domingo, 20 de setembro de 2015

A influência dos espíritos assediadores


Um espírito pode nos perseguir e prejudicar em busca de vingança, num processo obsessivo complicado que pode durar anos. Mas por que atraímos certas companhias espirituais cujo objetivo é simplesmente nos assediar?

Ao contrário do que muitos pensam, o mundo espiritual não é um mundo à parte, totalmente separado do mundo físico em que vivemos. Na verdade,ele é um mundo sobreposto, um mundo que se apresenta em outro plano de densidade e com o qual temos uma relação constante, próxima e intensa. Um mundo que interpenetra o mundo físico, interage com ele, influencia-o, ao mesmo tempo em que recebe suas influências.
Tudo o que existe no mundo espiritual está numa densidade diferente do mundo físico material dos encarnados; vibra numa frequência diferente e, por isso mesmo, é impossível de ser detectado pelos nossos sentidos físicos, mas não está em outro mundo ou universo.
Todos nós, encarnados e desencarnados, habitamos esse mesmo universo, ocupamos o mesmo "espaço", vivemos o mesmo momento, estamos sujeitos às mesmas leis, etc. O que nos diferencia é o padrão de nossas energias, que varia de acordo com o estado espiritual em que estamos. Encarnados, nosso padrão é mais pesado, mais denso e lento. Desencarnados, atuamos diretamente em um plano mais sutil, mais leve e rápido, que se torna mais e mais sutil, suave e vibrátil à medida que evoluímos espiritualmente.
O mundo espiritual nos rodeia e se mistura a nós e, embora não possa interferir de forma material e direta no mundo físico - a não ser em casos especiais - pode interferir, e muito, de forma energética. Sendo o pensamento energia posta em movimento e numa direção, qualquer criatura que pense estará movimentando energias, ainda que inconscientemente, esteja ela encarnada ou desencarnada.
Se todos nós, encarnados e desencarnados, ocupamos o mesmo "lugar" no universo, estando separados apenas por diferenças de planos, e somos capazes de movimentar energias com o pensamento, fica claro que estamos todos sujeitos às influências mentais uns dos outros.

