segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Mediunidade e evolução

Qual é a proposta que a mediunidade nos traz?
Devemos nos ligar,obrigatoriamente, ao
Espiritismo ou Umbanda para desenvolvê-la?

          É muito comum ouvirmos o relato de pessoas que se dizem incomodadas com os fenômenos mediúnicos. Com frequência, as pessoas manifestam suas inquietações com esse tipo de ocorrência. Demonstram, através deste comportamento, aguda imaturidade com relação ao entendimento dos mecanismos da mediunidade.
          A mediunidade, de acordo com a classificação kardequiana, é a capacidade de servir de intermediário dos espíritos, porém, Kardec classificava como médium apenas aquele que apresentava esse fenômeno de forma ostensiva. Por outro lado, ainda segundo a codificação, todas as pessoas sentem, em maior ou menor grau, a influência dos espíritos.
          O fato é curioso! Existem muitas formas de percepção do plano espiritual, no entanto, algumas são mais conhecidas, como, por exemplo, a clarividência, que é a faculdade de "enxergar" o mundo espiritual e os espíritos, para isso, utilizando não a visão física, mas através do chakra frontal (terceiro olho).
          As pessoas que não apresentam essa capacidade paranormal (a clarividência nem sempre está associada à mediunidade) desenvolvida, já se avaliam e logo chegam à conclusão: " Eu não sou médium, não enxergo nada..." Mas o intercâmbio com plano espiritual não se limita a este tipo de fenômeno. Existem tantas formas de captar, ou melhor, de intermediar as influências provenientes dos planos mais sutis...
          Através do nosso corpo físico, nosso espírito se faz presente para viver uma experiência neste plano carnal. Esse veículo denso da consciência nada mais é do que um transmissor de impulsos e vibrações, em diferentes frequências. Ocorre que no plano físico, a densidade aumenta muito, o que o torna "grosseiro" perante a sutileza do espírito. Na prática, é como se alguém estivesse nos chamando a quinhentos metros de distância. A probabilidade de não ouvirmos nada é muito grande. Fazendo um paralelo com a mediunidade, podemos dizer que o corpo físico é uma parede de energia condensada (sólida) que se transpõe à passagem de certas ondas de vibrações características dos planos sutis.
Se todos nós aprendêssemos a silenciar a mente, as emoções, os ruídos externos do meio ambiente em que vivemos...poderíamos com certeza ouvir o chamado mesmo havendo quinhentos metros de distância. Sabendo da existência desse som, concentraríamos a atenção a tal modo, que facilmente conseguiríamos amplificar essa voz.
          É isso que o treino, que se traduz na busca espiritual constante, e a reforma íntima produzem...

Qual é a mensagem?

          Quando a mediunidade aparece, é um sinal dizendo: "Está na hora de evoluir espiritualmente e sair do sono evolutivo em que sua alma está.
          Existem muitas pessoas que sentem um impulso interior, e por sua natureza particular, acabam se integrando ao fluxo evolutivo do universo, desenvolvendo atitudes altruístas, mostrando força de vontade espiritual, porém, muitas vezes, nem se dão conta de que existe esse termo: mediunidade.
          Por que isso? simplesmente porque uma consciência altruísta, (que é e sempre foi a mensagem presente como pano de fundo, toda vez que o assunto é a mediunidade) já está "impregnada" na essência da pessoa.
          Na minha opinião, a mediunidade, principalmente a ostensiva, seria um chamado "leve" ao médium para uma causa maior. Digo leve porque, naturalmente, quando não há compreensão, os avisos continuam a surgir, no entanto, com maior nível de cobrança e rigor, que podem se manifestar como dores, crises, conflitos e desequilíbrios de toda ordem. Não porque Deus é punitivo e castiga, mas porque "trancar a correnteza do rio, nadar contra a maré" sempre gerará consequências dolorosas.
          E a vida, por diversas vezes, dá indícios ao indivíduo de que já passou da hora de se reconhecer plenamente como um ser espiritual; que é o momento de aprofundar o estudo e praticar um estilo de vida voltado para a evolução e a expansão da consciência; principalmente compreender que o mundo materialista, alienado do Todo, é apenas um teatro necessário para nossa experiência e evolução.
          Portanto, entendo que toda forma de mediunidade sempre será um convite para entrarmos na jornada da reforma íntima.

Como desenvolver?

