quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Enigmas da Obsessão


Entenda este mal, que se apresenta de
várias formas e é constantemente tratado nos centros espíritas e umbandistas


Por Paulo Gustavo Tavares


Há muito tempo a humanidade terrena vem sofrendo males causados pelo que denominamos, hojes em dia, no meio espírita e em alguns movimentos espiritualistas, de obsessão.
Diversas calamidades, coletivas ou individuais, foram percebidas ao longo da história, geradas pela ignorância humana, ou seja, pelo pouco esclarecimento e desenvolvimento, moral e espiritual, fazendo assim, perdurar até e principalmente os dias atuais, o ambiente psíquico-energético nocivo e enfermiço.
Segundo Allan Kardec, no livro A Gênese, item 45, "Chama-se obsessão a ação persistente, que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diferentes, que vão desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais". Complementa ainda, em O Livro dos Médiuns, item 237: "... o domínio que alguns Espíritos sabem tomar sobre certas pessoas." Como se vê, a obsessão é algo muito sério e merece grande atenção, principalmente dos espíritas, que pelo esclarecimento que recebem, através das obras codificadas por Kardec e de muitas outras obras, escritas através da bendita via mediúnica e também por eminentes estudiosos, têm condições de erradicar, pouco a pouco, esse mal que aflige a humanidade, através da evangelização (elevação dos pensamentos e sentimentos) do homem e da terapêutica espiritual-desobsessiva.
Podemos encontrar nos evangelhos passagens que mostram claramente o fenômeno obsessivo de espíritos desencarnados sobre encarnados. Adaptando à linguagem da época, iremos encontrar relatos de pessoas que estavam sendo perturbadas e adoentadas pela presença dos " demônios no corpo" ou de espíritos imundos. Hoje, esses " demônios" são chamados pelos espíritas de espíritos perturbadores, sofredores, obsessores, ignorantes moralmente e inferiores. Temos, como exemplo, a passagem registrada pelo apóstolo Lucas, cap.9, v.39, que diz: " Eis que um espírito o toma e de repente clama e o despedaça até espumar; e só o larga depois de o ter quebrantado". E também em Marcos 5:8 e 9, que diz: "(Porque lhe dizia:sai deste homem, Espírito imundo. E perguntou-lhe: Qual é o seu nome? E lhe respondeu, dizendo: Legião é o meu nome, porque somos muitos. " Temos como referência também muitas passagens, que deixarei aqui registradas a título de curiosidade e estudo, a quem interessar: Lucas 8:2; Lucas 13:10-17; Lucas 22:31-34; Marcos 9:18-20; Marcos 9:25.
A obsessão é sempre causada pelas imperfeições humanas e pode ser colocada como sendo " a doença dos últimos tempos". E vários são os motivos que levam as pessoas a se envolverem nesse processo doentio, como, por exemplo, a maior das causas, a falta do perdão, que pode gerar até séculos de sofrimento, quando o motivo de uma inimizade , uma ofensa não é resolvida.
Sobre estes fatos, podemos encontrar exemplos muito mais esclarecedores nas muitas obras de Manoel Philomeno de Miranda pela psicografia de Divaldo Franco, em obras de André Luiz, por meio da mediunidade de Chico Xavier, nas obras da querida médium Yvone Pereira e de tantos outros médiuns, espíritos e estudiosos do assunto. Outro motivo que leva à instalação do processo obsessivo é a própria sintonia vibratória com espíritos de baixo nível espiritual que, em se afinizando com nossos propósitos, objetivos e tendências desqualificadas, buscam permanecer em nossa companhia. Quantos casos obsessivos são tratados nas casas espíritas e umbandistas, onde se verificam inimigos em ligações de ódios e vinganças por diversas encarnações! E quantos e quantos sanatórios e hospícios são superlotados por homens e mulheres, que se encontram em perturbações geradas pela cobrança vingativa de inimigos do passado! Muitas técnicas são utilizadas em casas espíritas e espiritualistas, como o trabalho de desobsessão e a apometria,visando " desmanchar", ou melhor, resolver todo o processo perturbador físico-espiritual, através do esclarecimento e do tratamento, tanto da vítima como do algoz obsessor.

Diferentes tipos de obsessão

Existem obsessões em variados graus e apresentando caracteres diversos, desde uma simples influência moral até perturbações profundas, da mente e do organismo físico, podendo levar o obsidiado ao desencarne. Podemos analisar ainda, obsessões individuais e coletivas, algumas com processos mais simples e outras mais complexas, podendo também haver as que são geradas diretamente, ou seja, tendo o obsessor a vontade de predicar a vítima, mas também as obsessões indiretas, onde não há a vontade de maltratar aquele que sofre as consequências, sendo causada assim, pela simples aproximação de um espírito sofredor, que ao lado do obsidiado, se vê aliviado de suas dores e sofrimentos. Segundo Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, a obsessão se instala em três estágios, tais quais se seguem: obsessão simples, fascinação e subjugação, que estão bem explicadas nesta magnífica obra da codificação, no capítulo XXIII.
Continuando o estudo das obsessões, não podemos deixar de dizer que obsessão não significa apenas a perturbação de desencarnados sobre os encarnados. Vai muito mais além. Existem, nas obsessões, as ações de desencarnados sobre desencarnados; a ação de desencarnados sobre encarnados; de encarnados para desencarnados; de encarnados sobre encarnados - e isso é identificado facilmente quando nós procuramos prejudicar, difamar e se vingar de alguém que nos tenha incomodado por um motivo qualquer, por exemplo, em nosso serviço, na família, etc.; as obsessões recíprocas, ou seja, onde ambos os envolvidos são obsessores um do outro e também, a auto-obsessão, na qual somos nós mesmos os adversários do nosso bem-estar, pois muito nos aprisionamos nas teias dos pensamentos negativistas e pessimistas, que nos sufocam e aprisionam.
Infelizmente, identifica-se por todo o mundo essa enfermidade espiritual, em todos os cantos da Terra, em que encontra terreno fértil para se desenvolver mais e mais com o adubo do negativismo, da impiedade, das paixões, do ódio, do racismo, da ignorância, do sexo desregrado, do desespero, da invigilância, do orgulho e da avareza. Entretanto, apesar de tudo isso, estamos caminhando para o aperfeiçoamento, mesmo que por meio das dolorosas consequências das atitudes e sentimentos semeados ao longo do caminho. E só poderemos libertar essa humanidade da chaga obsessiva quando se abrirem os olhos para enxergar e os ouvidos para ouvir o apelo do mestre planetários para o despertar da consciência.
Jesus ofereceu-nos, para nosso uso, os medicamentos do Evangelho de Luz, receitando-nos o perdão, a compaixão, a espiritualização, a caridade, a felicidade, a humildade, a paz, a luz divina e o maior dos ensinamentos, o pai de todas as virtudes, o Amor incondicional para com todos, libertador de todas as misérias e doenças espirituais que assolam a humanidade, pois o Amor é a manifestação de Deus em toda parte.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Espiritualidade no dia a dia


