quarta-feira, 24 de abril de 2013

A aura humana


Especial / Por Luiz Roberto Mattos

Entenda o que é este campo espiritual e energético que é irradiado ao nosso redor, conforme o que pensamos e sentimos

A palavra aura tem a mesma origem das palavras áurea e auréola. Auréola nos lembra logo aquilo que os livros religiosos, sobretudo a Bíblia, descrevem como existente acima da cabeça dos santos.
A palavra áurea, que vem do latim aurum, é uma expressão de uso simbólico que significa "feito de ouro ou coberto de ouro", brilhante, magnífico, nobre ou de muito valor.
Auréola deriva de áurea. Assim, vemos que a auréola que era vista acima da cabeça dos santos tinha uma cor dourada, ou seja, a cor do ouro, brilhante.
A palavra aura tem também essa mesma origem, porém, o conceito de aura, mais desenvolvido do que o de auréola, em século posteriores, abrangeu a ideia de algo que envolve não somente a cabeça da pessoa, mas todo o corpo.
A aura circunda todo o corpo humano, melhor dizendo, circula o corpo físico e os corpos sutis que envolvem o espírito. Algumas pessoas têm uma ideia de aura fixa, rígida, imóvel, como se fosse uma esfera definida, como uma bolha de sabão, por exemplo.
Se olharmos para uma bolha de sabão, veremos que ela é uma esfera perfeita, e que a sua superfície separa o interior do exterior. E veremos que, de certo modo, a bolha isola e protege o seu interior. O ar de fora não entra na bolha de sabão, nem insetos, nem bactérias, etc. No entanto, a aura não é exatamente igual a uma bolha de sabão.
A aura não é algo definido, rígido, estático, mas algo indefinido, mutável, dinâmico, que altera a sua forma, a sua cor e o seu tamanho a depender de vários fatores internos da pessoa.
Uma das maneiras que considero mais eficazes para se ter uma visualização aproximada da aura e ver como ela se comporta é acendendo uma vela num ambiente escuro. Acenda a vela e observe por um tempo,atentamente, as chamas e a claridade que dela derivam e se irradiam para longe. Pense que o pavio da vela, que pode ser visto sem dificuldade no interior da chamas, é o corpo físico. Podemos ver as chamas, com cores fortes e brilhantes, ao redor do pavio. E essas cores mudam, se alteram, e as chamas não são estáticas, mas muito dinâmicas, ou seja, as chamas se movimentam o tempo todo.
Podemos ver, de certo modo, um limite, ainda que não exatamente definido como a superfície da bolha de sabão, para as chamas, mas podemos perceber que a luz se irradia além das chamas, além do fogo.
Vemos que um quarto pode ser totalmente iluminado por uma única vela, mas podemos ver, também, que a claridade é maior perto da vela, e na medida em que vamos nos afastando da vela, a claridade vai diminuindo. Isso nos mostra que o poder de irradiação da chamas, do fogo, é limitado, e está relacionado à intensidade da chama. Uma fogueira maior irradia luminosidade mais longe do que uma fogueira menor.
Façamos, agora, um paralelo entre a chama e a irradiação luminosa de uma vela a aura humana.

