sábado, 20 de novembro de 2010

O desenvolvimento da Mediunidade


"Respeitando os ciclos etários e procurando pautar o desenvolvimento no estudo sério, o médium não
 estará sujeito ao mau uso de seu dom."

Por Edvaldo Kulcheski
Embora em diferentes graus e tipos, todos nós temos a mediunidade e, por esse motivo, todos somos médiuns.
Essa faculdade é inerente ao ser humano, não constituindo um privilégio exclusivo. Porém, entendemos comumente como médium todo aquele que sente a influência dos espíritos de forma ostensiva.
Reparemos que, ao nosso redor, há ignorância, miséria, lágrimas, feridas, dores e erros. Pois bem, é por meio dos médiuns que os espíritos nos instruem suavizam a miséria, enxugam as lágrimas, cicatrizam as feridas, mitigam as dores e corrigem os erros. A mediunidade, quando equilibrada, faz com que nós, habitantes da Terra, trabalhemos juntos na construção do reino de Deus.

Mediunidade infantil

Geralmente, o processo de desenvolvimento da mediunidade é cíclico, ou seja, ocorre por meio de etapas sucessivas em forma de espiral. O primeiro ciclo vai de zero aos 12 anos de idade, período no qual as crianças possuem a mediunidade à flor da pele, por assim dizer, mas com o resguardo da influência benéfica e controladora dos espíritos protetores, chamados por algumas religiões de " anjo da guarda".
Nessa fase infantil, as manifestações são mais de caráter anímico. A criança projeta sua alma nas coisas e nos seres que a rodeiam, recebe as inpirações orientadoras de seus protetores, às vezes observa e denuncia a presença de espíritos e, não raro, transmite avisos e recados destes aos familiares de maneira positiva e indireta. Quando passam dos sete ou oito anos, as crianças se integram melhor ao condicionamento da vida terrena,desligando-se progressivamente das relações espirituais e dando mais importância às relações humanas.
No entanto, não é aconselhável o exercício da mediunidade em crianças, uma vez que o organismo delas, débil e em formação, pode sofrer fortes abalos. Além disso, a imaginação está em intensa atividade e pode haver uma grande excitação, sem contar com que elas não possuem discernimento suficiente para lidar com os espíritos.
Às vezes, as manifestações mediúnicas apresentadas pela criança são causadas pelas perturbações existentes no ambiente do lar. Neste caso, o mais recomendável é atendê-la com passes, para eliminar as manifestações, e orientar o comportamento dos familiares adultos, para que as tensões espirituais não reflitam mais nela.
Agora, se a manifestação mediúnica for espontânea e equilibrada, deve-se aceitar os fenômenos com naturalidade, mas sem estimulá-los nem tampouco querer colocar a criança em um verdadeiro trabalho mediúnico. Convém que ela seja encaminhada para a evangelização e o conhecimento doutrinário adequados à sua idade, a fim de que, no futuro, ela esteja devidamente preparada para entender sua faculdade e empregá-la bem.

Adolescência

O segundo ciclo de desenvolvimento da  mediunidade começa geralmente na adolescência, a partir de 12 ou 13 anos de idade. Como dissemos, no primeiro ciclo só se deve intervir no processo mediúnico com preces e passes, para abrandar as excitações naturais da criança. Já na adolescência, o corpo amadureceu o suficiente para que as manifestações mediúnicas se tornem mais intensas e positivas. Então, é tempo de encaminhá-la com informações mais precisas sobre a questão da mediunidade.
Diante disso, não se deve tentar o desenvolvimento da mediunidade em sessões. O passe, a prece e as reuniões de estudo doutrinário são os meios de auxiliar o processo sem forçá-lo, dando ao adolescente a orientação necessária. A adolescência é a hora das aitvidades lúdicas, dos jogos e esportes, do estudo e aquisição dos conhecimentos em geral, de uma integração mais completa na realidade terrena. Portanto, não se deve forçar os adolescentes, mas estimulá-los no tocante aos ensinamentos espirituais, abrindo suas mentes para o contato mais profundo e constante com a vida no mundo. Os exemplos dos familiares influem mais em suas opções do que os ensinamentos e as exortações orais.

