sábado, 13 de novembro de 2010

Espiritualidade e meio ambiente



"Tudo o que acontece à terra - acontece aos filhos da terra. O homem não teceu a teia da vida - ele é meramente um fio dela"
            
Por Quito Formiga

A palavra xamã originou-se do dialeto dos povos Tungos, da Sibéria, e significa " homem inspirado pelos espíritos". Trata-se de um sacerdote, que pode ser tanto homem como mulher. Este vulto está presente em centenas de culturas tribais pelo mundo e seu objetivo principal é visualizar o sagrado, o invisível aos olhos do ser comum. Para que isto aconteça, o xamã utiliza-se de rituais e instrumentos específicos, como o tambor, ervas medicinais ou alucinógenas, cantos, meditações, etc. Tudo com o intuito de acessar com maior plenitude o mundo dos espíritos e dos seres da natureza.
Os xamãs podem ser considerados grandes médiuns, com dons mediúnicos como os de cura, efeitos físicos, clarividência entre outros. Geralmente, são também detentores de grande sabedoria e amantes do meio ambiente. A bondade infinita de Deus programa a reencarnação de espíritos preparados para estes devidos fins e os colocam em culturas e tribos primitivas, no papel de pagés, xamãs, sacerdotes, caciques e curandeiros.
O cacique Seatlle, em sua célebre carta ao presidente dos Estados Unidos, no ano de 1855, deixou-nos um grave alerta para as gerações futuras. Vejamos o que ela diz em alguns trechos:
" (...) Cada parte da Terra é sagrada para o meu povo.
Cada pinha brilhante, cada praia de areia, cada névoa nas florestas escuras, cada inseto transparente, zumbindo, é sagrado na memória e na experiência de meu povo.
Tudo o que acontece à Terra acontece aos filhos da Terra.
O homem não teceu a teia da vida - ele é meramente um fio dela.
O que quer que ele faça à teia, ele faz a si mesmo.
(...) Nem o homem branco, cujo Deus com ele passeia e conversa como amigo para amigo, pode ser isento do destino comum. Poderíamos ser irmãos, apesar de tudo. Vamos ver, de uma coisa sabemos que o homem branco venha, talvez, um dia descobrir: nosso Deus é o mesmo Deus. Talvez julgues, agora, que o podes possuir do mesmo jeito como desejas possuir nossa terra; mas não podes. Ele é Deus da humanidade inteira e é igual sua piedade para com o homem vermelho e o homem branco. Esta terra é querida por ele, e causar dano à terra é cumular de desprezo o seu criador. Os brancos também vão acabar; talvez mais cedo do que todas as outras raças. Continuas poluindo a tua cama e hás de morrer uma noite, sufocado em teus próprios desejos.
Porém, ao perecerem, vocês brilharão com fulgor, abrasados, pela força de Deus que os trouxe a este país e,  por algum desígnio especial, lhes deu o domínio sobre esta terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é para nós um mistério, pois não podemos imaginar como será, quando todos os bisões forem massacrados, os cavalos bravios domados, as brenhas das florestas carregadas de odor de muita gente e a vista das velhas colinas empanada por fios que falam.
Onde ficará o emaranhado da mata? Terá acabado. Onde estará a águia? Irá acabar. Restará dar adeus à andorinha e à caça; será o fim da vida e o começo da luta para sobreviver.