Aura humana
Nós humanos, somos, antes de tudo, espíritos. Assim, estando encarnados, possuímos um corpo físico - o que os espíritos desencarnados não possuem - além do perispírito.
Alguns estudiosos comparam o perispírito ao corpo astral; outros entendem que o perispírito seria o conjunto de corpos sutis, classificados em outras doutrinas como: corpo astral, mental, entre outros.
Entre o corpo físico e o perispírito, temos ainda o chamado duplo etérico (campo bioelétrico), de que não tratou Kardec em suas obras, mas que outros estudiosos trataram, e que posteriormente a literatura espírita passou a adotar também em seus estudos.
Na visão espírita, então, temos a seguinte classificação: o corpo físico, o duplo etérico e o perispírito.
Dessa forma, nossa aura é um conjunto de irradiações em diversos níveis.
O corpo físico irradia calor, e alguns aparelhos modernos podem ver claramente o que se chama de aura de calor. E esse calor pode ser sentido por qualquer pessoa, e, se treinada, pode perceber doenças e desajustes orgânicos a partir da mera percepção de um calor maior, anormal, em algumas regiões corporais.
O campo bioelétrico ou duplo etérico também é chamado de aura da saúde, que normalmente não se expande muito do corpo, podendo ser visto quando olhamos para uma pessoa junto a uma parede branca. Essa aura é azulada, e pode ser vista distante alguns poucos centímetros além do corpo físico.
O corpo astral também emite irradiações. E elas são fruto tanto do que se absorve na esfera ou dimensão desse corpo mais sutil quanto do que pensamos, sentimos, etc.
A aura irradiada do corpo astral não é estática, imóvel, imutável, etc. Pelo contrário, ela se move,se transforma o tempo todo, cresce, diminui, muda de cor, a depender de nosso estado interior. Se sentimos raiva, a cor da aura muda; se sentimos ódio, muda; se sentimos compaixão, muda; se estamos triste, muda, e assim por diante. Cada estado mental, psíquico, e cada estado emocional, faz mudar o formato, a cor e a extensão da nossa aura.
De acordo com alguns estudiosos, a aura humana pode estar bem vermelha, se tivermos muito ligados, de forma bastante desequilibrada, ao sexo, de forma que o pensamento contínuo em sexo, mais o ciúme doentio, faz irradiar uma aura vermelha brilhante. O ódio faz irradiar cor escura, do marrom escuro ou cinza ao preto.
Por outro lado, o intelecto bem desenvolvido e de forma equilibrada faz irradiar uma aura amarela brilhante, da cor do ouro, daí o nome tradicional áurea, e auréola, dos quais derivou posteriormente a denominação aura, mais usada atualmente pela literatura espiritualista.
Quando a pessoa tem a espiritualidade bem desenvolvida, quando já tem certa evolução espiritual, a aura se apresenta em tom azul claro ou lilás. E os espíritos muito elevados - os chamados espíritos de luz - têm uma aura branca, um branco puro, intenso, que, muitas vezes, se assemelha a um holofote, quase impedindo completamente a visualização do ser que está envolto nessa aura poderosa.

Diversas cores
A aura se apresenta em tonalidades e intensidades diferentes em cada pessoa. Se pudéssemos enxergar a aura de uma pessoa, veríamos um tom azulado poucos centímetros além do corpo físico,e uma aura mais extensa e multicor, se irradiando um pouco mais além do corpo físico.
Algumas auras possuem vários metros de comprimento. Pela cor da aura de um encarnado, pode-se saber o seu estado físico, o estado mental, o estado emocional, e seu grau de evolução espiritual. Nossa aura é como a nossa impressão digital. É única e nos identifica. Não há duas auras idênticas, como não há também duas digitais idênticas.
Assim, os espíritos podem nos identificar pela aura, pela sua cor e intensidade. A aura tem um  padrão que varia de pessoa a pessoa.
Um espírito amigo com quem estudei durante alguns anos, um cientista, chamava a aura de "campo vibracional". A aura é um campo de energia, um campo de forças, para usarmos uma linguagem moderna, da física. A aura tem cor, tem cheiro e tem uma vibração própria e derivada de tudo que a forma, que a compõe. Qualquer pessoa pode ser treinada a sentir a aura, pelo menos as mais densas e mais perto do corpo físico. Treinei e desenvolvi a mão direita para ser o meu sensor, e com isso posso sentir campos de energia em aparelhos elétricos, bem como posso sentir a aura, mais curta, mais longa, mais densa, etc., mas não vejo as cores, nem sinto o cheiro das aura, ainda.
Ao aplicarmos passe a um doente, o duplo etérico crescerá, mudará de forma e se tornará mais forte.

