tudo que fazemos gera consequência ou carma. O que realmente importa é se o carma será bom ou ruim. Evitar o carma é impossível, mas é possível agir para que ele seja positivo. Isso pode significar uma ação que deve ser tomada para reparar erros do passado.
Geralmente, numa família foram reunidas, em um único grupo espiritual, almas afins, principalmente no que tange às necessidades de evolução espiritual. Cada família, ou melhor, cada grupo espiritual que se reúne em uma experiência aqui na Terra tem um propósito comum entre seus integrantes, no entanto, genericamente, as famílias se formam para aflorar suas afinidades e qualidades e é aí que os conflitos começam, principalmente porque não estamos acostumados a enxergar a família como o celeiro da reforma íntima na Terra.
Há uma percepção por parte do ser humano espiritualizado que diz que a Terra é uma escola, porque aqui nos são oferecidas todas as condições necessárias para que possamos evoluir: experiências e situações transformadoras que tem o papel de educar e domar nossos instintos inferiores e estimular a angelitude de nossas almas, através do desenvolvimento do amor. Para compreendermos bem a importância da família no cenário da missão evolutiva que cada alma encarnada tem nesse planeta, entenda que se a Terra é uma escola, então, a família é a sala de aula.
"A família é a união de espíritos reunidos por laços cármicos e de afinidade".

Laboratório evolutivo

A família é o cenário perfeito no qual somos inseridos, porque proporciona inúmeras possibilidades de reajustes de uma só vez. Na família se reencontram desafetos de outras vidas, vilões e suas vítimas, assassinos e assassinados, assaltantes e assaltados e tantas outras relações mal resolvidas do passado que são rearranjadas na estrutura da família.
Quanto mais próximos estamos de uma ou mais pessoas, quanto mais perto é esse convívio, podemos notar duas situações mais específicas:
Grande afinidade: quando a relação é harmônica, feliz, suave, tranquila e, principalmente, sem cobranças de comportamento entre as pessoas.
Necessidade de reajuste: quando a relação é conflitante, conturbada, as emoções positivas oscilam muito com as negativas, o clima é intenso, há grande cobrança de comportamento entre os integrantes do grupo.

Grau de parentesco

O que faz com que certa pessoa tenha esse ou aquele grau de parentesco em relação a você?
Pense, reflita um pouco...
Como citado anteriormente, a família é a união de espíritos reunidos com o propósito de aflorar as afinidades, bem como eliminar desarmonia e curar os desafetos nas relações. Vale a pena evidenciar que a sabedoria divina é tão bondosa que ela não só reúne espíritos conflitantes em uma família, mas também permite a aproximação de espíritos afinizados por sentimentos positivos.
Acreditamos que se só houvessem almas conflitantes em uma família a reforma íntima e a harmonização entre os espíritos em conflitos seria muito dificultada. Assim sendo, Deus, em sua infinita demonstração de amor, proporciona que tenhamos estreito contato com as almas de maior sintonia também, favorecendo o sentimento de amor, respeito, entre tantos outros.
Olhe para sua família, faça uma análise criteriosa... Perceba que você não demorará muito para compreender que alguns integrantes são pessoas que recebem seu maior afeto; outros, o seu desafeto ou no mínimo a sua indiferença. Não caia nessa armadilha, já que nessas pessoas identificamos nossas maiores necessidades de reajuste. O importante é o que esse parente pode proporcionar como ferramenta pedagógica para a evolução da alma humana.
É comum haver como proposta de evolução na relação de uma mãe com um filho a necessidade de amar incondicionalmente, a necessidade do desenvolvimento da paciência, da dedicação de tempo, autorrenúncia, entre tantos sentimentos envolvidos que só quem é mãe sabe.
A relação de sogra e genro, por exemplo, tem como característica típica o afloramento do ciúme, da posse, do apego, por isso é tão comum haver conflitos entre sogra e genro.
Em todos os casos, inúmeras situações mostram, no mundo todo, que famílias podem se harmonizar com grande naturalidade, desde que, em primeiro lugar, estejam dispostas a aprender a amar e, principalmente, a dizimar as cobranças baseadas nos sentimentos negativos. Essas cobranças de comportamento são as grandes causadoras de conflitos entre as famílias e as principais responsáveis pelo aprisionamento que as almas têm umas com as outras, mostradas por sucessivas encarnações que não conseguem produzir a transmutação das relações, criando na maioria das vezes o aumento desses conflitos, gerando um "emaranhado cármico".

