segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Oração do Trabalhador

Ó, Senhor dirigente da luz, guia os meus passos nas travessias nebulosas.
Toca o coração daquelas pessoas difíceis,
que por nada ficam nervosas.
Transforma a minha convivência com
as diferenças em relações afetuosas.
Que a minha jornada diária seja compartilhada só com pessoas amorosas.
Ó, Senhor quebra as amarras que me
impedem de avançar
Que as melhores oportunidades venham
ao meu encontro, me dizendo sim.
Abra as portas do crescimento para que eu
possa atravessar;
E que eu esteja preparado para reconhecer o
que é melhor para mim
Ó, Força Condutora, transforma as minhas
ações em bem-estar e realização.
Que eu tenha paciência e maturidade para
conviver com o ritmo dos outros.
Que o meu olhar esteja mais focado nas
qualidades do que na imperfeição.
E que as pessoas da minha convivência
estejam curadas de seus desgostos.
Senhor transforma em riqueza e felicidade a vida
daqueles
que me oferecem as oportunidades de
crescimento;
E que todos reconheçam a minha dedicação;
E me paguem o que eu mereço pelo meu talento.
Senhor, afaste de mim a inveja e acolhe a minha
alma em teu abrigo;
Retira da minha jornada o medo, o desânimo e a
sombra da insegurança;
Coloca-me acima da fraqueza, e isola a força
negativa dos inimigos.
E que por onde eu passar, seja semeando o amor, a
luz e a esperança.
Ó, Força do bem, toca os meus sonhos com a luz
da tua presença.
Preenche-me com a tua paz e felicidade através
da consciência.
Inspira-me a expressar no meu trabalho o melhor
de minha essência.
E que o fruto do meu esforço me leve ao
caminho da recompensa.


Por Evaldo Ribeiro

sábado, 25 de dezembro de 2010

Quem somos nós?




Só venceremos a
ignorância do mundo
quando vencermos essa escuridão...dentro de nós mesmos
                



Por Evaldo Ribeiro
Quando nascemos, logo somos acolhidos, amparados, bem cuidados, amados e aceitos do jeito que a vida nos concebeu. Mas, já chegamos nessa nova realidade esquecidos das nossas raízes antepassadas, de onde viemos atravessando em evolução. É como se estivéssemos voltando de uma longa viagem e desembarcando no aeroporto da vida, para um recomeço entre pessoas muito queridas de outros tempos.
E nesse emocionante reencontro, logo sentimos uma energia muito positiva vibrando no calor do abraço dessas pessoas que nos acolhem, comemorando afetivamente a nossa chegada.
Todos ao nosso redor demonstram boa vontade, disposição em nos ouvir e, principalmente, interesse em nos oferecer uma condição favorável para que possamos ter uma vida feliz. Nada é mais seguro para nós que o olhar iluminado daquela mulher que aceitou usar o seu corpo como veículo celeste para transportar o nosso espírito de outras moradas até o plano terrestre e, mesmo com a sua aparência modificada pelo processo da gestação, ao nos dar a luz ela sente-se premiada, preenchida e realizada com o resultado que a chegada de um filho representa... a sua própria continuação.
Ela se comove quando tem a oportunidade de nos tocar e sentir a energia da nossa presença pela primeira vez em seus braços.
Quando sentimos algum desconforto, basta chorar e ela logo entende o que estamos dizendo e o devido cuidado imediatamente é tomado, porque o bem-estar de um bebê torna-se a prioridade de uma família unida pelo amor.
Quando começamos a nos comunicar, cada gesto nosso é comemorado, aplaudido e reconhecido como algo muito esperado pela nossa torcida familiar.
Entendendo como as relações humanas funcionam, tomamos confiança e estabelecemos um vínculo afetivo com aqueles que estão mais presentes em nossa vida diariamente.
As primeiras palavras que pronunciamos não são bem claras. Mas, todos querem participar desse momento único conosco. Mesmo quando nós falamos de forma errada, todos entendem e se divertem e aceitam isso sem nos repreender pela nossa falha. Isso nos encoraja e nos faz acreditar que somos seres muito especiais.
Ainda cedo, descobrimos que aqueles adultos fortes que demonstram tanta superioridade diante da nossa fragilidade, na verdade, não são tudo aquilo que eles aparentam. Começamos a assimilar que essas pessoas podem ser manipuladas psicologicamente por nós e, assim, criamos os jogos emocionais, onde passamos a exercer poder sobre essas pessoas e, do alto de sua suposta maturidade, os adultos começam a reconhecer em nós o seu próprio passado em nosso comportamento imaturo.