O poder da oração
Quando uma pessoa ora, com sinceridade, com sentimento, sua aura se intensifica, muda de cor, cresce de tamanho, e pode influenciar pessoas nas redondezas, e até produzir efeitos curativos.Um passe dado com muito amor produz um efeito magnífico na aura de quem está tomando passe. Um reiki ou johrei dados com amor produzem semelhante efeito! Qualquer trabalho energético feito para curar, quando feito com amor, produz efeito benéfico no paciente. Um enfermeiro ou um médico que atende com amor está irradiando boa energia para o paciente, e pode estar contribuindo mais para a sua cura do que o medicamento químico ministrado.
A aura de Jesus era tão grande e intensa, e tão saudável, que a simples proximidade dela já produzia efeitos de cura, como no caso da mulher que tinha um sangramento que não curava e tocou nas vestes dele. Jesus sentiu o toque na sua roupa, mesmo em meio a uma multidão, pois dele saiu, nas palavras registradas nos Evangelhos, uma "virtude". Devemos considerar que naquele tempo não se falava em energia, nem mesmo em fluidos, termo utilizado no tempo de kardec no século XIX.
Assim, a "virtude" que os apóstolos escreveram, por falta de uma palavra para melhor denominarem o fenômeno, era energia ou fluido, se quisermos usar ainda a terminologia antiga espírita. A aura de Jesus curava muita gente que dele se aproximava.
Uma pessoa que tem amor no coração, equilíbrio emocional e psíquico, e boa saúde física, cura mesmo sem querer, sem ter consciência de que está curando, pela sua mera presença em algum lugar onde haja pessoas doentes.
Estamos o tempo todo dentro de muitos campos de energia no universo. E interagirmos com muitos campos de energia.
Recebemos energias variadas o tempo todo, e também irradiamos energias variadas o tempo todo. Absorvemos as energias que se sintonizem conosco, e irradiamos energias que afetarão pessoas que se sintonizem com as nossas energias irradiadas.
Por isso, é bom termos cuidado com o que comemos, com o que pensamos e com o que sentimos, para termos uma aura global saudável, para contribuirmos positivamente para o bem de todos que nos cercam, e para que não captemos e absorvamos energias não saudáveis.

Nota do editor.: A relação das cores nos chakras e na aura com
as emoções não é regra, e varia, conforme outros relatos.

O perispírito
93, O Espírito, propriamente dito, nenhuma cobertura tem, ou, como pretendem alguns, está sempre envolto numa substância qualquer?
"Envolve-o uma substância, vaporosa para os teus olhos, mas ainda bastante grosseira para nós; assaz vaporosa, entretanto, para poder elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde queira".
Envolvendo o gérmen de um fruto, há o perisperma; do mesmo modo, uma substância que, por comparação, se pode chamar perispírito, serve de envoltório, serve de envoltório ao Espírito propriamente dito.
94. De onde tira o Espírito o seu invólucro semi material?
" Do fluido universal de cada globo, razão por que não é idêntico em todos os mundos. Passando de um mundo a outro, o Espírito muda de envoltório, como mudais de roupa."
a)- Assim, quando os espíritos que habitam mundos superiores vêm ao nosso meio, tomam um perispírito mais grosseiro?
" É necessário que se revistam da vossa matéria, já o dissemos."
95. O invólucro semi material do Espírito tem formas determinadas e pode ser perceptível?
"Tem a forma que o Espírito queira. É assim que este vos aparece algumas vezes, quer em sonho, quer no estado de vigília, e que pode tomar forma vigília, e que pode tomar forma visível, mesmo palpável."

O Livro dos Espírito. Segunda Parte
cap. I. Allan Kardec

O fluido vital
60. É a mesma a força que une os elementos da matéria nos corpos orgânicos e nos inorgânicos?
"Sim, a lei de atração é a mesma para todos."
61. Há diferença entre a matéria dos corpos orgânicos e a dos inorgânicos?
"A matéria é sempre a mesma, porém nos corpos orgânicos está  animalizada."
62. Qual a causa da animalização da matéria?
"Sua união com o princípio vital."
63. O princípio vital reside algum agente particular, ou é simplesmente uma propriedade da matéria organizada? Numa palavra, é efeito, ou causa?
"Uma e outra coisa. A vida é um efeito devido à ação de um agente sobre a matéria.
Esse agente, sem a matéria, não é vida, do mesmo modo que a matéria não pode viver sem esse agente. Ele dá a vida a todos os seres que o absorvem e assimilam."

