quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A reencarnação e o caminho evolutivo


O mundo oferece muitos atrativos que desviam o espírito de
uma boa trájetória. Por isso, o "Orai e Vigiai"
                    
Por José Amaral
 

Jesus, quando viveu entre nós, deixou uma profunda lição: Entrai pela porta estreita, que é apertado, o caminho, mas conduz para a vida, embora poucos a acertam. Não entrai pela porta larga, porque espaçoso é o caminho que leva a perdição e muitos entram por ela.
Depois de observar o Evangelho e seguir os ensinamentos do cristo, como diz Emmanuel, através de Chico Xavier: "Para além das cinzas do túmulo, há paz de consciência e alegria profunda no dever nobremente cumprido, mas, se te afeiçoas  à bondade e à renúncia, poderás quanto quiseres, continuar auxiliando os entes amados que aprendestes a venerar e querer, ou prosseguir exaltando os ideais e as tarefas edificantes que abraças. Só assim encontrarás a felicidade eterna."
Para encontrar essa felicidade, é preciso passar pela "porta estreita" e obedecer a Lei de Deus, através das reencarnações sucessivas, que são trajetórias percorridas. Cada reencarnação é uma trajetória, é uma porta que se abre e uma oportunidade que se oferece para evoluir. É uma reencarnação proveitosa, se o caminho é apertado.
O mundo oferece muitos atrativos que desviam o espírito de uma boa trajetória, levando-o para uma reencarnação sem proveito. Por isso Jesus ensinou: "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca" - (Mt, 26:41).
Kardec nos adverte: "Quando em um mundo, os espíritos hão realizado a soma de progresso que o estado desse mundo comporta, deixam-no para encarnar em outro mais adiantado, onde adquirem novos conhecimento e assim por diante, até que, não lhes sendo mais de proveito alguma encarnação em corpos materiais, passam a viver exclusivamente da vida espiritual, na qual continuam a progredir, mas noutro sentindo e por outros meios. Chegados ao ponto culminante do progresso, gozam da suprema felicidade. Admitidos nos conselhos do Onipotente, conhecem-lhe o pensamento e se tornam seus mensageiros, seus ministros diretos no governo dos mundos, tendo sob suas ordens os Espíritos de todos os graus de adiantamento" - (Gênese, 11:28).
A reencarnação foi um tema que mereceu de Pietro Ubaldi especial atenção em sua obra. Somente no livro Problemas Atuais, escreveu mais de 100 páginas. Vamos destacar apenas duas, que se encaixam no tema abordado aqui:
"No sistema reencarnacionista o eu é uma individuação eterna, personalidade em formação pela evolução, única responsável diante da Lei; personalidade que colhe em bem ou mal, sob a forma de destino, o que ela quis livremente semear. Só assim a ninguém se pode culpar, e em cada caso apenas aceitar e bater no peito, até alegrando-se mesmo, porque corrigido o erro e aprendida a lição com a prova, tudo se restabelece, na ordem que foi violada e na alegria ansiada. Assim a mente compreende, e quem compreendeu pode aceitar melhor e saber sofrer, sem culpar a outros, mas apenas a si mesmo, pode, suportando melhor, adaptar-se à sua dura posição de dor, quando sabe a função corretiva desta. As ideias de punição e vigança excitam à revolta contra Deus, que então aparece egoísta e injusto.
Herdeiros de nós mesmos
Na realidade, todos nós somos filhos apenas de nós mesmos, e nossa posição presente é a consequência fatal de nosso passado livre. Os pais nos dão o corpo físico, da mesma natureza que os seus, mas não a alma. Só nosso corpo de carne é filho de sua carne; nosso espírito, porém, é filho apenas de suas próprias obras. É o nosso eu que escolhe em que ambiente nascer e, se o não sabe ainda fazer, é nisto guiado pelas sábias forças da vida. É evidente a todos que as crianças têm uma personalidade sua própria desde pequenos. Esta, desde o início, é bem definida, de modo que a seguir, mesmo delineando-se melhor nos particulares, continua idêntica e irremovível em suas notas fundamentais. É assim que o gênio não se transmite, porque não é filho dos pais. É assim que entre irmãos, se há semelhanças exteriores, as personalidades são inconfundíveis, e com frequência são diferentíssimas. E se há afinidade entre pais e filhos, esta é dada pelo corpo, resulta do ambiente comum, mas sobretudo da necessidade de que as almas sejam afins, para que uma possa avizinhar-se tanto da outra, que chegue a vestir-se com a mesma carne.
Para revestir-se com uma carne da mesma natureza, é necessária uma sintonização espiritual. Assim se explica também, ainda que isto nem sempre se verifique, certa nota espiritual semelhante entre pais e filhos.
As observações em favor da tese reencarnacionista são muiyas, porque com ela tudo se explica, sem ela se confunde tudo. Se só houvesse o canal da hereditariedade fisiológica, depois de passada a época da reprodução, que significado experimental teria a vida no sentido da evolução? Nenhum. Seria tempo perdido. Aprender-se-ia uma liçaõ toda terrestre, em função da vida física, para usufruir um ócio eterno num mundo espiritual, sem corpo e sem a nossa matéria, num ambiente em que não se compreende como poderiam ser utilizadas essas qualidades. Como pode uma experiência toda material servir de escola a fim de preparar-se para uma vida totalmente espiritual? Quando somos jovens, temos força, mas não a experiência. Quando somos velhos, temos a experiência, mas a força e a vida desaparecem. É verdade que os jovens, vivendo, usam a força para transformá-la em experiência.
Mas esta experiência não é usada na terra, porque sobrevém a morte; não se transmite aos filhos porque nascidos há muito tempo, e, nos ambientes não terrestres, é de uso difícil. Para que serviria então este conhecimento terreno específico, se não se regressasse à Terra, onde, somente aí, pode ele ser usado? E com efeito vemos nascerem pessoas com qualidades inatas, atitudes instintivas de caráter nitidamente humano, que só podem explicar-se como resultado de um trabalho terreno precedente de construção. Não há outro modo de explicar-se isto, num universo em que nada se cria e nada se destrói."