Nossa infância
Atravessamos a fase da dependência e começamos a caminhar com as nossas próprias pernas... E, justamente quando nós descobrimos que somos livres, as pessoas que a nossa inocência enxergava como protetoras, agora começam  a se revelar e a impor regras para nós.
Ah, como isso dói profundamente em nosso ser.
A técnica das chantagens emocionais que nós usávamos para chamar a atenção já não funciona mais. E quando insistimos em obter aquilo que desejamos, através daquele velho apelo de vítima, as coisas sempre terminam em palmadas.
Não entendemos mais como devemos interagir com os adultos, porque antes eles nos diziam sim, para tudo. Mas, agora nos dizem não para qualquer coisa que desejamos. E em nossa cabeça fica uma pergunta dramática, repetida: por que eles não me amam mais como antes? Sem uma resposta concreta, o nosso castelo de ilusões desmorona, e assim temos que encarnar a nova realidade e crescer com os desafios.
Logo tomamos outro choque, quando descobrimos que aquele velhinho barbudo que vem presentear as crianças bem comportadas na noite de natal, na verdade, não é Papai Noel coisa alguma, e sim, aquele tio chato que nós odiamos.
Nos sentimos traídos por todos que fizeram parte dessa caminhada rumo à ilusão e passamos a ter raiva do passado e das pessoas que nos fizeram acreditar em coisas que não são reais e, com isso, perdemos a confiança nas pessoas e não queremos mais fazer nada sem antes ter a certeza de que não seremos enganados novamente.

Contato com a perda
Entramos em um estado de angústia e medo da vida, e cada sorriso que recebemos nos faz lembrar que os adultos, com o tempo, são adulterados e deixam de ser dignos de confiança. Porque não agem mais com a verdade como no tempo de criança. A vida começa a perder a graça quando, ainda pequeno, recebemos a notícia de que alguém muito querido partiu dessa para a outra morada - sem pelo menos nos dizer quando vai voltar. Evitando nos traumatizar, as pessoas nos dizem que o familiar falecido, na verdade, foi morar com o Papai do Céu. Porém, essa explicação não convence muito, pois, afinal, fomos ensinados que as pessoas que se amam de verdade, para onde vão, sempre levam consigo quem elas mais amam. Tomados pela dor da perda e o sentimento de abandono que é deixado pelo silêncio da morte, não compreendemos como é que uma pessoas amada se muda para um lugar tão longe como é o céu sem, pelo menos, se despedir de nós antes de partir. As dúvidas enchem a nossa cabeça de indagações, nos assombrando e, assim, passamos a procurar respostas para tudo que nos perturba.
Porém, alguns adultos continuam mentindo e nos levando cada vez mais para dentro de um mundo ilusório e fantasioso. Decepcionados com os outros, nos fechamos e só queremos saber quem somos nós e de onde viemos; porque nascer, envelhecer, e morrer, se despedindo de quem nós tanto amamos, de uma forma tão dolorida?
E, para onde nós vamos embarcar, quando a morte chegar para nos levar?
Será que vamos nos reencontrar com aquelas pessoas queridas que nos deixaram e nunca mandaram notícia? Será que elas vão nos reconhecer e correr ao nosso encontro quando chegarmos ao outro lado da vida, para, de uma vez por todas, calar essa voz da saudade que grita dentro de nós? Sem conexão com a outra realidade da vida, somos obrigados a conviver com a incerteza até chegar o nosso momento de regressar.