Juventude

Já o terceiro ciclo ocorre geralmente na passagem da adolescência para a juventude, entre 18 e 25 anos de idade, tempo dos estudos sérios. No entanto, se a mediunidade não se definiu devidamente até esta fase, não devem haver preocupações, uma vez que existem processos nos quais sua verdadeira eclosão leva até cerca de 30 anos para ocorrer.
Na verdade, a potencialidade mediúnica nunca permanecerá letárgica. Ela se atualiza com mais frequência do que supomos, passando de potência a ato em diversos momentos da vida, através de pressentimentos, previsões de acontecimentos simples, como o encontro de um amigo há muito tempo ausente, percepções extras sensoriais que atribuímos à imaginação ou à lembrança e assim por diante.
Portanto, os problemas mediúnicos consistem apenas e tão somente na disciplinação das relações espírito-corpo, que chamamos de "educação mediúnica". À medida que o médium aprende, como espírito, a controlar sua liberdade e selecionar suas relações espirituais, sua mediunidade se aprimora e se torna cada vez mais segura.
O bom médium é aquele que mantém o seu equilíbrio psicofísico e procede na vida de modo a criar para si mesmo um ambiente espiritual de moralidade, amor e respeito pelo próximo. A dificuldade maior está em se fazer o médium compreender que , para tanto, ele não precisa se tornar santo, mas apenas um homem de bem. Deve ser espontâneo, natural, uma criatura normal, que não tem motivos para se julgar superior aos outros. Quando não orientada para os caminhos do bom senso, a mediunidade pode turvar a vida e ser instrumento de perturbação geral, porém, em harmonia, pode fazer grandes coisas.

Vivência diária

A educação mediúnica pode começar no simples modo de falar aos outros, transmitindo bastante brandura, alegria, amor e caridade em todos os atos da vida. O desabrochamento de uma faculdade mediúnica e seu constante aprimoramento necessita, dentre outras coisas, de educação, esforço, disciplina e aquisição de valores morais e espirituais, a fim de se evitar ciladas, enganos, perigos e dissabores que podem ser gerados pela invigilância, pela indisciplina e pelo despreparo.
É importante que o médium não procure na mediunidade um objetivo de simples curiosidade, diversão ou interesse particular, mas que a encare como coisa sagrada que deve ser utilizada para o bem de seu semelhante, sustentada na elevação moral e no estudo sério e edificante. Na primeira fase do desenvolvimento, o médium deve evitar qualquer pretensão vaidosa no sentido de se supor capaz de grandes feitos mediúnicos.
Aquele que se educa espiritualmente e amadurece seu dom através do esforço, do estudo e da disciplina moral passa a ser assistido pelos bons espíritos, que o preservam das ciladas do mundo invisível. Os bons médiuns são raros por falta de uma educação e um adestramento seguro. A faculdade mediúnica é delicada e necessita de acuradas precauções, perseverantes cuidados, método, aspirações nobres e da conquista de uma cobertura espiritual de caráter elevado. O ambiente da prática mediúnica deve ser seguro, organizado e sério, para evitar o perigo de um falso desenvolvimento em que predominam as viciações, bem como os condicionamentos, o automatismo, as falsas concepções do que sejam os espíritos guias, as mistificações e a obsessão. 

"Aquele que se educa espiritualmente e amadurece
seu dom através do esforço, do estudo e da
disciplina passa a ser assistido pelos bons espíritos.
Os bons médiuns são raros..."

"O médium espírita é aquele que transmite
 brandura, alegria, amor e caridade em todos
 os atos da vida."
       




sábado, 13 de novembro de 2010

Espiritualidade e meio ambiente



"Tudo o que acontece à terra - acontece aos filhos da terra. O homem não teceu a teia da vida - ele é meramente um fio dela"
            