O Livro dos Espíritos. Cap.IV.
Allan Kardec

domingo, 14 de abril de 2013

1º Carreteiro da Casa Espírita Raio de Sol


Adquira seu convite na recepção da Casa
Espírita Raio de Sol, ou pelo
telefone (48)8808-3706.

Amparadores


Especial / Por Wladimir A.Campaci Junior

Vão até ambientes hostis, portando a Luz em seus corações, simplesmente pela sua própria natureza bondosa

Algo que muitos não falam, ou ignoram ou deixaram de falar, como se esquecessem de que um dia - ou mais - foram acolhidos e abraçados, em Espírito e Verdade, pelos assistentes espirituais.
Trabalhando que se fiam na Luz para conseguir força, firmeza e clareza no caminho, sempre de uma maneira  perene, levando esta mesma Luz por onde forem. Atitude e exemplo de consciências, que já são almas livres ou não.Encarnadas ou desencarnadas.
Não percebem a cor de pele, raça ou credo, mas percebem os pensamentos, sentimentos e atitudes que se refletem em nossa aura e, mesmo assim, só conseguem ver a Luz que cada consciência carrega no coração.
Operam, algumas vezes, em determinados contextos culturais, não por apego, mas para facilitar a ligação com os amparados (seja pelo preconceito e/ou condicionamento cultura dos próprios). Da mesma maneira que operam em determinadas faixas energéticas específicas, devido às diferentes vibrações que existem.
Mesmo com tantos nomes, rótulos e contextos, podemos chamá-los simplesmente de irmãos de jornada, os quais são veículos de algo maior.
Vão até ambientes hostis, portando a Luz em seus corações, simplesmente pela sua própria natureza bondosa.
São irmãos de jornadas, mais velhos ou não, que estão aí, aqui e acolá, ajudando, no que é possível, a esta e outras humanidades.
Lembrar-se deles nos ajuda muito em dias difíceis. Lembrar-se deles também nos ajuda muito em dias "fáceis"! Agradecer sempre, em qualquer dia, nos ajuda mais ainda.
Podemos pedir auxílio durante a jornada, aqui e em outros lugares. Entretanto, sem gerar dependência, sem vê-los como seres superiores (pois eles mesmos não se percebem assim). E lembrando deles não como nossos secretários ou servidores particulares, mas como irmãos de consciência.
E quando nos permitimos permitimos perceber e sentir, não somente esse amparo, mas algo maior que está em tudo, também começamos a lembrar de algo além da forma, além de nosso papel de "atores". Será o momento que nos conscientizamos que carregamos essa mesma Luz em nosso peito e fazemos parte do Todo.
Sentiremos, então, algo que não se explica, só se sente.
Grato,irmãos de jornada, que acompanham a minha existência, e a de outros também, no decorrer de tantas Eras.

                                                                                            Wladimir A. Campacci Junior é profissional na                  
area de Tecnologia da Informação, estudante espiritualista,
projetor extrafísico e participante do grupo de estudos e
 assistência espiritual do IPPB.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Anjos da guarda


Quem são nossos espíritos protetores? Conheça os aspectos históricos e as explicações da doutrina espírita

Grandes temas / Por Victor Rebelo

A literatura mundial, especialmente a religiosa, está repleta de narrativas envolvendo seres sobrenaturais, deuses, gênios, enfim, espíritos com poderes milagrosos que aparecem nas horas difíceis oferecendo socorro ou, no mínimo, um alívio para nossas dores. É claro que existe muita fantasia nisso tudo... quase sempre fruto da criação da mente humana, mas será que por trás de todas estas histórias existe um fundo de verdade?
Em todas as culturas, de todos os povos e em todas as épocas encontramos estes tipos de histórias envolvendo seres que estão além da esfera física, portanto, podemos dizer que se trata de um fenômeno mundial e não de um fato isolado ou produto de determinada cultura. Sabemos que os povos mais antigos já cultuavam seus deuses e faziam oferendas para aplacar sua ira ou obter favores especiais, como boa colheita, saúde, etc. Para eles, os fenômenos da natureza eram a manifestação dos deuses, seres poderosos que decidiam a sorte dos homens. Aos poucos, a relação entre os homens, os "deuses" e a natureza vai ficando mais clara; o joio começa a ser separado do trigo.
O povo, em geral, ainda não conseguia discernir a fantasia da realidade, mas os grandes místicos e pensadores surgiam em todo o planeta, como na Índia e na Grécia, aprimorando o pensamento filosófico e religioso.