Revolução 
Entramos na fase da adolescência e a nossa cabeça começa a criar solução para tudo, e é nesse momento que a nossa personalidade é formada e no qual achamos que o mundo só ficará interessante se embarcar em nossas ideias revolucionárias.
Queremos transformar o jeito de pensar dos nossos pais, porque achamos que a experiência dos mais velhos está sempre ultrapassada e que só uma coisa está certa nessa sociedade: a nossa vontade. Queremos ensinar aos nossos professores a ver aquilo que eles tentam nos ensinar por uma visão mais atualizada. Porque nos imaginamos sendo espíritos avançados e enviados pela Inteligência Superior para provocar a transformação nesse mundo de atrasados e adormecidos de consciência.
Conquistamos a juventude e nessa fase queremos viver tudo agora e sem responsabilidade com o amanhã. Dominados pelos hormônios, agimos sem pensar nas consequências das nossas ações... Somos advertidos e, às vezes, até punidos rigorosamente.
Sentindo o efeito das nossas atitudes na própria pele, logo entendemos que as coisas não funcionam apenas do nosso jeito e que a nossa razão se perde quando desrespeitamos o direito de igualdade dos outros. Atingimos a maturidade biológica e novamente somos convidados a nos enquadrar nas regras da sociedade. Alguns persistem em não crescer e continuam agindo pelo impulso, mas, pagam um preço muito alto para corrigir a sua imaturidade, e muitos até perdem a sua liberdade social.
Outros, logo enxergam que só quem age dentro das normas pode seguir a sua caminhada sem conforto com as leis. Finalmente, chega à velhice, cansada de tanto bater contra o muro e marcada pelas cicatrizes dos seus próprios passos errados. Porém, agora carregada de experiência, plena de maturidade e conselheira dos jovens.
Já não temos mais vontade de aventura e condenamos a pressa daqueles que, assim como nós, nos tempos de rédeas curtas, avançam nos prazeres da vida antes da hora.
Mesmo sem enxergar direito, agora achamos que tudo é imoral e que o tempo perfeito se foi quando a nossa aparência ainda era jovial.
Passamos a desaprovar o comportamento da juventude atual.
Onde vemos qualquer gesto de carinho como pouca vergonha, falta de respeito e a decadência dos bons modos.

Tudo é crescimento
Quando regressamos para a outra morada, levamos conosco a certeza de que não resta outra saída na vida, a não ser crescer.
Reconhecemos, então, que para concretizarmos as grandes transformações que tanto desejamos, devemos começar partindo do mais íntimo de nós, confiando no prosseguir evolutivo da vida, que só promove esse crescimento quando entendemos que, fazendo a  parte que nos cabe, tudo se ajusta para nos fazer chegar ao mais alto nível de consciência.
Onde o clarão da sabedoria abre a nossa visão para nos proporcionar a revelação daquilo que mais buscamos... a luz. Olhando para os vícios e recaídas dos outros, chegamos à conclusão de que ninguém muda, mesmo por alguém.
E que a boa convivência com as diferenças nos leve a consciência de que só venceremos a ignorância do mundo quando vencermos essa escuridão...dentro de nós mesmos.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Natal. Tempo de esperança


Ah, Natal, festa de sentimentos tão contraditórios!...
Doce melancolia enche meu coração, quando vejo as luzes, os enfeites, a correria, a impaciência, a sofreguidão aquisitiva. Creio que o doce Rabi não nos pediu isto, que deslustra sua festa que deveria ser, sim, de tolerância, inclusão e solidariedade.
A proximidade do final de ano convida-nos à reflexão, a pensarmos em nossas vidas, no ano que transcorreu. Que sonhos conseguimos realizar, que sonhos naufragaram no mar tempestuoso do imponderável, daquilo que nos fugiu controle?
Terá valido à pena pagar o preço material, emocional e espiritual, para a aquisição de mais itens do nosso sonho de consumo?
Às vezes, depois da aquisição, sobrevêm o vazio e a decepção. O objeto nem nos preencheu, nem trouxe aquela alegria que esperávamos de nossa família e nem, muitas vezes, o reconhecimento que desejaríamos.