          Como entendo que a mediunidade é um sinal que, essencialmente, nos traz a mensagem de que  precisamos evoluir e contribuir para a evolução da humanidade, nada mais sensato que aceitar o convite e mergulhar fundo na proposta. Por isso, tudo o que fizermos nessa direção, não de maneira leviana ou descompromissada, mas com intenção e dedicação, será também um passo condizente ao fluxo do universo. O que é muito apropriado já que não cria barreiras a essa corrente intensa de energia.
          Altruísmo consciente é um belo estilo de vida. Ajudar as pessoas a se ajudarem, respeitar o tempo de cada um e não dar o peixe, mas ensinar a pescar! Essa forma de ajuda foca na humanidade, no coletivo, mas sabendo dar limites, com equilíbrio e sabedoria. O mais interessante disso tudo é que o universo não está pedindo muito de nós. Apenas simples atos, sem exigências descabíveis, mas totalmente sensatas. Mesmo assim, somos negligentes!
          Portanto, a mediunidade pede consciência espiritual, ou seja, desenvolvimento de nossa espiritualidade.
          Então, surge uma nova questão: é possível desenvolver a mediunidade fora do centro espírita ou umbandista?
          Já expus minha visão de que a mediunidade, na verdade, é um instrumento de evolução na vida de qualquer pessoa, por isso, não se resumiria a uma ou outra maneira de ser desenvolvida.
          Mas a temática, tendo sido amplamente abordada por Allan Kardec na codificação do Espiritismo, acabou sendo correlacionada ao estudo espírita, como se fosse uma terminologia própria da linha de estudo. Pelo menos aqui no Ocidente, Kardec foi um dos pioneiros a abordar este assunto tão polêmico (até pouco tempo atrás) com tanta serenidade e aprofundamento.
          A doutrina espírita foi e continua sendo muito importante e construtiva para a humanidade, já que abriu novos horizontes e deu origem a inúmeras linhas de estudo e aprendizado. Assim sendo, é natural falar de mediunidade vinculando o termo às práticas espíritas, como consequência da herança kardequiana, ou às práticas da Umbanda, que tem uma metodologia própria e também merece todo respeito. Isso provocou uma crença coletiva de que a mediunidade somente poderá ser desenvolvida em casas espíritas ou umbandistas.
          A ideia de reencarnação, por exemplo, apesar de ser amplamente estudada em algumas doutrinas orientais há milhares de anos, foi exposta amplamente no Brasil graças à literatura espírita. Através da influência das obras básicas da codificação surgiram muitas obras importantes que contribuíram em muito para o crescimento espiritual de tantos.
          Com seus livros e ensinamentos, Kardec alertou, orientou e alinhou os estudos, na sua maioria, na direção do plano espiritual.
          Com intenso foco orientado para o socorro aos espíritos sofredores, que atrasados em sua evoluções ligados ao mundo da matéria necessitam de amparo para aprender e se libertar, Allan Kardec impregnou na comunidade ocidental uma nova forma de lidar com a espiritualidade.
          Seus ensinamentos, desde então, são passados adiante pelos trabalhadores da doutrina, que se utilizam de determinadas faculdades mediúnicas para servirem de intermediários na comunicação com os espíritos. Sempre com o objetivo de contribuir na senda da educação espiritual, da tão falada "doutrinação", entre outras atividades corriqueiras nos centros espíritas.
          Isso quer dizer que, da forma com que o trabalho nas casas espíritas são orientados, sempre haverá um maior estímulo no sentido de se desenvolver a mediunidade, normalmente se utilizando das mensagens transmitidas pelo plano espiritual, geralmente escritas (psicografia).
         O intercâmbio também pode ocorrer por meio de imagens transmitidas na tela mental do médium, que relata suas visões (uma forma de clarividência).
          Uma outra maneira comum é a psicofonia (ou incorporação, nos centros de Umbanda). Também não podemos deixar de falar do passe espiritual, das vibrações de energias e de outras formas de aplicar a mediunidade largamente utilizada nos centros.
          Como algumas dessas práticas citadas acima requerem conhecimento de causa, maturidade e intenso preparo, não é recomendado o desenvolvimento individual, ou seja, sem a colaboração de um grupo preparado. Daí a importância dos núcleos espiritualistas especializados neste tipo de estudo de desenvolvimento, o que inclui os centros espíritas e de Umbanda.
          Ocorre que, mesmo com a doutrina espírita sendo fundamentada nos ensinamentos do Evangelho, produzindo uma base idônea, séria e de moral elevada, não agrada a todos. Simplesmente por questão de afinidade, o que é natural. Portanto, muitas pessoas até aceitam a mediunidade, mas não se interessam pelo formato de estudo e desenvolvimento praticado nas casas espíritas ou umbandistas simplesmente por falta de afinidade, algo que deve ser respeitado.
          Pois então, como fica? A pessoa é obrigada a transitar por uma via única, que não lhe agrada? Claro que não! Ainda mais no século XXI, característico pela liberdade de expressão e de religião, evidenciado a era do universalismo, da união do Ocidente com o Oriente, da Ciência com a espiritualidade. Nunca, em toda a história da humanidade, houve tantas oportunidades de crescimento espiritual e tantas possibilidades para o desenvolvimento de uma consciência mais expandida.
          É exemplar o trabalho sério e idôneo de tantas casas espíritas e umbandistas, no entanto, não é só através delas que a mediunidade pode ser desenvolvida. Procure um grupo que você tenha afinidade, mas lembre-se: é fundamental que se estude muito, a fim de se evitar os perigos e dissabores que podem surgir com a prática equivocada da mediunidade. Independente do grupo ser espírita ou não, O Livro dos Médiuns é muito importante.
          Leve consigo discernimento, leveza e amorosidade e vá em frente! É recomendável participar de grupos porque facilitam o aprendizado, dão suporte e tornam a prática mais segura.
          O foco principal é entender que a mediunidade se manifesta com o objetivo de ajudar na evolução de todos, inegavelmente!

Admiração e fascínio
          A admiração das pessoas em relação ao médium, por ser considerado alguém "diferente", que tem acesso a alguns "mistérios ocultos" para a maioria, pode gerar a idolatria.
          Pode também gerar a vaidade excessiva por parte do médium, originando fascínio. Neste caso, o médium se fascina pelos acontecimentos e por seu "dom". Ele pode se achar especial, sentindo-se superior aos demais. O fascínio pode ser considerado uma das piores formas de obsessão. Uma porque cega a pessoa, e outra porque é alimentada por ela mesma, distante de sua essência, cheia de ego e alienação. Nesse caso, as consequências podem ser desastrosas.
          Por isso, todas as vezes que uma pessoa estiver aprofundando o estudo e a prática da mediunidade, mas não estiver se transformando em uma pessoa melhor, fique alerta, pois algo está em desequilíbrio! Use isso como uma bússola interna, porque funciona bem, você pode apostar!
          Não lhe parece sensato? Medite sobre isso.
Por Patrícia Cândido