Interação constante
A energia movimentada pelo pensamento pode alcançar e penetrar quase tudo o que existe no universo, desde que esteja na mesma frequência vibratória, e pode penetrar facilmente o mundo dos encarnados. Assim, todos nós, encarnados, estamos o tempo todo interagindo com os pensamentos dos espíritos desencarnados que nos rodeiam. Muitos podem "ver" nossos pensamentos, conhecer o que sentimos, saber de nossas intenções mais íntimas e secretas, perceber nossos desejos, defeitos, qualidades,etc. E nós percebemos, ainda que de forma indireta e imprecisa, os pensamentos e sentimentos dos desencarnados que nos rodeiam.
Assim, por mais sozinhos que imaginemos estar ou possamos nos sentir, na verdade, nem sempre estamos realmente sós. Podemos estar rodeados de espíritos e pelas energias que esses espíritos movimentam com o pensamento, as quais interagem com as nossas próprias energias mentais.
Mas os espíritos só verão aquilo que lhes interessa e com que se afinizam ou têm alguma sintonia vibratória. Assim, encarnados pessimistas, negativos e tristes terão, ao seu redor, espíritos que se afinizam, pensam e se sentem como eles. Encarnados alegres, otimistas e positivos terão, ao seu redor, espíritos que vibram o mesmo teor e padrão de energias.
Espíritos menos esclarecidos e desorientados só conseguem ver aquilo que lhes interessa e que tem a ver com a sua realidade. Nada mais lhes chama a atenção e nada mais eles podem penetrar, pois o seu padrão vibratório é baixo e lento demais, muito próximo ao dos encarnados, para conseguimos alcançar outros níveis energéticos mais elevados.
Espíritos esclarecidos, porém, podem chegar mais longe, penetrando com mais profundidade as mentes humanas encarnadas, desde que tenham autorização.
Com tamanha interação constante, é óbvio que estamos boa parte do tempo recebendo e aceitando sugestões de espíritos desencarnados. Resta saber que tipo de sugestões estamos acatando.
Como saber que tipo de sugestões temos atraído para nós? Basta que prestemos atenção ao tipo de pensamento atenção ao tipo de pensamento e sentimento que costumamos ter. Se somos pessoas pessimistas e tristes, atrairemos esse tipo de companhia para a nossa vida e, consequentemente, esse tipo de sugestão para a nossa mente. Se somos pessoas otimistas e alegres, atrairemos as companhias que combinam com esse tipo de conduta mental e, consequentemente, também atrairemos seus pensamentos e sugestões mentais.
Não podemos esquecer que, como já enfatizamos anteriormente, somos espíritos encarnados, mas sempre espíritos. Somos espíritos que pensam tanto quanto qualquer outro espírito desencarnado e, portanto, nossos pensamentos também povoam o universo espiritual que nos rodeia, podendo ser reconhecido por aqueles, encarnados e desencarnados, que se afinizam com eles.
Como, então, diferenciar os nossos pensamentos daqueles que nos são sugeridos? Os nossos pensamentos são os que nos surgem primeiro, quase por impulso, sem que seja necessário raciocinar ou pensar mais logicamente para que eles surjam.
Geralmente, os pensamentos que nos são sugeridos surgem de forma mais elaborada, como se estivéssemos conversando mentalmente conosco mesmo, como se estivéssemos levantando pontos de contraposição ao nosso pensamento original, como se tivéssemos uma segunda voz falando em nossa mente. Claro que nem todo processo de diálogo interno é sinal de que estamos em sintonia com algum espírito desencarnado. Com o tempo e o autoconhecimento, vamos aprendendo a discernir.
É importante que notemos que estamos rodeados tanto de espíritos bons como de espíritos ruins, que todos pensam e movimentam suas energias, que todos interagem com o mundo corpóreo, que todos podem influenciar os encarnados mais ou menos diretamente. No entanto, não podemos esquecer que o que determina que espíritos atraímos para perto de nós é a qualidade dos nossos próprios pensamentos. Se nossos pensamentos forem para o bem, mesmo que erremos, estaremos atraindo espíritos de bem que tentarão nos ajudar a errar menos, porque a nossa intenção é a melhor possível.
Se, no entanto, tivermos intenções ruins, ainda que por fora demonstremos bondade, nosso íntimo estará exposto ao plano espiritual e nossas intenções serão conhecidas dos desencarnados, sendo que atrairemos para nós aqueles que pensam como nós, que têm sentimentos e pensamentos íntimos idênticos aos nossos, ainda que o nosso exterior seja completamente diferente deles.
Assim, vemos que podemos, teoricamente, nos esconder dos encarnados, mas jamais podemos nos esconder completamente dos desencarnados. Nossas energias nos denunciam a cada pensamento que emitimos, a cada sentimento que geramos. Nossas energias são a nossa identificação espiritual e nada pode camuflá-las.
Os espíritos inferiores nos tentam induzir ao mal por vários motivos, como inveja, ciúmes, ignorância, maldade, ódio, vingança, despeito, leviandade, etc. E Deus permite que eles façam isso para que nós possamos praticar a nossa força de vontade e a nossa capacidade de discernimento, aprendendo a escolher o que é certo e melhor. 
Em nenhum momento, no entanto, estamos completamente à mercê só de espíritos inferiores. Deus também coloca ao nosso lado espíritos de luz para que também possamos receber as influências do bem. Sob ambas as influências, no entanto, caberá somente a nós escolher qual queremos seguir. A partir dessa escolha é que estaremos intensificado a atuação desses espíritos à nossa volta, e também abandonando, nos afastando da influência oposta.
Quando nos colocamos voluntariamente ao lado dos espíritos de luz, escolhemos vibrar no bem e, automaticamente, saímos da frequência daqueles que nos tentam fazer vibrar no mal, escolher o erro. Saindo de sua frequência, vai ficando cada vez mais difícil para eles nos alcançarem e conseguirem nos influenciar até que, com o tempo e a frustação, eles se casam e desistem de nos tentar fazer errar.
Nesse caso, duas coisas são possíveis. Ou eles simplesmente se afastam, procurando um outro alvo mais fácil, vulnerável e obediente à sua influência negativa, ou eles também se modificam aos poucos, mudando sua maneira de pensar, seus interesses, seus objetivos, etc., passando de inimigos ou antagonistas para amigos e colaboradores.
No segundo caso, caberá a nós, além do mérito pela vitória contra o mal que havia em nós, o mérito por ter conseguido ajudar alguém mais a crescer, se esclarecer e evoluir. Com certeza, mais um amigo que teremos trazido para o nosso lado e com quem podemos sempre contar nos momentos em que precisamos de ajuda. 
É importante salientar que, muitas vezes, um tratamento de desobsessão pode ser recomendável, mas o fundamental é o autoconhecimento e a reforma íntima.