Começando pelo perdão
Neste inevitável balanço de final de ano, sobra o gosto meio amargo do infortúnio, misturado ao clima festivo do derredor.
Quantos sentimentos misturados!
Aquele amigo desertou em hora crítica, provocando-nos decepção e abandono. Aquele outro familiar fraudou-nos a confiança, enquanto o filho tão querido jogou-nos ao rosto incompreensão e crueldade.
O momento é oportuno, por outro lado, para reconhecermos a condição humana de todos eles, que carregam, como nós mesmos, luz e sombra dentro de si. Nesta hora de balanço cabenos zerar os débitos alheios e multiplicar os seus créditos, num esforço de aceitação e complacência para com as humanas imperfeições. Acaso não fomos também, por nossa vez, geradores de decepções e desilusões?
A hora é de perdão e reconciliação, fraternidade e aceitação.
Libertemo-nos da tormenta do ressentimento e da amargura. De coração leve e limpo, poderemos, em paz, desfrutar das suaves claridades do Natal de Jesus e das doces esperanças de dias melhores no Ano Novo.
Os tempos do advento, que antecedem as festividades natalinas e de passagem de ano, provocam, na maioria da população, segundo as pesquisas, acréscimos ao estresse e sentimentos de solidão. O próprio clima festivo e a veiculação pela mídia de quadros de famílias perfeitas e felizes constratam com a realidade de muitos, que se apercebem de suas vidas medíocres, de sua falta de esperança e penosa solidão, de sua pobreza de amigos e de entes queridos. São nestes momentos que algumas pessoas, já mentalmente doentes sem se darem conta, sentem-se tentadas ao suicídio, como mostram as estatísticas destas tristes ocorrências, nesta época do ano.
Se você está se sentindo assim, caro amigo, é hora de reagir energicamente. Não há sofrimento íntimo, por mais avassalador, que não seja passível de ser tratado e curado. É preciso ter esperança, buscar ajuda médica e espiritual, se você esposa alguma fé.
Os jovens ficam especialmente vulneráveis quando experienciam a perda de um grande amor, e tendem a se sentir irremediavelmente sós, com insuportável e desesperadora solidão. A eles diríamos que o mundo é vasto e que não somos a metade perdida de uma laranja aguardando a outra metade.
Somos seres completos, e mais cedo do que imaginaríamos, encontraremos outro ser afim que contemplará as nossas carências.

Em busca da luz
Multiplicamos as luzes no Natal e Ano Novo, em todas as decorações, como representações simbólicas de nossa eterna busca de Luz. Como buscadores desta Luz, urge, agora, renovarmos nossas vidas com novos valores, aqueles substanciais e eternos, à base de sentimentos de amor e fraternidade, verdadeiramente enriquecedores do espírito; também com novos paradigmas filosóficos e espirituais, aqueles que nos consolam e explicam o porquê da vida, por que estamos aqui, para onde vamos.
É tempo de acolher Jesus em nossas almas, que como o sol resplendente que afasta as trevas, trará a aurora risonha, com a promessa de novos dias de paz, abundância, esperança e felicidade.

A hora é de perdão e
reconciliação,  fraternidade e
aceitação. Libertemo-nos da
tormenta do ressentimento e
da amargura

Por Luiz Antônio de Paiva








segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Desobsessão: A terapêutica do amor


O enfermo espiritual conduz chagas profundas, que exigem um tratamento cuidadoso, por serem de natureza moral

Por Divaldo Pereira Franco

Em todo o processo de obsessão, defrontamos-nos com um desafio moral que se prolonga em razão da agressividade dos litigantes, que, por estarem renitentes no ódio, preferem o combate inglório do que as bênçãos de renovação e paz. Como consequência, os implicados no conflito se encontram enfermos da alma, necessitando de uma terapia adequada. E somente o amor é capaz de conseguir a cura. 
Evidentemente, a lógica e a razão devem ser convocadas para o esclarecimento tanto daquele que se faz algoz como daquele que se apresenta como vítima. Na verdade, o aparente algoz de hoje é a vítima de ontem. Ignorando a sabedoria das leis divinas e movido por pura loucura, ele resolve tomar a clava da justiça em suas mãos a fim de aplicar o desforço, quando a consciência cósmica possui recurso hábeis para regularizar todas as ocorrências pertubadoras, matendo o equílibrio e a harmonia geral.
Quando há a consciência de culpa no indivíduo, seja ela lúcida ou adormecida na alma, surge uma matriz propiciadora para que se instale uma alienação obsessiva, convertida em uma verdadeira tomada na qual se fixa o plug psíquico do ser que se sentiu defraudado, traído, vitimado pela perversidade ou indiferença de quem se converteu em verdugo para si.
Através de um mecanismo sutil de afinidade, em virtude do perseguidor e do perseguido vibrarem na mesma faixa psíquica (ódio, ciúme, paixão dissolvente, sexo desvairado ou vícios de qualquer natureza), a obsessão se instala mediante a vinculação das descargas de animosidade do desencarnado sobre o encarnado, quando se trata desse tipo de perturbação. Mesmo nos casos em que ocorrem os fenômenos hostis de desencarnado contra desencarnado ou de encarnado para com desencarnado, sempre há um traço de profunda afinidade ou identidade de sentimentos entre os envolvidos no infeliz problema.
Com bastante propriedade, Allan Kardec estabeleceu que, entre os recursos terapêuticos para desobsessão, predomina a paciência, considerando-se que os espíritos rebeldes e cruéis são intempestivos, recalcitrantes e sem capacidade de suportar uma ação positiva constante, carregada de amor e verdadeiro desejo de auxílio.