Os dogmas religiosos
Nas escrituras judaicas cristãs e muçulmanas encontramos várias narrativas envolvendo seres considerados sobrenaturais, chamados de anjos ou espíritos.
Quando o Império Romano absorveu o Cristianismo, uma hierarquia centralizada neste poder romano foi imposta e aqueles que ousavam desafiar a autoria dos Papas eram condenados à morte. Chamados de hereges, por escolherem um caminho diferente da Igreja, morriam porque pregavam um relacionamento íntimo e pessoal com o mundo espiritual, sem a necessidade de sacerdotes para intervirem nesta relação com o Além. Por interesses políticos, a Igreja condenava qualquer relação com os espíritos, com a alegação de que a comunicação com os mortos era obra do demônio, e inúmeros mártires - como Joana D'Arc, que dizia escutar vozes - foram condenados à fogueira pela Inquisição.
Ainda durante a Inquisição, o cristão Martinho Lutero inicia o movimento da Reforma, confrontando os poderes do Vaticano.
Com a revolução francesa, no século XVIII, o poder da Igreja é limitado e os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, apregoados pelo Iluminismo começam a despertar a atenção do mundo.
Em uma sociedade cada vez mais democrática, o relacionamento entre os anjos e os homens volta a ser uma possibilidade acessível a todos, porém, desta vez surge outra força que procura pôr fim nesta relação: o Positivismo, uma corrente filosófica que propõe a soberania da razão e da Ciência experimental, ou seja, tudo aquilo que não pode ser provado cientificamente não deve ser aceito como verdade. A liberdade de crença já era uma conquista, ninguém mais morria por afirmar entrar em contato com espíritos ou anjos, mas a Ciência passou a ser o novo "deus" em uma sociedade onde a maioria dos intelectuais e cientistas passaram a ridicularizar a Religião, que foi perdendo cada vez mais sua força, apesar do povo e das pessoas mais simples terem sempre mantido suas crenças.

A doutrina espírita
Neste cenário começam a ocorrer estranhos fenômenos que chamam a atenção da sociedade: mesas que "dançam" sozinhas no ar. Enquanto muitas pessoas resolvem transformar essas ocorrências extraordinárias em um tipo de exibição circense, um passatempo popular, alguns cientistas decidem pesquisar estes fenômenos a fim de descobrir o que estava ocorrendo.
Com o tempo, as mesas "girantes" deixaram de ser o foco da atenção, pois havia sido demonstrado que seu movimento coordenado - assim como o de outros objetos - no ar, não era o resultado da força cega da natureza, mais sim, de uma inteligência oculta. Com o aprofundamento das pesquisas, esta mesma inteligência oculta se revelou: eram espíritos.
Uma nova fase de pesquisas se inicia. Era necessário saber, então, quem eram estes espíritos e como era possível que eles entrassem em comunicação com os homens. Cada vez mais pesquisas e experimentos foram sendo realizados. A forma como ocorriam as manifestações dos espíritos foi se tornando cada vez mais clara. Chegava o momento, então, de escutar o que eles tinham a dizer, de aprender as lições que podiam passar. Portanto, o Espiritismo, que buscava o reconhecimento científico para suas experimentações, procurava também se estruturar como doutrina.
Entre os pesquisadores sérios e honestos, que estudaram a relação com os espíritos e o mundo espiritual, temos o inglês Willian Crookes, um dos maiores químicos de sua época; Camille Flammarion, um respeitável astrônomo; e entre tantos outros surge Allan Kardec, pseudônimo do pedagogo francês Hippolyte Léon D. Rivail.
Kardec reuniu os ensinamentos dos espíritos, que a esta altura eram transmitidos diretamente através dos médiuns, o tanto quanto pôde e codificou estes ensinamentos em cinco obras básicas, que formam a estrutura da doutrina espírita. São elas: O Livro dos Espíritos (1857), O Livro dos Médiuns (1861), O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno (1865) e A Gênese (1868). Além das obras básicas, kardec publicou a Revista Espírita, além do livro O que é Espiritismo.
Isso não quer dizer que todos os ensinamentos dos espíritos estejam limitados ao trabalho de kardec. O contato com os espíritos não é uma invenção de kardec ou do Espiritismo. Tanto os pajés das tribos indígenas quanto os hebreus, os egípcios, os hindus e outros povos já relatavam a ocorrência de fenômenos mediúnicos e de manifestações de espíritos. Alias, todas as grandes religiões da humanidade foram alicerçadas no trabalho missionário de espíritos abnegados. O trabalho de kardec e de outros pesquisadores foi o de procurar explicar estes fenômenos de forma racional, buscando estabeleceruma ponte entre a Religião e a Ciência.