Sintonia espiritual
Obsessão, assédio, encosto, mau-olhado, quebranto, ou seja lá qual for o nome que se queira dar, é, acima de tudo, uma questão de atitude pessoal nossa. Somos nós que abrimos a nossa frequência para que entidades perturbadas, com ou sem ligações conosco, se aproximem e nos causem pertubações.
Claro que um espírito pode nos perseguir e prejudicar em busca de vingança, num processo obsessivo complicado que pode durar anos. Mas e na maioria dos casos? Por que atraímos certas companhias espirituais cujo objetivo é simplesmente nos assediar? 
No universo, tudo é uma questão de sintonia. Os semelhantes se atraem e, quando entram em ressonância uns com os outros, intensificando também seus efeitos e suas qyualidades, boas ou más.
Isso não quer dizer que todos nós sejamos pessoas perturbadas e que, por isso, atraiamos só entidades perturbadas. Mas que, como todo mundo, cada um de nós passa por pertubação no seu dia a dia, as quais podem durar mais ou menos tempo, dependendo da gravidade da situação, da própria força para encarar e superar as contrariedades, do ambiente em que estamos ou que normalmente "frequentamos" no nosso dia  a dia, etc.
Na maioria das vezes, não temos qualquer obsessor ou perseguidor de outras vidas ou de outras situções, mas nos permitimos ficar mais tempo remoendo uma determinada mágoa ou raiva, nos permitimos ficar mais tempo visualizando uma discussão ou uma briga, nos permitimos ficar deprimidos ou aborrecidos por mais tempo e alimentamos as formas fluídicas destas situações que ficam circulando ao nosso redor. Com isso, desarmonizamos nossa aura e, consequentemente, nos sintonizamos com as mentes que estão na mesma faixa vibratória. 
As entidades mais perturbadas, sofredoras, ignorantes espirituais, etc.não têm nada contra nós, mas simpatizam-se conosco simplesmente porque encontram "eco" em nós para os seus pensamentos e sentimentos.
É exatamente como nós, encarnados: procuramos a companhia das pessoas que nos são mais afins, que combinam mais conosco, que pensam mais ou menos como a gente. 
Da mesma forma, essas entidades ficam conosco simplesmente porque se sentem bem ao nosso lado, mais nada. Então, como elas gostam do que sentem, ajudam, inconscientemente, a alimentar esse quadro para mantê-lo enquanto puderem.

Obsediado ou obsessor?
Como estamos vulneráveis a essas sugestões, também intensificamos esse padrão. E, se não tomamos cuidado, rapidinho isso vira um assédio mais complicado ou mesmo uma obsessão, que começou apenas porque resolvemos dar guarida a pensamentos e sentimento menos felizes que nós mesmos criamos e com os quais atraímos esses espíritos desavisados para nós. E aí, muitas vezes, não somos responsáveis só por nós mesmos, mas também um pouco responsáveis por eles, que foram "fisgados" pelos nossos pensamentos e sentimentos, sem saberem ondem estavam entrando. Alguém já parou para pensar que somos nós que podemos estar perturbado esses espíritos mais do que eles a nós? Quem então seria o assediador ou o obsessor?
Mesmo que essas entidades sejam nossos "personal obsessors", ou seja, mesmo que tenhamos com eles dívidas ou compromissos passados de outras vidas ou de outras situações desta vida mesmo, é sempre a nossa atitude íntima que vai determinar se a sua influência vai ser mais profunda ou não, mais demorada ou não, mais extensa ou não, mais prejudicial ou não.
Existem, sim, muitos espíritos cruéis, oportunistas, frios, calculistas - exatamente como aqui no mundo físico, entre os encarnados -, mas o grau de influência deles sobre nós sempre vai depender do nosso próprio grau de luz, amor e serenidade interior! Eles não têm mais poder do que nós. O poder é igual para todos, ou seja, temos tanto poder quanto eles.
Então, seja em que situação for, o melhor é sempre manter a "mente limpa, a espinha ereta e o coração tranquilo" (acho que o verso é mais ou menos assim), para que, com vibrações mais saudáveis, mais luminosas e mais suaves, nós possamos transformar até aquele obsessor mais duro e cruel em amigo.Na pior das hipóteses, mesmo que ele não vire nosso amigo, vai desistir da perseguição, pois vai se cansar de tentar nos desequilibrar sem sucesso e vai procurar outra "vítima".

