sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Natal. Tempo de esperança


Ah, Natal, festa de sentimentos tão contraditórios!...
Doce melancolia enche meu coração, quando vejo as luzes, os enfeites, a correria, a impaciência, a sofreguidão aquisitiva. Creio que o doce Rabi não nos pediu isto, que deslustra sua festa que deveria ser, sim, de tolerância, inclusão e solidariedade.
A proximidade do final de ano convida-nos à reflexão, a pensarmos em nossas vidas, no ano que transcorreu. Que sonhos conseguimos realizar, que sonhos naufragaram no mar tempestuoso do imponderável, daquilo que nos fugiu controle?
Terá valido à pena pagar o preço material, emocional e espiritual, para a aquisição de mais itens do nosso sonho de consumo?
Às vezes, depois da aquisição, sobrevêm o vazio e a decepção. O objeto nem nos preencheu, nem trouxe aquela alegria que esperávamos de nossa família e nem, muitas vezes, o reconhecimento que desejaríamos.

Começando pelo perdão
Neste inevitável balanço de final de ano, sobra o gosto meio amargo do infortúnio, misturado ao clima festivo do derredor.
Quantos sentimentos misturados!
Aquele amigo desertou em hora crítica, provocando-nos decepção e abandono. Aquele outro familiar fraudou-nos a confiança, enquanto o filho tão querido jogou-nos ao rosto incompreensão e crueldade.
O momento é oportuno, por outro lado, para reconhecermos a condição humana de todos eles, que carregam, como nós mesmos, luz e sombra dentro de si. Nesta hora de balanço cabenos zerar os débitos alheios e multiplicar os seus créditos, num esforço de aceitação e complacência para com as humanas imperfeições. Acaso não fomos também, por nossa vez, geradores de decepções e desilusões?
A hora é de perdão e reconciliação, fraternidade e aceitação.
Libertemo-nos da tormenta do ressentimento e da amargura. De coração leve e limpo, poderemos, em paz, desfrutar das suaves claridades do Natal de Jesus e das doces esperanças de dias melhores no Ano Novo.
Os tempos do advento, que antecedem as festividades natalinas e de passagem de ano, provocam, na maioria da população, segundo as pesquisas, acréscimos ao estresse e sentimentos de solidão. O próprio clima festivo e a veiculação pela mídia de quadros de famílias perfeitas e felizes constratam com a realidade de muitos, que se apercebem de suas vidas medíocres, de sua falta de esperança e penosa solidão, de sua pobreza de amigos e de entes queridos. São nestes momentos que algumas pessoas, já mentalmente doentes sem se darem conta, sentem-se tentadas ao suicídio, como mostram as estatísticas destas tristes ocorrências, nesta época do ano.
Se você está se sentindo assim, caro amigo, é hora de reagir energicamente. Não há sofrimento íntimo, por mais avassalador, que não seja passível de ser tratado e curado. É preciso ter esperança, buscar ajuda médica e espiritual, se você esposa alguma fé.
Os jovens ficam especialmente vulneráveis quando experienciam a perda de um grande amor, e tendem a se sentir irremediavelmente sós, com insuportável e desesperadora solidão. A eles diríamos que o mundo é vasto e que não somos a metade perdida de uma laranja aguardando a outra metade.
Somos seres completos, e mais cedo do que imaginaríamos, encontraremos outro ser afim que contemplará as nossas carências.

Em busca da luz
Multiplicamos as luzes no Natal e Ano Novo, em todas as decorações, como representações simbólicas de nossa eterna busca de Luz. Como buscadores desta Luz, urge, agora, renovarmos nossas vidas com novos valores, aqueles substanciais e eternos, à base de sentimentos de amor e fraternidade, verdadeiramente enriquecedores do espírito; também com novos paradigmas filosóficos e espirituais, aqueles que nos consolam e explicam o porquê da vida, por que estamos aqui, para onde vamos.
É tempo de acolher Jesus em nossas almas, que como o sol resplendente que afasta as trevas, trará a aurora risonha, com a promessa de novos dias de paz, abundância, esperança e felicidade.

A hora é de perdão e
reconciliação,  fraternidade e
aceitação. Libertemo-nos da
tormenta do ressentimento e
da amargura

Por Luiz Antônio de Paiva