Espíritos evoluídos
Os anjos sempre foram vistos como mensageiros do Além, intermediários entre os homens e Deus (simbolizado pelas asas).Entre eles existe toda uma graduação, de acordo com as tarefas que executam, como os Serafins e Querubins, que seriam os da mais alta hierarquia, até os anjos da guarda, responsáveis por velar pela segurança de alguém. A ideia de anjos está mais ligada à tradição judaico-cristã e ao Islamismo. Nas doutrinas orientais, a concepção muda um pouco.
De acordo com a doutrina católica, "Os anjos são seres puramente espirituais, anteriores e superiores à Humanidade, criaturas privilegiadas e votadas à felicidade suprema e eterna desde a sua formação, dotadas, por sua própria natureza, de todas as virtudes e conhecimentos,nada tendo feito, aliás, para adquiri-los. Estão, por assim dizer, no primeiro plano da Criação, contrastando com o último onde a vida é puramente material; e, entre os dois, medianamente existe a Humanidade, isto é, as almas, seres inferiores aos anjos e ligados a corpos materiais."- do livro O Céu e o Inferno, FEB. Mas e para o Espiritismo? Como a doutrina espírita explica os anjos? 
Diz Kardec, ainda no livro O Céu e o Inferno: " Que haja seres dotados de todas as qualidaes atribuídas aos anjos, não restam dúvidas. A revelação espírita neste ponto confirma a crença de todos os povos, fazendo-nos conhecer ao mesmo tempo a origem e natureza de tais seres".
Até este ponto, vemos a concordância com a visão católica dos anjos. A diferença crucial está no fato de que, para a crença espírita, todos fomos criados simples e ignorante por Deus. Portanto, ninguém seria privilegiado na criação. Todos teríamos que trilhar o caminho da evolução espiritual a fim de manifestarmos nosso potencial divino.
Vejamos as palavras de kardec a este respeito:
" As almas ou Espíritos são criados simples e ignorantes, isto é, sem conhecimentos nem consciência do bem e do mal, porém, aptos para adquirir o que lhes falta. O trabalho é o meio de aquisição, e o fim - que é a perfeição - é para todos o mesmo. Conseguem-no mais ou menos prontamente em virtude do livre-arbítrio e na razão direta dos seus esforços; todos têm os mesmos degraus a franquear, o mesmo trabalho a concluir (...). Deste modo, pouco a pouco, se desenvolve, aperfeiçoa e adianta na hierarquia espiritual até ao estado de puro Espírito ou anjo. Os anjos são, pois, as almas dos homens chegados ao grau de perfeição que a criatura comporta, fruindo em sua plenitude a prometida felicidade. Antes, porém, de atingir o grau supremo, gozam de felicidade relativa ao seu adiantamento, felicidade que consiste, não na ociosidade, mas nas funções que a Deus apraz confiar-lhes, e por cujo desempenho se sentem ditosas, tendo ainda nele um meio de progresso".
Portanto, entre os anjos, ou espíritos puros, existem aqueles que participam de tarefas grandiosas, como o planejamento e coordenação dos mundos, até aqueles mais próximos da nossa condição espiritual.
Dentro do ponto de vista da codificação espírita, é importante ficar claro que todos os seres têm como destino a angelitude.