Afastar sem resolver
O problema é que, muitas vezes, queremos simplesmente afastar os assediadores e/ou obsessores, sem nos preocuparmos realmente com eles. Ou seja, tomamos uma atitude egoísta do tipo "eu quero mais é ficar livre deles e que eles se danem".
Só que isso não resolve o problema. Primeiro porque, na verdade, não estamos sendo nada caridosos ou bondosos. Muito pelo contrário: nós os estamos tratando como nosso inimigos e, portanto, reforçando os sentimentos deles para conosco. Segundo porque, se eles não melhoram intimamente, poderão voltar amanhã ou depois, assim que tivermos qualquer fraqueza ou abrirmos qualquer brecha vibratória.
Infelizmente, toda uma "tradição" de espíritas equivocados foi criada em relação às obsessões e assédios, fazendo parecer que os desencarnados que obsidiam e perturbam encarnados são sempre os carrascos, criminosos espirituais merecedores da nossa fúria e da frieza, como se os encarnados fossem sempre pobres vítimas sofredoras.
Só que, na minha opinião, isso não está muito certo. Ainda mais se considerarmos que, em grande parte dos casos, eles são mais vítimas do que provocadores da situação.
Assim, sugiro que, acima de tudo, todos os lugares em todos os momentos de nossa vida,inclusive dormindo. Que mantenhamos sempre pensamentos positivos, otimistas, saudáveis, amorosos e respeitosos em relação às outras pessoas, estejam elas encarnadas ou desencarnadas. Que sejamos sempre alegres, sorridentes, atenciosos, compreensivos, sem sermos submissos, passivos ou medrosos. Com isso, estaremos garantindo que os nossos possíveis obsessores pensem duas vezes antes de quererem nos atacar ou perturbar.
Além disso, claro, as preces, orações, vibrações de amor, direcionadas a Deus ou ao ser supremo do universo, são, sim, excelentes, desde que sejam sinceras e profundas, emitidas com as melhores das intenções, inclusive por aqueles que supostamente nos perseguem.

Possessão e Subjugação
Kardec, em O Livro dos Médiuns, fala sobre subjugação. Vejamos um trecho:
"240. A subjugação é uma constrição que paralisa a vontade daquele que a sofre e o faz agir a seu mau grado. Numa palavra: o paciente fica sob um verdadeiro jugo.
A subjugação pode ser moral ou corporal. No primeiro caso, o subjugado é contrangido a tomar resoluções muitas vezes absurdas e comprometedoras que, por uma espécie de ilusão, ele julga sensatas: é uma como fascinação
No segundo caso, o Espírito atua sobre os órgãos materiais e provoca movimentos involuntários.(...)
241. Dava-se outrora o nome de possessão ao império exercido por maus Espíritos, quando a influência deles ia até à aberração das faculdades da vítima. A possessão seria, para nós, sinônimo da subjugação."
A possessão propriamente dita não existe, já que não é possível a um espírito desencarnado entrar no corpo de um espírito encarnado, do qual só se desligará no momento de sua morte.
Mas quando a influência espiritual é muito intensa e profunda, temos o que os meios religiosos convencionaram chamar de possessão, ou seja, a pessoa encarnada perde a capacidade de comandar seu próprio corpo, ficando à mercê das sugestões mentais e domínio energético do espírito que a persegue.
Muitas vezes, essa influência é tão profunda que se torna difícil separar uma consciência da outra, tamanha é a inter-relação entre as duas. É como se a mente subjugada ficasse totalmente dependente da mente externa que a subjuga, sendo incapaz de pensar por si mesma.
No entanto, um processo desses nunca é desencadeado sem que a "vítima" esteja conivente de alguma forma, sem que tenha dado alguma oportunidade para que o processo se iniciasse e se aprofundasse.
Desse modo, o processo só poderá ser desfeito na medida em que a própria "vítima" mude interiormente, modificando suas atitudes mentais e seus sentimentos, de modo que o perseguidor não encontre mais onde se apegar para continuar seu trabalho de possessão e desestruturação emocional da "vítima".

                                                       Maísa Intelisano é psicoterapeuta transpessoal,

com atendimento em consultório e 
cursos na área de espiritualidade e
mediunidade em São Paulo.