Momentos de mudança

Muitas vezes, durante uma vida, nota-se certas mudanças que hora aproximam, hora distanciam as relações. Essas situações podem lhe mostrar o afloramento das necessidades de harmonização das relações, bem como, podem lhe dar indícios de que essa harmonização já está ocorrendo.
Tudo que ocorre na nossa família pode significar muita coisa.
Não se entristeça, não se vitimize. Nada está errado. A vida não nos dá muitas vezes o que achamos melhor ou o que desejamos, mas sempre nos oferece o que necessitamos para evoluir.
Reclamar, lamentar, se vitimizar por conta da sua estrutura familiar é um grande erro que mostra que você ainda não  sabe absolutamente nada sobre a importância da família na evolução espiritual.
Não estamos aqui cobrando que seu comportamento seja paciente ou sério, sorridente ou mais severo ou qualquer que seja...
Estamos apenas recomendando que desperte para o entendimento da importância da família na sua evolução espiritual.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Os espíritos e o mundo espiritual


Os espíritos constituem todo um mundo à parte, que preexiste e sobrevive ao mundo físico. Mas, estes dois mundos estão em constante relação, reagindo incessantemente um sobre o outro.
Devido ao sucesso do livro Nosso Lar e, mais recentemente, do filme, muitas pessoas pensam que o mundo dos espíritos se localiza no espaço. Na verdade, o mundo espiritual está em toda parte.Os espíritos habitam o nosso planeta, fazendo parte- sem que a maioria se dê conta - do nosso cotidiano. Influenciam nossos pensamentos, compartilham sentimentos e emoções e nos induzem a ações variadas, do altruísmo puro aos atos mais pueris e inferiores que o ser humano é capaz de cometer. Mais do que isso; "(...) os espíritos são uma das forças da Natureza e instrumentos de que Deus se serve para a realização dos seus desígnios providenciais (...)" - O Livro dos Espíritos, questão 87.
Mas a liberdade dos espíritos varia de acordo com o grau de evolução de cada um. Há determinadas regiões espirituais em que os espíritos mais ligados ao plano material não tem acesso.
Não sabemos definir a origem do espírito. Ele faz parte de uma realidade que preexiste e transcende a matéria, em seus incontáveis graus de densidade. Talvez, o máximo que raríssimas pessoas consigam é perceber a essência espiritual por meio de estados ampliados da consciência, via meditação.
Os espíritos que orientaram Kardec tentaram traduzir em palavras a "forma" do espírito, dizendo: "(...) O Espírito é, se quiserdes, uma chama, um clarão ou uma centelha etérea." - OLE, q.88. Entendo que se trata de uma analogia, não significando que o espírito - em essência - tenha essa forma, pois qualquer forma pressupõe algum tipo de matéria/energia, e espírito não é matéria.
O espírito possui um corpo, que podemos definir como energético, vaporoso, sutil, astral... enfim, uma espécie de cobertura que permite que ele se manifeste e interaja no meio em que vive. Esse corpo, elo de ligação do espírito com o corpo físico, é chamado de perispírito. Geralmente, nos seres ainda vinculados ao nosso planeta, ele tem a mesma aparência do corpo físico que o espírito tinha na última encarnação. Mesmo você, que está encarnado, possui o perispírito. É um corpo etéreo; por isso, os espíritos mais depurados conseguem se mover com a velocidade de um pensamento, penetrando toda matéria. Eles podem, inclusive, irradiar seu pensamento para vários pontos, fazendo-se presente em todos.
Os espíritos comunicam-se conosco, agem em nosso meio de acordo com suas possibilidades, ao mesmo tempo em que mantêm toda uma sociedade no mundo espiritual que se assemelha em muito com nosso modo de viver, conforme a evolução daqueles que a compõem. Dessa forma, os espíritos são uma realidade muito próxima da gente, e podem trazer o amparo ou a desgraça de muitos.
E você... está consciente dessa realidade espiritual?

Victor Rebelo, editor-chefe
Rev. Cristã de Espiritismo

segunda-feira, 7 de março de 2011

Um Conceito de perdão que liberta


A idéia de perdão como esquecimento automático das faltas tem levado muitas pessoas a viver uma vida emocionalmente miserável

Por Wanderley Oliveira

O conceito de perdão como atitude de esquecer o mal que alguém nos fez ou como uma virtude de retomar o relacionamento com o ofensor da mesma maneira que antes da ofensa, são enfoques que necessitam ser reconsiderados, porque perdão não tem nada a ver com amnésia das faltas ou negar a dor emocional para continuar a relação com alguém da mesma maneira.
Por conta dessas duas formas de enxergar o perdão, muitos de nós passamos por problemas graves de exploração emocional por parte do ofensor. Não se utilizando da memória, alegando que esquecemos o fato gerador da mágoa, poderemos passar novamente pela mesma experiência e , negando a dor emocional para manter um relacionamento que nos interessa ou do qual não temos como romper instantaneamente, ficaremos com um peso emocional não transmutado e que poderá nos prejudicar de várias formas.