Acreditamos que somente pelo fato de irmos a um
 centro espírita já somos espiritualizados...Devemos
 praticar a espiritualidade em nosso cotidiano, nas
 atitudes mais simples da vida
                    
Por  Quito Formiga e Paulo Pio

A humanidade é composta por seres espirituais vivendo vidas terrenas. Estamos todos em um aprendizado constante, procurando progredir em bondade, conhecimento e sabedoria, rumo a angelitude, pois esta é a lei.
É na terra que devemos exemplificar e praticar a espiritualidade. A cada nascer do sol somos chamados a espalhar os dons de Deus à nossa volta.
Um ser espiritualizado é aquele que já aprendeu o caminho a seguir e praticar atos de amor, perdão, bondade e realizações no bem onde quer que se encontre. Espiritualidade é enxergar o mundo com os olhos do amor.
Certa feita, Madre Teresa recolheu das lixeiras de Calcutá um mendigo, já às portas da morte. Ela o banhou, alimentou-o e o colocou em um leito limpo e arejado para que ele moresse com dignidade. O pobre homem a tomou pelas mãos e perguntou:
Senhora, qual é a sua religião?
Madre Tereza respondeu com os olhos marejados:
- Minha religião é você!
- E qual é o Deus que a senhora serve?
- Meu Deus é você!
Muitas vezes, confundimos conceito tão sublime com religião, acreditamos que ao visitarmos templos, igrejas ou centros espíritas, como colaboradores ou frequentadores destas instituições, estaremos praticando a espiritualidade que existe em cada um. Breves momentos da semana e estaremos "quites" com a nossa consciência de cristãos ocidentais.
A religião geralmente é um fator de desunião entre as pessoas, enquanto que a espiritualidade nos une em valores como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade.
Devemos praticar a espiritualidade em nosso cotidiano, nas atitudes mais simples da vida. O psicólogo e monge Jack Kornfield, em seu livro Depois do Êxtase, Lave a Roupa Suja (Ed. Cultrix), nos conta que após seu exílio no Tibete, sentiu muita dificuldade em adaptar-se à vida no Ocidente, por causa do nosso cotidiano materialista e insensível. Para não esquecer do que aprendeu, ele passou a utilizar os ensinamentos budistas nas pequeninas coisas da vida: Cantava mantras de compaixão a cada prato que lavava. Fazia orações enquanto esfregava o chão, pedindo para que, além dos pisos, o coração de todos a sua volta ficassem limpos, purificados e inocentes.
"Estar consciente e pleno ao lavar uma louça é mais profundo do que fechar os olhos e passar meia hora repetindo mantras" - Krishnamurti.
Segundo um artigo de revista Bons Fluidos: Atos aparentemente triviais, como pagar contas, ir ao trabalho e levar os filhos à escola, têm relevância espiritual. E estar consciente disso também é um fator de aperfeiçoamento. Mahatma Gandhi nos asseverava que: " Não dá para acertar num departamento da vida e continuar errando em outro. A vida é um todo indivisível".
Numa memorável conversa que teve com o Dalai Lama, o Frei Leonardo Boff deixou-nos lições eternas de como devemos viver nossa religiosidade:
- No intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, na qual ambos participávamos, eu, maliciosamente, mas também com interesse teológico, perguntei ao Dalai Lama, em meu inglês capenga:
- Santidade, qual é a melhor religião? Esperava que ele dissesse: " É o Budismo tibetano" ou "São as religiões orientais, muito mais antigas que o Cristianismo". O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos, o que me desconcertou um pouco, pois eu sabia da malícia contida na pergunta, e afirmou:
- A melhor religião é aquela que te faz melhor.
Para sair da perplexidade diante de tão sábia resposta, voltei a perguntar:
- O que me faz melhor?
- Aquilo que te faz mais compassivo, aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável... A religião melhor que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião...
Calei, maravilhado, e até os dias de hoje estou ruminando sua resposta sábia e irrefutável.
Quando aprendermos a caminhar no mundo agindo no bem, realizando com desprendimento e amor nossas responsabilidades; quando a energia da reforma íntima fluir graciosamente dos nossos corações, nos tornaremos seres espirituais e poderemos dizer, como o apóstolo Paulo de Tarso:
" Não sou eu mais quem vivo, mas Cristo que vive em mim".