Por Quito Formiga

A palavra xamã originou-se do dialeto dos povos Tungos, da Sibéria, e significa " homem inspirado pelos espíritos". Trata-se de um sacerdote, que pode ser tanto homem como mulher. Este vulto está presente em centenas de culturas tribais pelo mundo e seu objetivo principal é visualizar o sagrado, o invisível aos olhos do ser comum. Para que isto aconteça, o xamã utiliza-se de rituais e instrumentos específicos, como o tambor, ervas medicinais ou alucinógenas, cantos, meditações, etc. Tudo com o intuito de acessar com maior plenitude o mundo dos espíritos e dos seres da natureza.
Os xamãs podem ser considerados grandes médiuns, com dons mediúnicos como os de cura, efeitos físicos, clarividência entre outros. Geralmente, são também detentores de grande sabedoria e amantes do meio ambiente. A bondade infinita de Deus programa a reencarnação de espíritos preparados para estes devidos fins e os colocam em culturas e tribos primitivas, no papel de pagés, xamãs, sacerdotes, caciques e curandeiros.
O cacique Seatlle, em sua célebre carta ao presidente dos Estados Unidos, no ano de 1855, deixou-nos um grave alerta para as gerações futuras. Vejamos o que ela diz em alguns trechos:
" (...) Cada parte da Terra é sagrada para o meu povo.
Cada pinha brilhante, cada praia de areia, cada névoa nas florestas escuras, cada inseto transparente, zumbindo, é sagrado na memória e na experiência de meu povo.
Tudo o que acontece à Terra acontece aos filhos da Terra.
O homem não teceu a teia da vida - ele é meramente um fio dela.
O que quer que ele faça à teia, ele faz a si mesmo.
(...) Nem o homem branco, cujo Deus com ele passeia e conversa como amigo para amigo, pode ser isento do destino comum. Poderíamos ser irmãos, apesar de tudo. Vamos ver, de uma coisa sabemos que o homem branco venha, talvez, um dia descobrir: nosso Deus é o mesmo Deus. Talvez julgues, agora, que o podes possuir do mesmo jeito como desejas possuir nossa terra; mas não podes. Ele é Deus da humanidade inteira e é igual sua piedade para com o homem vermelho e o homem branco. Esta terra é querida por ele, e causar dano à terra é cumular de desprezo o seu criador. Os brancos também vão acabar; talvez mais cedo do que todas as outras raças. Continuas poluindo a tua cama e hás de morrer uma noite, sufocado em teus próprios desejos.
Porém, ao perecerem, vocês brilharão com fulgor, abrasados, pela força de Deus que os trouxe a este país e,  por algum desígnio especial, lhes deu o domínio sobre esta terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é para nós um mistério, pois não podemos imaginar como será, quando todos os bisões forem massacrados, os cavalos bravios domados, as brenhas das florestas carregadas de odor de muita gente e a vista das velhas colinas empanada por fios que falam.
Onde ficará o emaranhado da mata? Terá acabado. Onde estará a águia? Irá acabar. Restará dar adeus à andorinha e à caça; será o fim da vida e o começo da luta para sobreviver.



sábado, 6 de novembro de 2010

O corpo espiritual


O espírito, em si, não tem forma definida e transcende a matéria.
É como que uma centelha divina, um "clarão". A origem de todos os espíritos está na Causa Primária de tudo, no Absoluto, em Deus. Para que o espírito possa se manifestar nos planos materiais, desde os mais sutis até os mais densos, como é o nosso caso, ele precisa de "corpos". Para poder se expressar neste nível físico denso, precisa do corpo carnal. Mas entre o espírito, que não tem forma definida,e o corpo físico, existem outros corpos que são intermediários, pois a natureza não dá saltos, tudo é gradativo.
O perispírito é um corpo sutil, que toma a forma humana e pode se apresentar em variados graus de densidade energética. É invisível aos olhos do corpo, mas através da clarividência podemos "vê-lo". As energias que partem das camadas mais profundas do Ser até o corpo físico (e vice-versa) passam pelo perispírito.
Quando vemos um espírito, seja em sonhos ou em estado de vigília, é o perispírito dele que enxergamos.
Hoje, seu corpo mais denso de expressão é o corpo físico. Quando você desencarnar, será através do perispírito que você se manifestará, pois ele não desaparece com a morte do corpo carnal.
Vejamos o que diz O Livro dos Espíritos, obra básica para entendermos a codificação espírita:
"Os seres materiais constituem o mundo visível ou corporal e os seres imateriais o mundo invisível ou espírita, quer dizer, dos espíritos.
O mundo espírita é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente de tudo.
O mundo corporal não é senão secundário; poderia cessar de existir, ou não ter jamais existido, sem alterar a essência do mundo espírita.
Os espíritos revestem, temporariamente, uma envoltório material perecível, cuja destruição, pela morte, os torna livres.
Entre as diferentes espécies de seres corpóreos, Deus escolheu a espécie humana para a encarnação dos espíritos que atingiramum certo grau de desenvolvimento, o que lhe dá a superioridade moral e Intelectual sobre os outros.
A alma é um espírito encarnado, do qual o corpo não é senão um envoltório.
Há no homem três coisas: 1*- O corpo ou ser material análogo aos dos animais e animado pelo mesmo princípio vital; 2*- A alma ou ser imaterial, espírito encarnado no corpo; 3*- O laço que une a alma ao corpo, princípio intermediário entre a matéria e o espírito."
Não tenha medo dos espíritos. Você é um espírito. Está encarnado neste corpo e esqueceu que a vida é eterna!
Amigos de outras existências estão te esperando no plano espiritual. Outros encarnaram com você. Não existe castigo eterno, pois Deus é a infinita Bondade.