Recursos terapêuticos

O processo obsessivo pode ter início antes mesmo da reencarnação do paciente, quando se trata de necessidade expiatória. Nos casos de provação, quando a reparação dos males causados para aquele que hoje se converte em perseguidor se faz imprescindível, o mecanismo de instalação do quadro é lento e bem urdido, gerando varias consequências, inclusive afetando o organismo físico. Desse modo, a terapia propiciatória à  saúde se faz muito complexa, exigindo os valiosos recursos do amor e da perseverança daquele que se propõe a esse intento.
Ao mesmo tempo, o terapeuta que se dedica ao ministério da desobsessão deve possuir os recursos hábeis para o bom desempenho da tarefa que pretende executar. Inicialmente, deve ter uma conduta moral e social saudável, perfeitamente compatível com os códigos do verdadeiro espírita, que equivalente a ser um verdadeiro cristão. Ao lado deste indispensável requisito, torna-se de grande valia o conhecimento da doutrina espírita e , por extensão, das técnicas utilizadas pelos espíritos vingadores, perturbadores e enfermos que se dedicam a esta cruel cobrança por intermédio das obsessões. Também é imprescindível ao terapeuta estar sob a orientação de seu guia espiritual ou do núcleo no qual se realizam as reuniões especializadas para tal cometimento. 
O trato com os desencarnados em sofrimento (e todo perseguidor é profundamente infeliz, pois se encontra inimizado consigo próprio) deve sempre se revestir de muita gravidade, respeito e amor. As palavras que lhe serão dirigidas devem estar carregadas emocionalmente de sentimentos nobres, de tal forma que resistam à observação dos mesmos, suas contestações e reações expressas de várias maneiras.
O enfermo espiritual conduz chagas profundas, que exigem um tratamento cuidadoso, por serem de natureza moral e estarem fixadas no cerne do perispírito.
Seu tratamento terá que se dar do interior para o exterior, mediante a renovação do próprio paciente, quando se resolve pela mudança de atitude mental e a consequente transformação moral para melhor. Por isso mesmo, a conduta do terapeuta com ele deve se caracterizar pela doação de energias psíquicas e irradiações  afetuosas que consigam lhe alterar o campo vibratório, pelo qual passará a captar outras e diferentes ondas mentais, enriquecendo-se de equilíbrio e renovação.
Portanto, não se deve tentar nenhuma violência em atividades desobsessivas, compreendendo-se que não é apenas o encarnado que está doente e deve receber cuidados, mas principalmente aquele que vem sofrendo ao longo dos anos sem compreender a realidade da vida nem alterar o comportamento para que, no mínimo, possa luzir a paz. No entanto, essa conduta não dispensa a energia que se faz essencial, se muito bem dosada, em certos momentos, de forma que os valores íntimos do terapeuta sejam colocados em teste.

Esforço moral

Recordemos a conduta que manteve Jesus, o Sublime Terapeuta, quando dialogava com o espírito imundo que atazanava o jovem epiléptico, cujo pai lhe pediu socorro ao descer do Tabor, o mesmo ocorrendo com a legião que obsediava o atormentado de Gadara. Conhecendo as causas anteriores que geraram as aflições agora apresentadas em forma de obsessão, o amigo por excelência sabia que os débitos de ambos os incursos na lei já estavam liberados pelo sofrimento que experimentaram, estando, portanto, em condições de recuperarem a saúde. Não obstante, sempre que era convocado para atender aflições humanas de qualquer natureza, Jesus solicitava ao recém-liberado que não voltasse a pecar, ou seja, que se comprometesse com o mal, a fim de que algo pior não lhe acontecesse.
Por outro lado, torna-se impostergável o esforço do paciente encarnado em favor de sua própria recuperação moral, trabalhando para se libertar das imperfeições que afeiam o caráter e abrem espaço para a instalação de plugs propiciadores de obsessões.