Perfeição?
Pra mim, a questão sobre como foi nossa origem merece ser mais bem compreendida, e acredito que nós, assim como os espíritos que orientaram Kardec, não temos condições de responder a essa questão plenamente.
Também não acredito que a perfeição absoluta seja algo passível de realização. Portanto, acredito que se os anjos são vistos como seres perfeitos, isso se deve mais ao ponto de vista de quem olha.
Os seres angelicais são espíritos com um grau de evolução bastante elevado, em relação a nós. Mas, como também somos espíritos, seremos um dia tão puros quanto esses seres, conforme vamos evoluindo.
É claro que isso é fruto do trabalho de aprimoramento ao longo das várias encarnações e na vida espiritual.

Anjos da guarda
E os anjos da guarda? De acordo com a doutrina espírita, eles são espíritos que protegem a nós e nossa família, dentro das leis divinas. Mas que espíritos são esses? Por que eles aceitaram essa tarefa?
Quando desencarnamos, nosso corpo físico morre, mas a consciência, o espírito, continua existindo, só que nos planos mais sutis da realidade. Continuamos com os mesmos vícios e virtudes, afetos e desafetos. Apenas mudamos de endereço! Sem o corpo físico, passamos a nos manifestar diretamente através do perispírito ( corpo astral), que é um corpo mais sutil e que tem, normalmente, a mesma aparência do extinto corpo carnal.
Isso significa que, mesmo "mortos", continuamos muito ligados à vida que tínhamos aqui na Terra, vinculados a certas pessoas que "deixamos pra trás", seja por laços de ódio ou de amor.
A maioria dos espíritos recém-desencarnados ainda está muito apegada à família terrena e nem sempre está em condições de auxiliar seus familiares. Muitos sofrem pelo apego aos seus parentes consanguíneos e se negam a deixar o ambiente doméstico. Estes não podem ser considerados como espíritos protetores ou anjos da guarda, mas como espíritos sofredores que necessitam de auxílio e oração.
Em O Livro dos Espíritos, no capítulo III, encontramos a seguinte orientação: "Por ocasião da morte, tudo, a princípio, é confuso. De algum tempo precisa a alma para entrar no conhecimento de si mesma. Ela se acha como que aturdida, no estado de uma pessoa que despertou de profundo sono e procura orienta-se sobre a sua situação. A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam, à medida que se apaga a influência da matéria que ela acaba de abandonar, e à medida que se dissipa a espécie de névoa que lhe obscurece os pensamentos". Portanto, quanto maior for o equilíbrio em que o espírito desencarnado se encontra, maior será sua liberdade de ação.
O anjo da guarda seria um espírito que possui algum tipo de laço afetivo conosco. Esses laços podem ser muito antigos, de encarnações passadas. Conforme a capacidade e disposição que tenha, recebe a missão de nos orientar.
Não é nossa "babá", ou seja, não realiza aquilo que é nossa obrigação, mas pode atuar junto a um espírito protetor familiar que deseja nos ajudar.
Às vezes, quando o espírito que atua como nosso anjo da guarda precisa partir para outras tarefas, outro espírito pode assumir seu posto. Ou seja, o trabalho de proteção espiritual tem um tempo limitado e é mais intenso durante a fase infantil da pessoa encarnada.


Dúvidas mais comuns

Agora, na forma de perguntas e respostas, vou procurar responder de forma simples e resumida, algumas questões. Vamos lá!

A mãe desencarnada seria um tipo de anjo da guarda dos filhos?
Geralmente, o anjo da guarda é um espírito que nos acompanha desde o momento em que nos preparamos para o reencarne. Normalmente, ele assume esta tarefa quando ainda estamos no plano espiritual.
Outro caso, por exemplo, é uma mãe desencarnada, que apresenta um certo equilíbrio espiritual, receber autorização dos espíritos superiores para atuar junto à família terrena nos momentos de maior necessidade. Seria um espírito protetor familiar, com ações mais limitadas.