Por Vitor Rebelo - editor chefe

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Mediunidade e experiências fora do corpo

O espiritismo tem como base a análise científica dos fatos e o raciocínio lógico, ou "a fé raciocinada". Não se resume aos fenômenos mediúnicos. Não podemos ficar presos apenas nas manifestações espíritas; precisamos conhecer, estudar e, mais ainda, vivenciar os ensinamentos contidos na codificação kardequiana e em outras obras.
Se não procurarmos conhecer a fundo os ensinamentos espíritas e apenas ficarmos admirados com os fenômenos, agiremos como um homem sedento que encontrou um copo de cristal cheio de água, mas morreu de sede por se demorar admirando a beleza do corpo.
A mediunidade, trabalha com princípios elevados e altruístas, é como um belo cristal a refletir a sabedoria Divina. Os ensinamentos que os espíritos superiores nos transmitem é a água fresca que a humanidade tanto necessita para revigorar seu espírito sedento de Paz.

As experiências da alma no plano espiritual

Para que o espírito, a essência criadora, centelha divina sem forma, possa se manifestar no universo das energias, das mais densas às mais sutis, ele necessita de corpos.
O yoga, o Budismo, a Cabala, enfim, as mais antigas tradições espirituais têm classificado e ensinado como esses corpos atuam, cada um em seu plano específico, porém, sempre de forma integrada.
O número de corpos com que o espírito se manifesta pode variar de acordo com a doutrina. Mais recentemente, no século XIX, Allan Kardec, junto aos espíritos responsáveis pela codificação, classificou o homem como um ser composto, resumidamente, de: espírito, perispírito e corpo.
O perispírito seria um corpo energético, sutil, que faz a ligação do espírito com o corpo físico. Conforme O Livro dos Espíritos, o perispírito vai se sutilizando, se eterizando conforme a evolução do espírito. Existe ainda o duplo etérico (campo bioelétrico), resultado do metabolismo energético do corpo físico, que se dissolve após a morte deste.

As experiências fora do corpo

A projeção da consciência através do corpo astral (perispírito) para fora do corpo físico é algo natural. Não tem nada a ver com mediunidade. Quase todas as noites nos projetamos, porém, o cérebro apresenta dificuldades para decodificar e registrar lembranças de eventos de quando a consciência está fora do corpo. Por isso, confundimos certas viagens astrais com sonhos.
Com o estudo profundo e a autoconcientização torna-se cada vez mais fácil a lembrança dos eventos projetivos.
Mas qual seria a utilidade disso tudo?
Primeiro: apredermos lições valiosas, não apenas por meio de livros, mas de forma prática, sobre a vida nos planos mais sutis.
Segundo: podermos ser úteis aos nossos semelhantes de forma mais eficaz, doando nosso amor em trabalhos de assistência extrafísica, servindo aos mentores espirituais como humildes auxiliares.
Portanto, a viagem astral e a vivência saudável da mediunidade requerem maturidade espiritual e amor ao próximo, caso contrário, será difícil a sintonia com os nossos espíritos benfeitores. Por isso, para nós, espíritas, "Fora da caridade não há salvação!"

                                                                                                                                                            Vitor Rebelo, editor-chefe