A ofensa e os ofensores

O perdão que o evangelho propõe e que os sábios guias comentam na questão 886, de O Livro dos Espíritos, é o perdão das ofensas, antes mesmo do perdão aos ofensores. Há uma enorme diferença entre perdoar ofensas e ofensores. A ofensa é a dor que trazemos no peito em decorrência da atitude lesiva de outrem contra nós, e o ofensor é o sujeito que intencionalmente ou não foi agente ativo deste processo emocional. A ofensa é o conjunto de sentimentos que derivam do ato lesivo. Entre eles está a raiva, a sensação de injustiça, a dor da decepção e da frustração de sonhos e expectativas. Se não resolvemos conosco estes sentimentos, será infrutífero o ato de procurar o ofensor para o perdão. Concluímos, portanto, que perdoar é algo que começa em nós para depois se expressar na relação. Claro que isso tem variações, como nos casos, por exemplo, de marido e esposa, relações profissionais e outras tantas formas de conviver, nem sempre o distanciamento físico será possível, e assim a mágoa estará presente no dia a dia sem que tenhamos o tempo que seria desejável para curar as ofensas e, depois, criar uma nova relação ou, até mesmo, romper definitivamente com o ofensor.
Nos ambientes religiosos, o conceito de perdão como esquecimento automático das faltas tem levado muitas pessoas a viver uma vida emocionalmente miserável, repleta de culpa, raiva contida, tristeza, exploração afetiva e depressão. E o pior...depois que desencarna ainda vai ter que ser tratado no mundo espiritual como enfermo grave. O espírita, nesse aspecto, utiliza do karma para justificar suas dores, sendo que karma não tem nada a ver com fazer de conta que não estamos sentindo algo que necessita ser curado em nós. Ao contrário, o karma da mágoa é impulsionador, mobilizador. Vamos refletir neste prisma?

Um fator de mudança

A mágoa é uma experiência muito dolorosa para não ter um sentido divino em nossas vidas. Quem é ofendido está sendo convocado a enxergar algo que não quer ver. Ser magoado significa ter que olhar a vida sobre uma perspectiva que não queríamos ou gostaríamos; significa ter que olhar de forma diferente para nós, para nossas relações ou para a nossa vida como um todo.
Vamos dar um exemplo: uma pessoa confia demais na outra e confia-lhe um bem ou uma empresa. Depois de um tempo, que pode ser curto ou muito longo, descobre que a pessoa que ela mais confiava a estava traindo ou destinando indevidamente aquele bem ou aquela empresa. Então, o ofendido se volta contra o ofensor, que é a tendência mais comum. Entretanto, ele não percebe que o ocorrido tem a ver com ele também. Tem a ver, por exemplo, com sua acomodação, com sua preguiça de acompanhar ou gerenciar suas responsabilidades. Tem a ver com o fato de não saber dizer "não". Esse caso singelo pode ser percebido com muita frequência nos relacionamentos. Pais com filhos, chefes com empregados, dirigentes com frequentadores de centros espíritas, enfim, em qualquer nível de convivência. O assunto é muito amplo.

A misericórdia

No livro Quem Perdoa Liberta, o autor José Mário deixa bem claro que o Grupo X, um grupo espírita no qual é tecido o enredo da obra, faltou o perdão pela perspectiva da misericórdia. Isso levou o grupo às piores consequências de dor e separação.
A misericórdia é a atitude de romper com os fios da mágoa através do movimento de focar a vida mental no melhor que o outro é. Quem consegue aplicar a misericórdia, além de proteger das ofensas contra si, enobrece sua atitude não criando elos com a dor emocional da ofensa e seus reflexos em nossas vidas, libertando-se para um estágio de vida rico de atitudes sadias e educativas, defensivas e fortalecedoras.
Impossível esgotar o tema. Fiquemos com essas considerações a título de debate. Nada conclusivo. A ideia é só mesmo a de abrir o tema para o estudo e a conversa.

Perdão das ofensas
887. Jesus também disse: Amai mesmo os vossos inimigos.Ora, o amor aos inimigos não será contrário às nossas tendências naturais e a inimizade não provirá de uma falta de simpatia entre os Espíritos?
" Certo ninguém pode votar aos seus inimigos um amor terno e apaixonado. Não foi isso o que Jesus entendeu de dizer. Amar os inimigos é perdoar-lhes e lhes retribuir o mal com o bem. O que assim procede se torna superior aos seus inimigos, ao passo que abaixo deles se coloca, se procura tomar vingança."
O Livro dos Espíritos,questão 887. Allan Kardec.