Por que as crianças são mais sensíveis aos espíritos?
De acordo com o Espiritismo, porque os laços energéticos que unem a alma ao corpo físico vão se fortalecendo à medida que crescemos. Por isso, na fase infantil, mais precisamente até os sete anos de idade, nossa sensibilidade ao plano espiritual é maior.

Por que, à vezes, um espírito move objetos?
De acordo com O Livro dos Médiuns, "(...) as manifestações físicas têm por fim chamar-nos a atenção para alguma coisa e convencer-nos da presença de uma força superior ao homem".
Também existem as manifestações físicas causadas por espíritos obsessores com o intuito de nos prejudicar ou nos amedrontar, mas como toda manifestação física, também são difíceis de acontecer.
O Espiritismos trouxe uma grande contribuição para o nosso entendimento das relações entre os homens e os espíritos e a compreensão de como ocorre a mediunidade e de como percebemos e reagimos às influências dos planos mais sutis da existência pode nos auxiliar em muito no nosso processo de autoconhecimento, ou seja, de evolução.


A seção Grandes temas republica matérias que
tiveram ampla repercussão na época.


Artigo publicado na edição 33.


Anjos da Guarda, espíritos protetores, espíritos familiares...

Há espíritos que se liguem particularmente a um indivíduo para protegê-lo?
Há o irmão espiritual, o que chamais o bom Espírito ou o bom gênio.

Que se deve entender por anjo de guarda ou anjo guardião?

O Espírito protetor, pertencente a uma ordem elevada. 

Qual a missão do Espírito protetor?

A de um pai com relação aos filhos; a de guiar o seu protegido pela senda do bem, auxiliá-lo com seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições, levantar-lhe o ânimo nas provas da vida.

O Espírito protetor se dedica ao indivíduo desde o seu nascimento?

Desde o nascimento até a morte, e muitas vezes o acompanha na vida espírita, depois da morte, e mesmo através de muitas existências corpóreas, que mais não são do que fases curtíssimas da vida do Espírito.

É voluntária ou obrigatória a missão do Espírito protetor?

O Espírito fica obrigado a vos assistir, uma vez que aceitou esse encargo. Cabe-lhe, porém, o direito de escolher seres que lhe sejam simpáticos. Para alguns, é um prazer; para outros, missão ou dever.

Dedicando-se a uma pessoa, renuncia o Espírito a proteger outros indivíduos?

Não; mas protege-os menos exclusivamente.

O Espírito protetor fica fatalmente preso à criatura confiada à sua guarda?

Frequentemente sucede que alguns Espíritos deixam suas posições de protetores para desempenhar diversas missões. Mas, nesse caso, outro os substituem.

Poderá dar-se que o Espírito protetor abandone o seu protegido, por se lhe mostrar este rebelde aos conselhos?
Afasta-se, quando vê que seus conselhos são inúteis e que mais forte é, no seu protegido, a decisão de submeter-se à influência dos Espíritos inferiores.
Mas, não o abandona completamente e sempre se faz ouvir. É então o homem quem tapa os ouvidos. O protetor volta desde que este o chame.
É uma doutrina, esta, dos anjos guardiães, que, pelo seu encanto e doçura, deverá converter os mais incrédulos.
Não vos parece grandemente consoladora a ideia de terdes sempre junto de vós seres que vos são superiores, prontos sempre a vos aconselhar e amparar, a vos ajudar na ascensão da abrupta montanha do bem; mais sinceros e dedicados amigos do que todos os que mais intimamente se vos liguem na Terra? Eles se acham ao vosso lado por ordem de Deus. Foi Deus quem aí os colocou e, aí permanecendo por amor de Deus, desempenham bela, porém penosa missão. Sim, onde quer que estejais, estarão convosco. Nem nos cárceres, nem nos hospitais, nem nos lugares de devassidão, nem na solidão, estais separados desses amigos a quem não podeis ver, mas cujo brando influxo vossa alma sente, ao mesmo tempo que lhes ouve os ponderados conselhos.


O Livro dos Espíritos, capítulo IX.

Allan Kardec