Casos de reincidência

É compreensível que episódios de recidiva ocorram durante o tratamento, graças ao ressentimento do encarnado e o recrutamento da perturbação. Porém, isso não significa uma falência dos métodos aplicados, mas uma convocação a todos que se encontram neles implicados no sentido de permanecerem unidos e perseverantes. Tal situação acontece porque graves problemas mal administrados e com uma vigência demorada não podem ser erradicados de um momento para o outro, propondo largos investimentos de amor e compaixão.
À semelhança de uma terapia aplicada em um problema psiquiátrico ou psicológico convencional, cujos resultados nem sempre são os anelados, distúrbios de dois pacientes que se interdependem pelos conflitos que os estiolam são defrontados diante das obsessões. Em outras situações, o paciente vitimado pela obsessão se torna responsável pelo prolongamento do drama, por causa das dificuldades que enfrenta  no trabalho de autoburilamento moral, quando se revelam sentimentos de mégoas e amarguras em relação  ao ser que o infelicita, aprisionando mentalmente o adversário que já se encontra em período de transformação interior. Quando ocorre este fenômeno, a recidiva é inevitável, tornando-se um desafio para o terapeuta. Terá de usar argumentos muito claros e enérgicos, para que o paciente encarnado resolva mudar o comportamento e se tornar um trabalhador do bem comum.
Nas obsessões intermitentes, nas quais a cura não se faz em razão da fragilidade moral da criatura que padece pela injunção, estas se repetem com frequência até se tornarem irreversível, quando a problemática é transferida para além do portal de cinzas, representando uma grande falência do ser que não soube aproveitar a oportunidade para a reparação dos gravames antes perpetrados. O infeliz comportamento poderá dar margem para futuras reencarnações em circunstâncias das quais não poderá se furtar.
A vida cobra seus infratores sempre com misericórdia, oferecendo recursos para tornar o regate menos aflitivo, cabendo ao devedor apressar o momento de sua libertação. Se não acontece desta forma, é porque ele próprio se aprisiona nas correntes construtora do desespero, o qual passará a experimentar em situação muito mais penosa. Assim, só existe obsessão porque permanecem endividados aqueles que se recusam ao ressarcimento através do amor (obras meritórias, de auto edificação, de compaixão e de embelezamento do mundo), sendo convocados para o reequilíbrio das leis divinas, que agora se apresentam como sofrimento, já que a dor não é de Deus. Isso é resultado da ignorância e da revolta do ser humano, que o elaborou como metodologia para encontrar a felicidade.

A importância do amor

A obsessão é um mal que assola como verdadeira epidemia, exigindo o contributo do amor tanto nos dias de hoje como em todos os tempos. Sua erradicação somente se dará quando o espírito humano resolver mudar seu comportamento em relação a Deus, ao seu próximo e a si mesmo.
Nessa paisagem de obsessões que se generalizam, há algumas cujas raízes estão profundamente fixadas nos perispírito do encarnado. Para trata-lá, são necessários e mesmo indispensáveis os conhecimentos de técnicos espirituais que realizam cirurgias profundas no paciente, onde estão as matrizes, para libertar o vampirizador desencarnado. Então, esta passará a receber assistência competente ao mesmo tempo em que o enfermo encarnado contribuirá com seu esforço de melhoramento interior, ajudando aquele a quem muito prejudicou. Em alguns casos, apenas com a reencarnação do inclemente perseguidor na condição de filho, irmão ou familiar muito próximo, no intuito de uma convivência dos dois desafetos, é que se torna possível ao amor, em longo trabalho, limar as arestas da animosidade e proporcionar a regularização do delito.
A desobsessão é a saudável terapia espírita capaz de modificar as paisagens atuais da Terra, afligida por verdadeiras hordas de espíritos em desalinho com os quais as criaturas humanas se sintonizam. Porém, isso não se dá exclusivamente durante os trabalhos especializados, mas também nas conversas edificantes, leituras enobrecedoras, espetáculos artísticos com mensagens elevadas, espairecimentos renovadores e conferências instrutivas, aquelas que trazem os esclarecimentos espirituais a respeito do ser, da finalidade de sua existência na Terra, de como administrar os desafios, das atividades que podem ser realizadas em favor do mundo melhor.
A "evangelhoterapia" é o precioso recurso que todos podem utilizar para que a saúde, em seus vários aspectos, predomine entre os indivíduos encarnados, dando margem para que manifestação da Nova Era que desejamos, cuja instalação em nosso planeta se avizinha, ocorra nos corações e nas mentes.